quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Desventuras em Série - Mau Começo - Lemony Snicket

Sinopse: Sinto muito dizer que o livro que você tem nas mãos é bastante desagradável. Conta a infeliz história de três crianças muito sem sorte. Apesar de encantadores e inteligentes, os irmãos Baudelaire levam uma vida esmagada por aflições e infortúnios.

Qualificação: Regular.

Resenha: Só digo uma coisa.... o livro cumpre o que promete.

É uma história triste, trágica inclusive (CÊ JURA??!!!), mas a pior parte nem é essa. O pior é esse aviso se repetindo a cada instante, tentando te manter no clima, ou seja, lá embaixo. Tipo assim... nem adianta se animar, torcer, esperar um pouco de alívio, mas, espera, isso não está claro desde... SEMPRE?? Então qual a necessidade de ficar em loop??

Talvez a graça do livro seja justamente esse recurso e sua exaustiva repetição? Talvez. Se foi essa a idéia, talvez eles não tenham conseguido me alcançar e, talvez, você já esteja percebendo o quanto o recurso é cansativo. Mas, talvez você ache realmente interessante e, se for este o caso, você pode ser um infeliz satisfeito ao perceber que encontrou o livro que esteve procurando por toda vida sem saber!!

Por que não classifico certos livros logo como ruins? Porque não trago uma avaliação somente baseada no meu gosto, embora isso tenha um peso considerável. Quando escrevo levo em conta a qualidade do texto, o tipo de narração, os personagens, a história, a mitologia e tantas outras questões que vão surgindo. Nem sempre me apaixono por um livro, mas isso não impede que reconheça quando foi bem escrito, por exemplo. Este livro cumpre aquilo que promete. De fato isso é algo admirável. Ele é aquilo que se propõe a ser e não engana o leitor.

Cheguei até aqui movida por curiosidade, sabendo que havia uma boa chance de que não viesse realmente a gostar. Certa feita, adentrei uma livraria e dei de cara com este livro. Puxei um exemplar da prateleira e comecei a ler. Havia alguma coisa, algum tipo de curiosidade mórbida que fora desafiada com a sinopse, mas em determinado ponto concluí que não era algo para mim. Tempos depois vi o filme na TV e a sensação aumentou. Então o mundo deu algumas voltas e eis o livro novamente em minhas mãos (desculpe a falta de empolgação neste momento)!! Agora era uma missão concluir a leitura, então me dediquei e aqui estou. Me sinto meio lacônica, contaminada com o espírito derrotista imbuído na saga, sendo levada por um desastre iminente sem poder evitar... não deixa de ser irônico.

Uma ode à desesperança? A celebração do conformismo? Não posso afirmar com propriedade sobre os rumos da saga como um todo. Posso apenas fazer conjecturas, suposições. Se o autor cumprir a promessa até o fim, que tipo de pessoas as crianças Baudelaire se tornarão? Porque o narrador é derrotista até a alma, mas as crianças começam com alguma esperança e perdem boa parte durante a jornada de um único volume. Elas podem desenvolver seu potencial, criar excelentes estratégias de sobrevivência, mas se ao final nada nunca der certo, elas não serão mais capazes sequer de olhar para trás e manter os olhos sobre a figura que poderia transformar suas vidas enquanto seguem conformadas para frente, para um destino desconhecido, inevitável e provavelmente catastrófico.

Talvez - este livro me libertou da implicância com a redundância! Salvem-se todos! Corram para as colinas!! – bem, como eu dizia, talvez este livro tenha sido concebido para se tornar um desenho, embora um desenho triste. Sabe aqueles vilões caricatos, escancarados, que não fazem nenhum esforço para esconder seus interesses e ainda zombam na cara de todo mundo? É engraçado nos desenhos, mas não teve muita graça no livro. Foi tudo muito exagerado assim, surreal demais num sentido de pouco factível mesmo.

E entramos noutro ponto que segue cansativo: quando o livro que você está lendo tem inveja do dicionário e começa a explicar todas as palavras que ele imagina que alguém pode não saber o significado. Talvez o livro tenha sido gerado para criancinhas na fase pré-escolar, o que explicaria um pouco o meu nível de saturação. Não fico muito feliz quando o autor subestima minha capacidade de forma reiterada e constante. Acho muito saudável que as crianças ali estimuladas a ler pelos Baudelaire percebam a importância do dicionário. De fato, o intuito dos verbetes explicativos não parece ter relação direta com a educação. Mais parece um recurso estilístico pedante e desnecessário, ou somente chato mesmo.

O livro é bem escrito, curto e de fácil leitura. O tom é sempre pessimista, puxa o leitor para baixo e mantém ali. Apesar disso, ou por conta disso, não conseguiu realmente me comover, nem angariou minha simpatia.

Quando um incêndio deixa os irmãos Baudelaire órfãos e sem teto, eles sabem que a vida começa a trilhar um novo caminho. O que aconteceu foi terrível, mas foi só o começo de uma série interminável de infortúnios.


2 comentários:

  1. comprar o box e me dar de presente é um projeto para 2014... caso eu cumpra essa auto promessa tento fazer uma breve resenha em resposta a sua...rsrs mas pelo menos o presente serviu para fechar uma pendencia literária que se arrastava em sua vida... hahaha :p

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    1. \o/ Sim!!! Mate minhas curiosidades, me conte tudoooo!!!
      E valeu a tentativa, adorei essa parte! :D

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