Sinopse: A Insurreição existe e está
prestes a fazer um movimento. Cassia, Ky e Xander fazem parte da rebelião, mas
diferentes são as razões que os levaram até lá. Num futuro cada vez mais
incerto, cada um serve de uma maneira, conforme suas habilidades, em busca daquilo
em que acreditam.
Qualificação: Ótimo!!
Resenha: Existe uma poesia contagiante
à maneira que este livro se apresenta sobre a qual não consigo ficar
indiferente. Não foi tudo que eu esperava, mas foi tudo que ele quis ser e me
conquistou por isso.
O que posso
dizer? Nem tudo que eu queria saber foi devidamente respondido. Além disso,
tinha minhas preferências e expectativas. Algumas foram atendidas, outras foram
frustradas, mas acima de tudo amei o livro e sua narrativa, amei os personagens
e sua jornada, amei e fiquei tão exultante quanto de coração partido quando
acabou.
Depois de
trilhar um longo caminho rumo à Insurreição, finalmente nossos personagens não
somente descobrem que ela existe ou onde está, mas passam a fazer parte dela.
No entanto, servir à rebelião tem seu preço e eles acabam separados, quase sem
contato algum, desempenhando alguma atividade potencialmente perigosa.
“A Sociedade está
doente e nós temos a cura.”
A Insurreição
tem a metáfora perfeita configurada em sentido literal! Um vírus está se
espalhando e somente os rebeldes podem fornecer a cura. A Sociedade está
indefesa e a tomada de poder se dará sem muitas baixas, numa ação meticulosamente
planejada... ou assim eles acreditam.
De três pontos
de vista diferentes, a trama vai se desenrolando e os fatos se costurando, de
modo que tenhamos uma visão privilegiada de tudo. Os retalhos de informação se
completam e convergem numa transformação que ultrapassa os narradores, mas dão
conta de um quadro maior.
A jornada
continua difícil, repleta de dor, perdas e desesperança, embora deixe brechas para
o amor, a arte e a solidariedade. Oscila entre acontecimentos previsíveis e
imprevisíveis, nos deixando confortáveis na maior parte do tempo, mas também
com certo receio. Possui abertura suficiente para que tenhamos preferências e
desejos diversos. As pessoas estão redescobrindo seu potencial, seu mundo e
passam a lidar com a chance de fazer escolhas. É como se a humanidade voltasse
a caminhar depois de um longo tempo estagnada.
SPOILERS!!!!
“Se a Insurreição funcionar, o
que acontecerá em seguida? Essa é a parte da qual eles não costumam falar.”
Depois de
tantos anos de guerra fria, a Sociedade e a Insurreição se aproveitaram uma da
outra e se tornaram um único movimento. A forma de trabalho da rebelião e o
tipo de pensamento que estava guiando as ações andavam tão próximos que foi uma
conclusão normal. Não chegou a surpreender, teve solidez e passou a mensagem.
A Praga ter o
nome de Piloto foi uma sacada genial! Muito tenso perceber ao final que a
Sociedade tinha a cura o tempo todo, mas permite que muitas vidas sejam
perdidas para se manter no poder sob novo rótulo. Pior, ela permite que tudo se
espalhe e ganhe proporções absurdas simplesmente porque está dentro do
planejado. Claro, ela percebe que as pessoas estão famintas por mudança (muitas
já não são afetadas pelo comprimido vermelho) e vê a oportunidade de fazer uma
transição suave, apenas para conter os ânimos.
Nem tudo está
nos planos de todos, é claro. O Piloto corre de um lado para outro em desespero
para manter a posição, iludido e pressionado por todos os lados. Mais alguém
que desejava um mundo melhor e se deixa enganar pela idéia de que os fins
justificam os meios.
Terminou e eu
fiquei aqui ainda cheia de dúvidas!!! Não foi importante estabelecer a
realidade geográfica deste tempo, mas eu fiquei bastante curiosa a respeito. Nem
mesmo as Outras Terras tiveram alguma confirmação!!! Ao mesmo tempo tudo parece
uma ilusão, pois é bem difícil acreditar que ninguém nunca voltaria, nem mesmo
por amor a alguém. Daí fica a dúvida: existe mesmo?? É tão bom que ninguém
retorna? Foi válido não ignorarem o fato de que o mundo devia ser muito maior
do que aquela amostra, inclusive dentro das próprias terras conhecidas eles
percebem que as dimensões tem sido gradualmente alteradas... com que intuito? Foi
estranho fazer diversas abordagens e nenhuma constatação.
Entendi melhor
o fato não haverem encontrado Patrick e Aida, pois qualquer coisa poderia ter
acontecido com eles. No entanto, confesso que foi bem frustrante não dar de
cara com Matthew em algum momento. Ver seu nome ali na pedra e descobrir toda
verdade na história dos meninos me fez elaborar uma porção de teorias sobre seu
paradeiro, até mesmo a possibilidade de que ele fosse o Piloto.
Outra coisa
que teve um final simples foi a questão das amostras. No fim, tudo não passava
de um sistema de dominação, uma forma de dar esperança, de fazer as pessoas
suportarem o fardo na expectativa de uma vida melhor no futuro ou de se
agarrarem a alguém que se foi. Solução simples, limpa e aceitável, mas havia
imaginado tantas possibilidades que fiquei um pouco desapontada. Até imaginei
que todos ali fossem clones, que depois do território inimigo ficava o mundo
como conhecemos!! Eles serem tratados como animal de laboratório explicaria em
parte estarem eliminando as aberrações e anomalias, tipo como fazem com o gado
com o vírus da vaca louca.
Foi muito
esquisito ver Indie apaixonada por Ky depois de suspirar tanto por Xander. Foi
como se a autora mudasse de idéia no meio do caminho, ou confundisse as coisas
e depois colocasse aquela frase no final para justificar a mudança.
Se tudo que
ela queria era imprevisibilidade, não posso nem dizer que obteve êxito. Até o
final do volume anterior, as coisas estavam se desenhando de uma maneira, mas
não precisou muita coisa no caminhar deste livro para chegarmos às conclusões
certas sobre o final. Ky e Cassia sofreram muito no volume 2, mas este foi o
momento de Xander passar pelas provações. O coitado sofreu, viu suas esperanças
caindo por terra junto com incontáveis vítimas, descobriu a verdade sobre os
comprimidos azuis e percebeu que perdeu sua amada no momento que ela encontra
com seu concorrente. Como se não bastasse quase foi morto tentando salvar o
cara!
Destino. Eu
gostava da maneira que Ky e Cassia haviam se tornado um par e compartilhava da
euforia da descoberta. Achei totalmente desnecessária a revelação sobre a
articulação dele para estar no cartão dela. Deixou de ser aleatório, uma falha
do sistema perfeito, ou mesmo acaso do destino, para ser um plano de Ky. Ainda
não era de todo mal, pois ele agiu em prol de uma chance e conseguiu chamar a
atenção da garota que amava, deixando de ser uma vítima do destino, mas odiei o
fato de que ele nunca contou a verdade. Daí vem este livro e piora a situação
revelando que Cassia foi coagida a fazer a inserção que ele pagou para obter.
Perdi o entusiasmo e acabei partilhando a derrota de Xander. O menino tinha
tudo a seu favor, mas ainda sim, coragem suficiente para tentar algo melhor
para si e para a garota que amava. Partilhei o desejo de ver Cassia ampliando
os horizontes dele, mas entendo que não havia mais o que fazer pelo casal. Uma
garota de fora precisava conquistar seu coração para lhe trazer as mesmas
emoções e novidades. Nesse contexto, Indie seria a escolha indicada. No fim,
Lei volta do coma e se torna Lacey somente confirmando a proposta (embora eu
tenha achado isso meio forçado).
Tinha
impressão de que o povo nas montanhas estava desesperado para seguir às Outras
Terras. Não foi por esta razão que todos se uniram em busca da cura? Daí Xander
e Lei decidem ficar nas montanhas ajudando...???
A garota de
cabelo vermelho, que enfrentou as águas e os céus em busca de liberdade e
completude, acabou encontrando na morte o seu final. Foi um final adequado,
diante de sua nova paixão por Ky.
Já sabíamos
que Cassia não estava imune ao comprimido vermelho, mas este livro nos deu uma
dimensão sobre a questão abordando a infinidade de memórias que podem ter se perdido
ao longo do tempo. Qual o impacto que estas memórias poderiam ter tido? Quantas
coisas diferentes ela poderia ter escolhido? Uma delas é justamente a situação
vivida com Ky, quando ele estava a ponto de destruir o mapa no volume passado.
Foi tão bonito
ver Cassia tateando pela promoção da arte! Eis que aparecem almas famintas por
criação de todas as partes. Algumas precisam externar aquilo que transborda de
dentro delas em forma de palavras, desenhos, esculturas! Outras com olhos e
ouvidos famintos por fruição, corações sedentos de emoções. A Arquivista em seu
cinismo característico afirma o óbvio, que tudo aquilo que eles estavam fazendo
já havia sido feito e ainda melhor, mas aquele povo havia retrocedido, estava
reaprendendo e nunca havia mergulhado no conhecimento que somente a ela estava
disponível. Foi excelente todo processo de descoberta vivido por Cassia.
Ficou a
mensagem de que todos precisavam ser fortes para prosseguir em suas caminhadas
sem necessidade de acreditar que alguém estava vindo fazer por eles aquilo que
eles mesmos poderiam fazer. Sempre existirão líderes, mas eles não precisam
ditar todas as regras, podem fazer consultas e partilhar as diretrizes para a
vida em sociedade.
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