Sinopse: Cenários cinematográficos,
paisagens paradisíacas, pântanos congelados com animais transformados em vidro,
florestas brancas, penhascos monocromáticos, um oceano de baleias, lendas e
águas-vivas.
Midas é um tímido fotógrafo ilhéu. Ida é uma jovem aventureira que vem
ao arquipélago de Saint Hauda's Land buscar a cura para sua misteriosa doença: está
se transformando em vidro. Juntos buscam uma solução. O que eles mais precisam
é de tempo - e o tempo está passando rápido. Será que vão encontrar uma maneira
de evitar a propagação do vidro?
Qualificação: Bom.
Resenha: Francamente desapontada, me
sentindo um pouco enganada. Embora traga um rico desenvolvimento de seus
personagens, toda mitologia é jogada quase que como composição artística ou
efeito dramático. O livro nem mesmo precisava de elementos fantásticos para
contar sua história de amor!!
Fiquei muito curiosa sobre a doença de Ida e foi essa vontade de descobrir todo universo surreal que envolvia tão incomum enfermidade que me motivou a ler esta obra. No entanto, não posso dizer que esta seja a tônica do livro. No fim, tive a sensação de que um câncer ou algo que o valha ofereceria os elementos necessários sem maiores prejuízos.
O autor
concentra seus esforços muito mais na construção dos poucos personagens - excêntricos,
e absurdamente introvertidos - e seus dramas pessoais (até um pouco redundantes),
do que revelando sobre a diversidade mítica que introduz. O resultado é um drama
tocante e singular que vai agradar a quem estiver aberto para essa proposta e
surpreender quem esperava uma aventura fantástica (não necessariamente de forma
positiva).
No campo das
emoções o autor dá um show. Ele não trabalha com caricaturas ou pessoas do
lugar comum, mas com pessoas extremamente reprimidas, cauterizadas em
comportamentos anti-sociais e motivações práticas, objetivas.
A mulher tem o
poder de transformar o certo em incerto e introduzir o caos, fazendo com que o
homem deixe de olhar apenas dentro de si mesmo e enxergue uma nova motivação. A
situação é recorrente, os personagens masculinos são abalados de suas
convicções ao entrar em contato com “a” mulher, mas o envolvimento nunca é
fácil e seu potencial transformador também pode exercer um efeito destrutivo.
A narrativa segue lenta e pausada, alternando os pontos de vista de maneira a oferecer um complexo quadro emocional escondido sob camadas de gelo, frieza, timidez e outros tantos desencontros. O clima invernal e monocromático contribui para o estado de melancolia e introspecção gerais, nos deixando até um pouco deprimidos. Se fosse um filme, seria daqueles que você vai ver para se maravilhar com a fotografia ou a cadeia de relacionamentos.
SPOILERS!!!
“Ele era, antes de tudo, um
homem de palavras: ser de carne e osso vinha em segundo lugar.”
Identifiquei-me um pouco com a frase do Midas pai, afinal a vida é muito mais fácil debruçado sobre um teclado! Midas filho optou por fotografias, seu olhar e pensamento capturado pelas imagens e efeitos de luz. Tão iguais e tão diferentes!
Não há
esperança. Viva tudo agora porque o amanhã não passa de ilusão. Estou sendo um
pouco dura, mas essa percepção de clichê medíocre me perseguiu em referência a
este livro. Como aqueles bolos mega confeitados e vistosos de pasta americana
que se provam desprovidos de sabor. Não posso me negar a tocar neste assunto
mesmo admitindo que existe uma parte que vale a pena e é muito bem feita,
talvez aquele recheio que salva o bolo da completa apatia.
Como assim não
tem explicação para nada? O fenômeno foi observado e seu desdobramento se
tornou conhecido de poucos, MAS... em nada se avançou! Um lugar em que vacas
voam, pessoas viram vidro, mas nada disso importa, pois a vida segue seu ciclo inexorável.
A mensagem tem seu valor indiscutível, mas o que torna o livro único e
diferenciado não!
Fiquei com
cara de besta, querendo saber o que causava a doença do vidro, o que
significava, ou porque existia um gado voador e até as confissões que existiam
na carta do pai de Midas! Queria entender e ver as coisas sendo explicadas, mesmo que já não houvesse salvação! Enquanto a intimidade desconcertante e psicótica de
Carl é trabalhada com maestria, o curiosíssimo Sr Stallows mal da o ar de sua
graça?!
Nenhum comentário:
Postar um comentário