terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Livraria 24 horas do Mr Penumbra – Robin Sloan


Sinopse: A recessão econômica obriga Clay Jannon, um web-designer desempregado, a aceitar trabalho em uma livraria 24 horas tão singular quanto seu proprietário, Mr. Penumbra. Um lugar onde só um pequeno grupo de clientes aparece e sempre para apreciar um misterioso conjunto de livros nos cantos mais obscuros da loja, volumes que Clay foi proibido de ler. Mas ele é curioso...

Qualificação: Excelente!!

Resenha: Inesperadamente genial! Muito amor!!!! Pensei me embrenhar num culto secreto, cercado de enigmas, poeira e pesados livros, então... eu estava certa! Mas o livro vai muito além e explora outras situações de uma forma extremamente contemporânea e fascinante!

Tem palco melhor para uma grande aventura do que uma livraria? Só de ler o título já me vejo cercada de estantes, leitores entusiasmados e muitos livros!!! Claro, o nome Penumbra sugere cantos obscuros, alguma coisa difícil de perceber pelos cantos Vashta Nerada, um certo mistério no ar. Minha expectativa se formou em torno desses elementos, mas também se preparou para uma narrativa séria, tendendo ao suspense e ação comuns a teorias da conspiração. Traduzindo? Esperava um Dan Brown, mas não poderia estar mais enganada (vá lá, têm algo em comum)!

Se o Google é o seu ambiente e o mundo virtual contempla todos seus anseios em substituição aos livros, bem... este livro é capaz de trabalhar com as suas expectativas e fazer a junção entre o velho e o novo com maestria. O personagem principal é jovem, inteligente, nerd, divertido e com um bom conhecimento sobre novas tecnologias da informação. O resultado é uma aventura dinâmica, cercada de preocupações cotidianas, conduzida por uma visão extremamente contemporânea de mundo. É uma nova geração que pensa diferente, que vê a tecnologia como extensão de si mesma e não hesita em utilizá-la diante dos desafios.

Além de uma trama bem trabalhada, temos muitos personagens super interessantes, cheios de peculiaridades, que se revelam inestimáveis em suas habilidades. E quem gosta de referências ao universo nerd não vai resistir ao apelo de algumas sem esboçar reações.

A vida de Clay não anda lá essas coisas, mas o cara está disposto a lutar antes de se ver obrigado a voltar para a casa dos pais. Ele não planejou acabar numa livraria, mas tem um momento em que as contas se tornam um imperativo e o trabalho não chega a ser uma escolha, mas a falta de opção. Assim, ele fica preocupado com o reduzido número de clientes, sem contar que seu talento está sendo desperdiçado em longas e solitárias noites de vigília em seu turno na loja.

Como passar o tempo sem poder dar uma olhadinha nos volumes antigos que superlotam as altíssimas prateleiras? Ainda mais que os livros não estão à venda, mas à disposição de clientes bem estranhos que não tem hora para aparecer?

SPOILERS!!!

Se isso parece impressionante para você é porque tem mais de 30 anos.

É isso mesmo, pessoal? Garanto que me encaixo no perfil e não pude deixar de sorrir com a afirmação. Fiquei impressionada com a grandiosidade de tudo, que ao mesmo tempo é simples e objetivo. Posso dizer que alguns dos conceitos me soaram originais, outros familiares, mas sempre muito bem contextualizado e repletos em seus significados.

Kat é uma figura totalmente inusitada, tão perfeita que cheguei a cogitar não passar de alguma vilã disfarçada querendo roubar os segredos do Manutius. Sua empolgação é bem contagiante e topar aquela festa em companhia virtual foi muito cute! Foi um alívio perceber que as pessoas estavam lá muito mais para somar do que atrapalhar e mesmo Corvina não era o mal encarnado. A lista de personagens incríveis é tão grande !!! Na verdade é difícil citar algum que não seja!!

Apesar do óbvio roubo, do mistério na parte inicial, gostei muito dessa concepção de comunidade, de um mundo sem fronteiras em que já não existem amarras para a informação. Sim, existe muita coisa ainda no conhecimento humano fora da rede, mas não é algo que seja mais tão natural, assim foi bom ver que a condução da história esteve muito mais voltada para a publicidade e compartilhamento do que para a confidencialidade. Fugiu do óbvio e deixou o clima muito mais leve, com espaço para muito humor e criatividade.

Surpreendente é Moffat. A certa altura já esperava que o livro fosse fundamental para a descoberta do segredo, mas o próprio autor foi fundamental às descobertas de Clay. Sem ele nem mesmo o enigma do fundador teria sido desvendado através da projeção computadorizada. Este enigma só se resolveu porque Moffat o completou antes em tempo recorde, possibilitando o registro do desenho apenas no curso de 1 único livro de registros!!!

Sou muito besta às vezes com referências! Nem sei se o autor viajou em todas que eu, mas surtei muito!! Amei toda a correlação criada com jogos de RPG, bem como à menção de nomes como Moffat, Obi-Wan, Harry Potter, entre outros.

Não pude deixar de procurar a Gerritszoon entre as fontes disponíveis no meu PC, mesmo sabendo que não era uma fonte básica, nutri a esperança de que fosse uma mais incomum, vai saber? Tipo assim, se estava lá, em toda parte, senti como se eu também pudesse vê-la ao meu redor!

Não é engraçado que entre tantas coisas impressionantes, a maior delas tenha sido um depósito de museu?


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