segunda-feira, 22 de abril de 2013

Serie Starter – Starter – Lissa Price

Sinopse: Depois da Guerra de Esporos que exterminou todas as pessoas entre 20 e 60 anos, Callie se tornou uma starter. Ela sobrevive nas ruas lutando contra rebeldes e se escondendo dos inspetores junto com seu irmão Tyler e seu amigo Michael. Desesperada, decide recorrer à Prime Destinations - um lugar perturbador que aluga o corpo de jovens como ela a idosos ricos - numa experiência que vai se revelar muito mais assustadora do que ela poderia imaginar.

Qualificação: Muito bom!!

Resenha: Gostei, fiquei curiosa, quero saber mais, porém não me apaixonei.

Acompanhei com interesse crescente o desenrolar dos acontecimentos, mas o livro não conseguiu prender minha atenção, nem despertar uma curiosidade absurda, daquelas que não nos permite parar até saber o resultado. Me vi obrigada a fazer pausas em determinados momentos, mas nunca sentia aquela necessidade de retomar com urgência e me peguei adiando o momento algumas vezes. Gostaria de colocar a culpa no cansaço, pois tive alguns dias meio infelizes no processo, mas nem posso fazer isso quando me lembro de tantos títulos que me fizeram varar a noite incansável e febril sem problemas.

O mundo pós guerra ficou estranhamente dividido entre crianças/adolescentes e idosos. Enquanto os mais velhos podem trabalhar ou usufruir de seus patrimônios, bem como assumir a tutela de parentes menores, os jovens sem vínculos familiares, denominados starters, tiveram seus patrimônios confiscados e foram jogados em instituições públicas que mais parecem prisões, ou sobrevivem à margem da sociedade, se refugiando em locais abandonados, se alimentando de restos e vivendo em constante fuga.

Callie é uma starter que optou por sobreviver nas ruas por orientação de seu próprio pai antes de desaparecer. No entanto, ela tem um irmão doente que precisa de cuidados e sua condição precária acaba levando-a a arriscar a sorte numa empresa suspeita chamada Prime Destinations. A idéia é que ela irá alugar seu corpo por breves períodos de tempo, ficando inconsciente enquanto outra pessoa assume o controle e vive como um adolescente bonito, cheio de vitalidade e rico em seu lugar. Ao final, ela espera receber uma ampla remuneração que vai permitir uma existência mais confortável até que atinja a maioridade e esteja apta ao mercado de trabalho.

Tudo parece muito fácil e rápido. Num momento ela fecha os olhos, no seguinte desperta ao final de um aluguel, mas naquele que deveria ser o último ela desperta antes da hora, numa badalada boate, vestida como uma celebridade e logo percebe que alguma coisa está muito errada.

SPOILERS!!!

Um final super mastigado com direito a retrospectiva comentada só pode significar uma de duas coisas: ou o leitor foi subestimado e chamado de burro, ou a trama ficou cheia de buracos e precisou de uma costura para ser bem entendida. Fico com a segunda opção. Os eventos por si só não foram suficientes para deixar todos os pontos bem definidos e a costura foi necessária para os ajustes finais.

Entre as coisas que a trama não deixou clara no seu desenvolvimento foi quando o plano de Helena fora descoberto, nem em qual momento suas ações começaram a ser monitoradas, assim Callie traça uma retrospectiva bem didática para deixar tudo bem amarradinho.

Fiquei um pouco frustrada e um pouco satisfeita. Algumas coisas se resolveram e outras deixaram uma grande interrogação no ar. Bateu certo desânimo quando me dei conta de que mais um livro não dava final à trama, mas me animei ao saber que a série terá apenas mais um volume completando o ciclo, afinal é possível aguardar por uma conclusão!!

Gosto de Michael e fiquei em crise quando ele vira aquele ser asqueroso com potencial de permanência. Acho que gosto dele desde o prequel, pois sua participação não chega a ser tão intensa durante o livro. Sinceramente torço por ele numa relação com Callie, mesmo porque tudo que foi vivido com Blake não passou de ilusão em vários níveis. Talvez tenhamos a oportunidade de conhecer o verdadeiro Blake e aprender a gostar dele depois de tudo, mas não me pareceu tão promissor.

Blake tinha reações bem esquisitas e inesperadas na relação com Callie e não posso nem dizer que fiquei surpresa por saber que ele estava sendo usado pelo “Old Man”, embora não deixe de ser uma constatação bem desagradável. Essa relação entre os dois lembrou Jogos Vorazes, especialmente o detalhe da flor. Quando pensei melhor na comparação o que mais se destacou foi a sensação de que talvez não existam mocinhos naquele jogo político.

O senador Harrison agiu sob coerção, portanto suas verdadeiras intenções e posicionamentos não ficaram totalmente claros, embora tenha a impressão de que ele seja contra aquilo que ajudou a fazer. Por outro lado, o senador da oposição Bohn apoiou o trabalho que culminou na operação de fechamento da Prime numa jogada política puramente eleitoreira que não chega a definir de maneira mais ampla sua linha de pensamento e seus verdadeiros interesses. Sou da opinião de que ainda tem muita coisa escondida nessa trama toda.

Fazem apenas 2 anos desde que Callie perdeu os pais e acabou nas ruas, mas já existem pessoas chegando aos 200 anos!! Fiquei pensando com meus botões que numa sociedade em que as pessoas podem chegar aos 200, os 60 seriam considerados distantes da velhice, mais para o auge da vida adulta e produtiva, portanto, de certa forma, dentro do grupo sem privilégios no recebimento da vacina. Não parece nenhum absurdo pensar assim, especialmente quando quase todas as atividades estão sendo plenamente realizadas por pessoas com mais de 100 anos. Na verdade, a parcela da população que deveria estar entre os 62 e 90 é pouco citada, quase invisível. Talvez fique melhor explicado no próximo volume, no qual os Enders terão destaque.

Outro assunto que ficou no ar foi a morte do pai de Callie e Taylor. O afastamento antes mesmo da doença, as conexões que ele possuía e lhe permitiram preparar os filhos para uma fuga, além da frase código retornando num momento inesperado nos leva a crer que alguma reviravolta ainda pode acontecer. Se ele estiver vivo de alguma maneira acredito que esteja empenhado em revelar as verdades sobre a guerra, os Enders, os esporos e tudo o mais. Ele talvez tenha sido um cérebro importante, um parceiro próximo, no desenvolvimento da tecnologia adotada pelo “Velho”. Só me recuso a imaginar que ele possa ser o próprio depois do romance com Callie através de Blake.

O livro dá um enfoque meio invertido no que esperaríamos de adolescentes e idosos. Na maior parte do tempo estamos lidando com idosos fúteis, irresponsáveis, imaturos e arrogantes e adolescentes amadurecidos, centrados e responsáveis. Soa bem estranho quando Callie desperta e convive com os outros inquilinos. De alguma maneira, não parece provável que ela pudesse ser capaz de passar por um deles, não consegui aceitar isso totalmente.

Imagino que conheceremos o paradeiro de Emma e dos demais adolescentes desaparecidos, bem como algumas descobertas potencialmente macabras sobre a guerra e os verdadeiros interesses que regem a sociedade de Enders e Starters.

Ps: Menção honrosa para a pobre Sara que até me fez derramar uma lágrima.

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