Sinopse: Depois da Guerra de Esporos
que exterminou todas as pessoas entre 20 e 60 anos, Callie se tornou uma starter. Ela sobrevive nas ruas lutando
contra rebeldes e se escondendo dos inspetores junto com seu irmão Tyler e seu
amigo Michael. Desesperada, decide recorrer à Prime Destinations - um lugar
perturbador que aluga o corpo de jovens como ela a idosos ricos - numa
experiência que vai se revelar muito mais assustadora do que ela poderia
imaginar.
Qualificação: Muito bom!!
Resenha: Gostei, fiquei curiosa, quero
saber mais, porém não me apaixonei.
Acompanhei com
interesse crescente o desenrolar dos acontecimentos, mas o livro não conseguiu
prender minha atenção, nem despertar uma curiosidade absurda, daquelas que não
nos permite parar até saber o resultado. Me vi obrigada a fazer pausas em
determinados momentos, mas nunca sentia aquela necessidade de retomar com
urgência e me peguei adiando o momento algumas vezes. Gostaria de colocar a
culpa no cansaço, pois tive alguns dias meio infelizes no processo, mas nem
posso fazer isso quando me lembro de tantos títulos que me fizeram varar a
noite incansável e febril sem problemas.
O mundo pós
guerra ficou estranhamente dividido entre crianças/adolescentes e idosos. Enquanto
os mais velhos podem trabalhar ou usufruir de seus patrimônios, bem como
assumir a tutela de parentes menores, os jovens sem vínculos familiares,
denominados starters, tiveram seus
patrimônios confiscados e foram jogados em instituições públicas que mais
parecem prisões, ou sobrevivem à margem da sociedade, se refugiando em locais
abandonados, se alimentando de restos e vivendo em constante fuga.
Callie é uma starter que optou por sobreviver nas
ruas por orientação de seu próprio pai antes de desaparecer. No entanto, ela tem
um irmão doente que precisa de cuidados e sua condição precária acaba levando-a
a arriscar a sorte numa empresa suspeita chamada Prime Destinations. A idéia é
que ela irá alugar seu corpo por breves períodos de tempo, ficando inconsciente
enquanto outra pessoa assume o controle e vive como um adolescente bonito,
cheio de vitalidade e rico em seu lugar. Ao final, ela espera receber uma ampla
remuneração que vai permitir uma existência mais confortável até que atinja a
maioridade e esteja apta ao mercado de trabalho.
Tudo parece
muito fácil e rápido. Num momento ela fecha os olhos, no seguinte desperta ao
final de um aluguel, mas naquele que deveria ser o último ela desperta antes da
hora, numa badalada boate, vestida como uma celebridade e logo percebe que
alguma coisa está muito errada.
SPOILERS!!!
Um final super
mastigado com direito a retrospectiva comentada só pode significar uma de duas
coisas: ou o leitor foi subestimado e chamado de burro, ou a trama ficou cheia
de buracos e precisou de uma costura para ser bem entendida. Fico com a segunda
opção. Os eventos por si só não foram suficientes para deixar todos os pontos
bem definidos e a costura foi necessária para os ajustes finais.
Entre as
coisas que a trama não deixou clara no seu desenvolvimento foi quando o plano
de Helena fora descoberto, nem em qual momento suas ações começaram a ser
monitoradas, assim Callie traça uma retrospectiva bem didática para deixar tudo
bem amarradinho.
Fiquei um
pouco frustrada e um pouco satisfeita. Algumas coisas se resolveram e outras
deixaram uma grande interrogação no ar. Bateu certo desânimo quando me dei
conta de que mais um livro não dava final à trama, mas me animei ao saber que a
série terá apenas mais um volume completando o ciclo, afinal é possível
aguardar por uma conclusão!!
Gosto de
Michael e fiquei em crise quando ele vira aquele ser asqueroso com potencial de
permanência. Acho que gosto dele desde o prequel,
pois sua participação não chega a ser tão intensa durante o livro. Sinceramente
torço por ele numa relação com Callie, mesmo porque tudo que foi vivido com
Blake não passou de ilusão em vários níveis. Talvez tenhamos a oportunidade de
conhecer o verdadeiro Blake e aprender a gostar dele depois de tudo, mas não me
pareceu tão promissor.
Blake tinha
reações bem esquisitas e inesperadas na relação com Callie e não posso nem
dizer que fiquei surpresa por saber que ele estava sendo usado pelo “Old Man”,
embora não deixe de ser uma constatação bem desagradável. Essa relação entre os
dois lembrou Jogos Vorazes, especialmente o detalhe da flor. Quando pensei
melhor na comparação o que mais se destacou foi a sensação de que talvez não
existam mocinhos naquele jogo político.
O senador Harrison
agiu sob coerção, portanto suas verdadeiras intenções e posicionamentos não
ficaram totalmente claros, embora tenha a impressão de que ele seja contra
aquilo que ajudou a fazer. Por outro lado, o senador da oposição Bohn apoiou o
trabalho que culminou na operação de fechamento da Prime numa jogada política
puramente eleitoreira que não chega a definir de maneira mais ampla sua linha
de pensamento e seus verdadeiros interesses. Sou da opinião de que ainda tem
muita coisa escondida nessa trama toda.
Fazem apenas 2
anos desde que Callie perdeu os pais e acabou nas ruas, mas já existem pessoas
chegando aos 200 anos!! Fiquei pensando com meus botões que numa sociedade em
que as pessoas podem chegar aos 200, os 60 seriam considerados distantes da
velhice, mais para o auge da vida adulta e produtiva, portanto, de certa forma,
dentro do grupo sem privilégios no recebimento da vacina. Não parece nenhum
absurdo pensar assim, especialmente quando quase todas as atividades estão
sendo plenamente realizadas por pessoas com mais de 100 anos. Na verdade, a
parcela da população que deveria estar entre os 62 e 90 é pouco citada, quase
invisível. Talvez fique melhor explicado no próximo volume, no qual os Enders
terão destaque.
Outro assunto
que ficou no ar foi a morte do pai de Callie e Taylor. O afastamento antes
mesmo da doença, as conexões que ele possuía e lhe permitiram preparar os
filhos para uma fuga, além da frase código retornando num momento inesperado
nos leva a crer que alguma reviravolta ainda pode acontecer. Se ele estiver
vivo de alguma maneira acredito que esteja empenhado em revelar as verdades
sobre a guerra, os Enders, os esporos e tudo o mais. Ele talvez tenha sido um
cérebro importante, um parceiro próximo, no desenvolvimento da tecnologia
adotada pelo “Velho”. Só me recuso a imaginar que ele possa ser o próprio
depois do romance com Callie através de Blake.
O livro dá um
enfoque meio invertido no que esperaríamos de adolescentes e idosos. Na maior
parte do tempo estamos lidando com idosos fúteis, irresponsáveis, imaturos e
arrogantes e adolescentes amadurecidos, centrados e responsáveis. Soa bem
estranho quando Callie desperta e convive com os outros inquilinos. De alguma
maneira, não parece provável que ela pudesse ser capaz de passar por um deles,
não consegui aceitar isso totalmente.
Imagino que
conheceremos o paradeiro de Emma e dos demais adolescentes desaparecidos, bem
como algumas descobertas potencialmente macabras sobre a guerra e os
verdadeiros interesses que regem a sociedade de Enders e Starters.
Ps: Menção
honrosa para a pobre Sara que até me fez derramar uma lágrima.
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