sábado, 28 de março de 2015

Memórias de um Amigo Imaginário – Matthew Dicks

Sinopse: “Enquanto Max acreditar em mim, eu existo. Posso precisar da imaginação do Max para existir, mas tenho os meus pensamentos, as minhas ideias e a minha vida, tudo isso separado dele.”

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: Com um toque de fantasia e muita sensibilidade o autor descortina um universo todo próprio de um garotinho especial.

O livro foi me ganhando aos poucos. O primeiro elemento foi a curiosidade. O que esperar de um amigo imaginário? As possibilidades tendem ao infinito!! Então embarquei na onda do narrador e me permiti admitir o formato proposto, com todas suas nuances. Não me arrependi, pois a proposta não somente é bem cuidada, como possui uma lógica própria e convincente. E se no fim não for exatamente assim, o importante é que a mensagem foi muito bem transmitida.

Bem escrito, o livro é muito tranquilo de acompanhar. E se o aspecto inicial da narrativa pode parecer bem simplório, ao longo da obra você percebe quanta habilidade foi empreendida na construção da trama para que todas as coisas complexas fossem tratadas de forma tão simples e casual.

Quanta coisa passa pela mente de uma criança vista como estranha e introspectiva? Seus comportamentos de aspecto absurdos podem esconder algum tipo de justificativa racional e lógica?

Fui cativada pelo garotinho e sofri junto com ele. A preocupação e empenho de seu amigo imaginário também tem uma parcela de contribuição. Amei, sobretudo, a capacidade do autor em transmitir a impotência, a inocência e o desamparo de uma criança.

Acompanhar Max não é uma tarefa simples. Toda sua perspectiva de mundo possui uma construção própria que ignora sutilezas e trato social. Incapaz de desempenhar o papel que se espera dele, Max precisa de um amigo que lhe compreenda e exerça o papel de mediador entre ele mesmo e o mundo que o cerca.

Budo surge com este propósito. Embora seja leal e dedicado, sua compreensão de mundo também é limitada pelas experiências e habilidades de seu criador. Uma vez criado, ele vai explorar o mundo e facilitar a vida de Max no que for possível, embora cada dia se depare com um conflito de interesses que envolve sua própria existência.

SPOILERS!!!

OMG!!! Não vou me ater muito nesta parte, mas não poderia deixar de fora alguns comentários.

Budo me fez até simpatizar com os amigos imaginários e sua causa, mas foi realmente confortador que ele tenha ido embora sabendo que cumpriu sua missão e que Max estava superando as maiores dificuldades. Embora ele seja o personagem principal e toda construção no seu entorno sejam excelentes, sinto que Max foi quem realmente me marcou e fez temer pelo desenrolar dos acontecimentos.

Que tensa aquela fuga! Max deu um show no uso da estratégia e eu quase surto quando ele foi agarrado já na porta de casa! Ainda bem que foi um final feliz porque eu já estava aqui pronta para desabar em lágrimas.

As dificuldades de percepção de Max me causavam uma angústia enorme!!! Tipo quando você está na água tentando fazer um movimento rápido, mas tem toda aquela camada contra você dificultando a ação!


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