domingo, 27 de agosto de 2017

Splintered Trilogy 1 – O Lado Mais Sombrio – A. G. Howard

Sinopse: A mãe de Alyssa Gardner está internada numa clínica para pessoas mentalmente perturbadas, pois ouve vozes de insetos e flores. No entanto, permitir um tratamento de choque que pode mata-la é um pouco demais, especialmente se Alyssa sabe que a mãe não está louca... ou ela mesma também estaria. Salvar sua mãe significa seguir para o País das Maravilhas e consertar os erros de Alice, quebrando a maldição sobre sua família. Mas a verdade é que o País das Maravilhas foi totalmente distorcido por Lewis Carrol, e ela vai descobrir um lado sombrio do conto de fadas.

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: É difícil explicar quando a gente gosta demais de algo, mas vou fazer o possível para ser racional e trazer argumentos lógicos para esta resenha.

É mais do que óbvio a fonte da qual a autora tirou sua inspiração, então vamos começar falando um pouco dela. Carrol criou uma mitologia própria que tem fascinado gerações através dos anos. A aparente falta de coerência de suas obras desperta curiosidade, desafia a mente e encanta o imaginário. É praticamente impossível, para mim, passar ao largo de uma obra que tenha Wonderland como palco. Já li a original comentada, outras obras com este universo, adaptações infantis ilustradas, mangá, bem como assisti a animação Disney, os filmes com direção de Tim Burton, um seriado do canal Sci-Fy, já conferi jogo, fui Alice em RPG e até fiz cosplay da personagem! Percebe o quanto me interesso?

Assim, embora minha tendência natural seja gostar de tudo que envolva este contexto, por outro lado sou alguém que conhece o suficiente para oferecer uma opinião mais abrangente do que aquele contido somente na obra em si. Conhecer um lado mais sombrio é totalmente irresistível! Até porque a estranheza sobre diversos aspectos dessa mitologia já traz esse pressuposto de forma palpável! É difícil encontrar pessoas que tragam fantasias tão lúdicas e fantásticas para uma abordagem menos infantil, especialmente sem perder o lado imaginativo. Fiquei muito eufórica quando vi que a autora foi muito feliz na sua execução.

Então... certo dia estava eu de boas pela net quando me deparo com esta capa. Foi amor à primeira vista, parei o que fazia para saber do que se tratava e descobri que era um livro que estava sendo lançado, novinho e... sem nenhuma previsão de aportar em terras tupiniquins (cry). Salvei a imagem daquela capa numa pastinha porque sabia que estava destinada a lê-lo e precisava das referências para não perdê-lo de vista. Por sorte, nenhum engraçadinho inventou de mudar a imagem e não foi difícil reconhece-lo anos depois.

A narrativa do livro é fluida, de fácil compreensão. O conteúdo é desafiador e intrigante, cheinho de enigmas e loucuras que me deixaram surtando, fazendo mil anotações na tentativa de desvendar. A realidade e a loucura estão lá, buscando equilíbrio, bem como as inúmeras referências aos originais de Alice (muito amor no coração). O romance se faz presente e muito bem representado também! A mitologia da autora vai se construindo de forma consistente e envolvente, não queria parar de ler e já estou na expectativa da continuação.

É possível ser lido e compreendido sem conhecer “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas”? (Não seja essa pessoa!). Sim, mas com aquela ressalva básica de que vai perder uma parte significativa da diversão. Pega ao menos a versão infantil, cheia de ilustrações bonitinhas, rapidinha de conferir e se ambienta, pega o espírito da coisa, sabe?

SPOILERS!!!

“A lógica dos intraterrenos reside na nebulosa fronteira entre a razão e a loucura.”

O começo tem esse climinha meio macabro que ficou simplesmente perfeito! Mosaico de insetos mortos, vozes, roupas estilosas, mãe no sanatório (triste) e muitos segredos por ser desvendados, como não amar?

Então você vai pegando as pistas e começa a vislumbrar um cenário em que precisa refazer os passos de Alice para consertar seus erros e trazer de volta o equilíbrio do País das Maravilhas!!! Foi genial e me fez surtar horrores!!!! Até um leque vitoriano! E luvas!! E eu só lembrava do Rábido e de que esses objetos pertenciam à Duquesa e de como poderia ser usado para alguma coisa, e por aí vai! (Sou uma criança feliz!)

Amei a construção da trama por ser nova e trazer tantos aspectos do original de forma conectada ao seu desenvolvimento! Por mais que Morpheus tenha distorcido um pouco as coisas, foi bem divertido acompanhar a evolução dos acontecimentos.

Mas gente!!!! Acho que estou shippando errado, alguém me socorre! Amei Morpheus de todo coração e não me conformo com essa ideia de que ele é mal! COMOFAZ??! Tá ele tem seus momentos muito amor e momentos puro ódio, então é difícil ficar imune a ele. Foi uma traição inenarrável descobrir que ele a manipulou desde o começo em conluio com a Vermelha. Embora tenha se redimido no fim, é compreensível que não dê pra confiar nele. Quando apronta alguma coisa fico procurando a pegadinha no processo, não consigo lidar. E convenhamos que alguns plot twists decorrem justamente de suas jogadas, tanto para o mal quanto para o bem. Talvez parte da minha preferência por Morpheus resida no fato de que ele é a alma da narrativa, sendo convincente e dúbio, sempre provocando Alyssa a ser melhor e mais forte apesar de usar meios estranhos e, por vezes destrutivos (além de ser divo, exótico, mágico, de cabelos azuis e sedutor, claro).

A arte da manipulação é sempre um espetáculo à parte quando faeries estão envolvidos, muito em função da inviolabilidade de suas promessas. Por sinal, a presença desta regrinha de outro dos faerie foi um fator muito positivo! Uma das coisas mais fascinantes destes seres, pra mim, consiste justamente no aprimoramento da arte da manipulação e a autora fez um desenvolvimento excelente dessa característica. Como eles ficam presos às promessas que proferem, sempre buscam deixar um escape, tornando suas sentenças mais elaboradas e escorregadias do que parecem à primeira vista. Acredito que Alyssa deve desenvolver esse potencial se quiser seguir adiante.

Jeb é perfeito... mas não conseguiu me cativar. Não é como se me tornasse inflexível após tomar um partido, já fiquei bastante dividida em outros livros e mudei de opinião algumas vezes, apenas não consigo ser cativada por Jeb. Talvez ele seja tão perfeito que não pareça real, o que é irônico se for comparar com o ser surreal que Morpheus é.

O volume até tem uma cara de fim, não deixa aquela penca de coisas inacabadas que te fazem morrer de ansiedade enquanto espera sair a continuação. Se não soubesse que tem continuação até poderia pensar “hum, finalzin marromenos”. Aceitável, mas não tão fabuloso quanto seria desejável, né?

Faz um tempo que eu li este livro e queria compartilhar com vocês sem conseguir. Como a trilogia ficou pronta e estou louca pra terminar, fiz um apanhado deste volume para seguir em frente. Então os detalhes não estão tão vívidos, espero poder compensar nos demais.

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