Qualificação: Bom!
Resenha: Um livro introdutório acima da
média, que cumpre bem o papel de apresentar o contexto criado pelo autor. Faz-nos
ultrapassar a fase de estranhamento com os termos e geografia peculiares, além
de despertar o interesse pelos personagens e panorama sócio-político, bem como
seus possíveis desdobramentos. No entanto, não conseguiu me passar muita
empatia.
A trilogia me
pareceu muito bem planejada, acredito que tende a crescer nos próximos volumes
e chegue ao final deixando ao leitor a experiência de ter lido uma única e
coesa história. Desde o princípio nos deparamos com elementos variados e
misteriosos que apontam para potenciais eventos futuros.
Este volume em
particular transita entre as diferentes esferas sociais nos alertando para as desigualdades
e injustiças existentes, mas também para o fato de que algumas coisas não
encontram alicerce no passado, sendo fruto de vícios, articulações e
preconceitos. Os diversos ambientes também são percorridos sob vários pontos de
vista, permitindo uma visão mais apurada da realidade, bem como da perspectiva
de cada grupo social.
Senti falta de
um discurso mais apaixonado, de um texto mais passional, seja no campo
ideológico, seja nas relações interpessoais. A narrativa não se exime de
afirmar sobre medos e anseios, mas não conseguiu fazer com que eu partilhasse
estes sentimentos.
Sonea é uma
garota humilde, que luta pela sobrevivência junto com os tios. Vítima da
injustiça decorrente do evento da Purificação, ela acaba se unindo a um grupo
de protesto que não consegue atingir aos magos, mas reflete a insatisfação da
população. O que ela nunca poderia imaginar, é que o forte sentimento que a
motivava desencadearia poderes capazes de romper a barreira que os protegia.
SPOILERS!!!
A fuga foi um
pouco mais extensa do que deveria, confesso que já estava ficando cansada,
especialmente porque ela estava obviamente destinada a se unir aos magos. Por
sinal, apesar da insinuação inicial, não demoramos a perceber que os magos não
são totalmente vilões, possuem membros bons e maus, como qualquer grupo. Isso
por si só não seria problema, mas da maneira retratada acabou com o suspense
pelo lado dos caçadores e tornou a fuga ainda mais cansativa. Tenho a impressão
que apreciaria mais se eles permanecessem desconhecidos até a captura, para
somente então descortinar sua pluralidade, causando novas dúvidas e
expectativas no leitor.
O líder dos
Magos sempre esteve envolto em mistério e tamanho poder em alguém tão novo já
estava me deixando desconfiada de sua idoneidade. Agora Cery está comprometido
com o mago e não duvido que Sonea esteja nos planos do grande líder. No
entanto, a descoberta tão prontamente do Administrador acabou tendo um efeito
de me deixar desconfiada novamente.
O rei ainda é
um personagem bastante vago e distanciado, sobre o qual não consegui formar uma
opinião concreta. Tenho a impressão de que tenda a ser um vilão, mas a verdade
é que o autor ainda pode optar por fazer dele qualquer coisa.
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