Sinopse: Kote é o enigmático dono de
uma hospedaria. Quando a paz da cidade começa a ser abalada, descobrimos que
ali está o homem, cuja fantástica história alcançou os quatro cantos do mundo.
Mais do que seus feitos lendários, somos convidados a conhecer a verdade por
trás do mito de notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador,
músico magistral e assassino infame. Assim mergulhamos numa empolgante
narrativa que remonta aos seus tempos de infância, para saber como o artista de
uma trupe itinerante acaba se interessando por magia e seguindo em busca dos temidos
demônios conhecidos como Chandriano.
Qualificação: Excelente!!
Resenha: Como posso explicar o quanto é
bom?? Ao dizer que é inteligente, complexo, emocionante, intrigante,
dinâmico... me faltam adjetivos para descrever, então tentarei transmitir a
essência nas linhas subsequentes.
Amo a riqueza
do livro. As lendas por dentro da história, as canções, os ditos populares, a
mitologia cheia de contornos, todo um universo particular que dá profundidade
às cenas, aos lugares, aos personagens. Admiro demais a forma interessante com
que as situações são construídas, às vezes sem qualquer significado maior
aparente, num crescer inesperado em que as coisas se conectam, se completam, se
encaixam.
Comecei com a
sensação de que tinha uma grande aventura nas mãos, daquelas que precisam de
tempo e detalhes antes de partir para o que interessa. Depois verifiquei que o
autor é da teoria de fazer devagar e bem feito, confirmando meu raciocínio
inicial, mas a verdade é que não foi bem assim. Se por um lado muitos feitos
lendários ficaram de fora deste volume, toda construção dos elementos não foi
nem um pingo enfadonha ou desprovida de aventura. É muito rápida a
identificação e o interesse despertados por Kvothe, ainda mais sendo
alimentados por uma rede de boatos contraditórios e exagerados como compete a
uma verdadeira celebridade.
O Kvothe é um
prodígio, alguém a ser notado e temido, mas o que me encanta sobremaneira nele
é poder compreender a complexidade de seus sentimentos e atitudes, é sentir
junto com ele os acontecimentos que moldaram sua personalidade tão
característica e poder acreditar nele como indivíduo multifacetado. Somos
apresentados a um ser fantástico e surreal no qual fica difícil acreditar, mas
a história que ele conta desmistificando a si mesmo, não é menos incrível,
porém muito mais crível. A coisa mais difícil de lembrar é a idade dele, não em
números, mas em verdade, em conformidade com as situações.
A fama não
existe sem razão e, embora existam inconsistências e exageros nos relatos, é
divertido observar como o próprio Kvothe contribuiu com a rede de boatos e
intrigas, às vezes propositalmente, outras nem tanto. Fato é que nada escapa ao
jovem e a cada instante ele é instigado a agir de acordo com algum de seus
inúmeros talentos.
Mergulhar nas
memórias de Kvothe nos faz esquecer o presente. Tem momentos em que volta à
pousada e eu tomo aquele susto, como se acordasse num lugar diferente e
precisasse de um tempo para entender aquilo que meus olhos estavam vendo.
Um recurso
muito inteligentemente usado pelo autor é a antecipação de eventos distantes.
Você fica ciente de que aquilo vai acontecer em algum momento e o coração fica
na mão em cada oportunidade do evento se concretizar. Assim, cada acontecimento
é carregado de suspense e tensão, nunca estamos tranquilos em relação ao
personagem ou situação.
De mais a
mais, cada etapa na vida de Kvothe foi um degrau importante de aprendizado e
nós podemos identificar a importância e as consequências à medida em que elas vão
se sucedendo.
SPOILERS!!
“O dia em que nos
inquietamos com o futuro é aquele em que deixamos a infância para trás.”
A infância foi
tragada de Kvothe aos 12 anos. A tragédia anunciada ainda teve um impacto
tremendo na minha leitura. Foi uma daquelas coisas que estavam para acontecer,
que eram esperadas, mas não deixam de ser difíceis de acompanhar. Como não se
apegar àquele garoto esperto e curioso, cheio de talentos e habilidades que nem
ele mesmo se dá conta de ser? Como não se familiarizar com aquele clima de
tribo, de trupe, dos Ruh, com sua excelência, dignidade e cultura, com sua
sabedoria e unidade?
Tarbean é um
trecho duro de acompanhar. A vida nas ruas é uma provação, mas o pior, na
verdade, é o topor mental de Kvothe, que não lhe permite reagir com nada além
de seus instintos de sobrevivência. Em todo o tempo eu ficava achando que Pike
iria aparecer e fazer algo totalmente perverso, acho que adquiri alguma
desconfiança junto com ele!! Uma das coisas mais inesperadas nesse período foi
ouvir a lenda de Tehlu através de Trapis, também foi muito bonito e deu um
significado especial. Fiquei muito aliviada quando ele finalmente consegue sair
da cidade.
Introdução à
Denna. Caí feito um patinho no laço do autor e achei que “A” mulher seria um
personagem novo!!! Depois de surgir esplendidamente oculta sob a voz de Aloine,
eis que deparamos com aquela garota de antes!! Se não fosse o floreio de Kvothe
contando, certamente teria desconfiado disso. O lance neste romance está na
inocência insuspeita de ambos. Cada um pensa o pior sobre a reputação do outro,
mas a fama não tem qualquer proveito para ele e, imagino, nem para ela.
É meio
desesperador e exasperante que Kvothe esteja sempre no limite da pobreza. Cada
vez que ele parece começar a melhorar a maré vira e ele volta à estaca zero, se
equilibrando, vivendo um dia depois do outro. Também me deixa com os nervos à
flor da pele toda situação com Ambrose. Não tem jeito de não odiar o Ambrose
depois que causa o banimento de Kvothe do Arquivo, mas a proporção em que a
situação vai se agravando dá vontade de gritar mesmo! Não foi à toa que o nome
do vento foi convocado naquele momento.
Falando em
nome do vento, durante a nova convocação dos professores fiquei esperando
Elodin se pronunciar, porque parecia mesmo certo que ele o faria, os
professores deixam isso bem claro no fim, mas o fato é que da maneira que a
reunião foi conduzida a gente chega a pensar “pronto, foi agora que se acabou todo!”.
Preciso então
fazer um parênteses para ressaltar toda parte dedicada ao músico. A relação com
o alaúde e a música em si é tão profunda e bonita que faz parte da própria essência
do jovem. Proporciona algumas das passagens mais carregadas de sensibilidade e
emoção, me levando a conflitos e extremos tão grandes quanto aqueles que ele
vivencia. Senti doer as duas perdas do alaúde mais do que a morte de muitos
personagens aleatórios por aí afora.
Como assim,
perdendo os poderes??!!! Por essa eu não esperava, mas... talvez devesse, né?
Muito curiosa sobre os motivos que levaram Kvothe a viver na forma presente,
escondido na pousada. Devo acrescentar aqui que os eventos presentes também
começam a ganhar proporções, como se em determinado momento a história fosse
prosseguir dali.
Tomei um susto
com os cascos de Bast!!! Então ele deve ser um sátiro ou algo similar na
mitologia do livro. Deve ter uma boa história envolvida nisso também, e devo
confessar que aquele final dele pressionando o Cronista me soou meio suspeito.
Dei boas
risadas com aquele criador de porcos e seu “sotaque
das profundezas do vale”. A trama toda do casamento foi esquisita. Tive a
impressão de que o misterioso candidato a mecenas de Denna pode estar
relacionado com o Chandriano. É certo que ela não contou tudo que aconteceu. De
qualquer forma, confirma a teoria de que eles não querem qualquer informação
sobre eles circulando, especialmente potencias maneiras de rastreá-los ou
combatê-los. Me pergunto se a versão da história de Lanre contada por Skarpi
era a verdadeira e qual destino do velho contador.
Do outro lado
da guerra, por assim dizer, estão os Amyr, tão misteriosos quanto o próprio
Chandriano. Talvez a dificuldade em comprovar a existência dos Chandriano faça
com que os Amyr atuem em secreto, para não serem desacreditados, afinal no
populacho é consenso de que tudo não passa de crendices ou contos de fada. E,
partindo desse pensamento, fico pensando sobre Lorren, tentando me decidir se
ele pode ter mais conhecimento do que revelou até agora no assunto, inclusive
aproveitando a jogada de Ambrose para banir Kvothe do Arquivo. Fato é que ele
parecia um personagem promissor, potencial, mas ficou distante oculto, atiçando
minha curiosidade, suspeitas e teorias conspiratórias!!
Quem diria que
as ruínas do casamento desembocariam num dragão viciado (literalmente)??!!
Quase tive uma crise de riso quando Kvothe descobriu porque o bichinho ficava voltando para aquele
trecho de floresta mal acabado.
Louquinha para
saber sobre o tal “pacto com o diabo”
e “luta com o anjo” por causa da
mulher, e mesmo que não tenha sido exatamente nesses termos, já li o suficiente
para criar boas expectativas.
eu tava no onibus quando eu tava lendo o capitulo do dragão... ainda bem que eu moro no ultimo ponto e o cobrador chamou a minha atenção e perguntou:"moça, vc num vai descer aki?" KKKKKKKKKKKKKKKK foi hilário!
ResponderExcluirKkkkkkkkk!!! Essas coisas acontecem comigo também!!
ExcluirNem sei se é pior quando acabo rindo ou quando tento segurar.