Sinopse: Há muito tempo Abby tem
aceitado viver à sombra de sua irmã, mas agora que Tess está em coma percebe
que não sabe como viver sem ela. Determinada a trazer Tess de volta, ela
envolve o lindo e misterioso Eli num plano desesperado. Este caminho revelará
que a verdade pode ser muito diferente daquilo em que ela acredita.
Qualificação: Ótimo!!
Resenha: Engraçado como Elizabeth Scott
se tornou um porto seguro para um agradável momento de leitura.
Em meio ao
caos, a gente sempre encontra um jeitinho para ler, seja aproveitando um
tempinho roubado de outra atividade ou se escondendo num cantinho silencioso da
casa, entre outros. Quando isso acontece, costumo correr para uma aposta segura,
procurando um alívio rápido em meio à correria do dia e tenho encontrado este
tipo de alento nas obras de Scott.
Este livro não
é o melhor da autora, mas conseguiu me agradar. Fiquei tão envolvida que mal
podia esperar para ler mais um pouquinho e, assim, fui evoluindo até o final. A
linguagem é fácil, tranquila, o texto é de grande sensibilidade e completa o
raciocínio em si mesmo, de modo que eu não precisava retomar acontecimentos
anteriores nem guardar para consultas futuras. Uma das coisas que mais gosto
também está presente, que é justamente a capacidade de apresentar temas
complexos e delicados de forma simples, sincera, neutra e com grande precisão.
Este livro
fala do amor no momento mais inesperado. Brotando em meio às dores da desconfiança,
rejeição e baixa estima. De um lado, uma pessoa que sempre viveu à sombra, que
embora tenha sua individualidade e brilho próprios, viveu meio despercebida até
que um trágico evento a colocou no centro das atenções. Do outro, um jovem que
vive a rejeição constante por possuir maneirismos que atraem os olhares
indiscretos e reprovadores das pessoas ao seu redor.
Partindo do
clichê de um romance adolescente, temos a primorosa construção dos personagens,
que vivem lutando contra situações de extremo conflito ou circunstâncias sob as
quais são impotentes. Segue abordando temáticas difíceis no cotidiano
adolescente, como a vida de uma família com um jovem membro em coma, a rotina
de alguém com TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou ainda, o drama pessoal
diante do homossexualismo.
SPOILERS!!
Nobody is
perfect!
Abby sempre viu
em Tess a imagem da perfeição. Uma garota linda, popular, divertida, estudiosa.
Alguém a quem todos desejavam agradar, que sempre possuía uma palavra adequada
para cada ocasião. Além de tudo isso, ainda era aquela que recebia todas as
expectativas de sucesso da família.
Ao colocar a
irmã num pedestal, Abby foi incapaz de enxergar através da máscara de
perfeição, mesmo tendo todos os elementos para reconhecer a verdade. Não foi
difícil perceber o homossexualismo de Tess, mas foi uma bela experiência
acompanhar o amadurecimento gradual de Abby com a descoberta. Quando a
personagem começou a juntar os pedaços, interpretar os eventos, acabou
percebendo o grande abismo entre aquilo que acreditava e tudo que realmente
vinha acontecendo. Abaixo da fachada, existia uma garota extremamente infeliz,
que optou por viver de aparência para agradar e se servir da multidão que a
cercava.
A rejeição
sofrida por Abby na sua primeira tentativa de romance acabou reforçando a
grande insegurança que vinha desenvolvendo. O resultado foi uma grande barreira
de auto-proteção e desconfiança difíceis de transpor, que só foi possível com
uma aproximação disfarçada, despretensiosa.
É impossível
ocupar o espaço de outra pessoa no que se refere a relações familiares e afetivas
diversas. Cada ser é único e deve trilhar seu próprio caminho, descobrir e
usufruir do seu próprio espaço, vivendo as peculiaridades e verdades de um ser
em si, imperfeito, cheio de carências e expectativas, sujeito a erros e
acertos, alegrias e decepções.
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