terça-feira, 8 de outubro de 2013

Trilogia do Mago Negro – O Clã dos Magos – Trudi Canavan

Sinopse: Todos os anos, os magos de Imardin reúnem-se para purificar as ruas da cidade dos pedintes, criminosos e vagabundos. Os Mestres das disciplinas de magia sabem que ninguém pode opor-se a eles. No entanto, seu escudo protetor não é tão impenetrável quanto acreditam.

Qualificação: Bom!

Resenha: Um livro introdutório acima da média, que cumpre bem o papel de apresentar o contexto criado pelo autor. Faz-nos ultrapassar a fase de estranhamento com os termos e geografia peculiares, além de despertar o interesse pelos personagens e panorama sócio-político, bem como seus possíveis desdobramentos. No entanto, não conseguiu me passar muita empatia.

A trilogia me pareceu muito bem planejada, acredito que tende a crescer nos próximos volumes e chegue ao final deixando ao leitor a experiência de ter lido uma única e coesa história. Desde o princípio nos deparamos com elementos variados e misteriosos que apontam para potenciais eventos futuros.

Este volume em particular transita entre as diferentes esferas sociais nos alertando para as desigualdades e injustiças existentes, mas também para o fato de que algumas coisas não encontram alicerce no passado, sendo fruto de vícios, articulações e preconceitos. Os diversos ambientes também são percorridos sob vários pontos de vista, permitindo uma visão mais apurada da realidade, bem como da perspectiva de cada grupo social.

Senti falta de um discurso mais apaixonado, de um texto mais passional, seja no campo ideológico, seja nas relações interpessoais. A narrativa não se exime de afirmar sobre medos e anseios, mas não conseguiu fazer com que eu partilhasse estes sentimentos.

Sonea é uma garota humilde, que luta pela sobrevivência junto com os tios. Vítima da injustiça decorrente do evento da Purificação, ela acaba se unindo a um grupo de protesto que não consegue atingir aos magos, mas reflete a insatisfação da população. O que ela nunca poderia imaginar, é que o forte sentimento que a motivava desencadearia poderes capazes de romper a barreira que os protegia.

SPOILERS!!!

A fuga foi um pouco mais extensa do que deveria, confesso que já estava ficando cansada, especialmente porque ela estava obviamente destinada a se unir aos magos. Por sinal, apesar da insinuação inicial, não demoramos a perceber que os magos não são totalmente vilões, possuem membros bons e maus, como qualquer grupo. Isso por si só não seria problema, mas da maneira retratada acabou com o suspense pelo lado dos caçadores e tornou a fuga ainda mais cansativa. Tenho a impressão que apreciaria mais se eles permanecessem desconhecidos até a captura, para somente então descortinar sua pluralidade, causando novas dúvidas e expectativas no leitor.

O líder dos Magos sempre esteve envolto em mistério e tamanho poder em alguém tão novo já estava me deixando desconfiada de sua idoneidade. Agora Cery está comprometido com o mago e não duvido que Sonea esteja nos planos do grande líder. No entanto, a descoberta tão prontamente do Administrador acabou tendo um efeito de me deixar desconfiada novamente.

O rei ainda é um personagem bastante vago e distanciado, sobre o qual não consegui formar uma opinião concreta. Tenho a impressão de que tenda a ser um vilão, mas a verdade é que o autor ainda pode optar por fazer dele qualquer coisa.


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