Sinopse: Jane Hayes tem 33 anos e vive
em Nova York. Bonita, inteligente e com um bom emprego, ela guarda um segredo
constrangedor: é verdadeiramente obcecada por Mr. Darcy. Embora tenha desistido
de sua vida amorosa e aceitado viver solitária vendo Colin Firth em seu DVD,
ela vai descobrir que sua tia-avó Carolyn não só conhece suas intenções como
pretende livrá-la da obsessão ao fazê-la passar por uma experiência legítima
como dama do início do século XX num lugar chamado Austenlândia.
Qualificação: Mediano.
Resenha: Esperava mais...
Peguei o livro
querendo gostar muito dele. Me identifiquei um pouco com a personagem logo de
início e busquei fazer uma deliciosa imersão, ter uma agradável experiência.
Entretanto terminei com a sensação de incompletude e insatisfação.
Minha
experiência com romances de época não chega ao nível obsessivo da personagem,
mas tenho um carinho especial pelo gênero. Nesse tipo de literatura levamos em
conta todo um contexto histórico para aceitar determinadas atitudes e
situações. Austenlândia é um lugar fora de seu tempo, com pessoas que vivem
outro contexto histórico e trazem suas experiências contemporâneas
transformando o exercício de imersão num grande teatro.
Não me entenda
mal. Uma peça pode ser boa ou ruim, como qualquer outra arte. Se fosse
classificar esta aqui, diria que o idealizador se vendeu, colocou as
necessidades financeiras em primeiro lugar e entregou um produto adulterado.
A fusão entre
o presente e o passado foi tão realisticamente construída, que transformou a
experiência toda numa coisa vulgar. Não tiro o mérito na construção, não é
preciso trazer novos argumentos para demonstrar que as coisas poderiam
acontecer exatamente daquela maneira, mas eu não gostei do tratamento e me
reservo também este direito.
Teve
constatações muito válidas e momentos que variavam entre divertidos e reflexivos.
Fiquei na dúvida sobre o objetivo da autora, se desejava causar desilusão ou reforçar
o romantismo.
SPOILERS!!!
“Descubra o que é real para você.”
Um prostíbulo
de luxo. É possível não ficar desapontado com Austenlândia?
Desculpe, meu
romantismo deve ser próximo demais da personagem para que eu aceite isso bem
(embora acredite que gostar de Jane Austen é pré-requisito para se interessar
por este livro). Além disso, um certo passeio pelo universo cosplay e rpg me
permite afirmar que um trabalho de imersão divertido e interessante não precisa
envolver sexo. Assim, ouso afirmar que a escolha de abordagem feita pela autora
não foi feliz.
É fácil gostar
de Jane, sentir simpatia por sua obsessão e solidariedade com suas desilusões,
mesmo sabendo que está exagerando nas atitudes. Senti cumplicidade no desejo de
manter o conforto do mundo moderno e compartilhei a ansiedade frente à necessidade
de atuar, com receio de fazer algo ridículo, ainda que todos ao redor também
estivessem atuando.
A melhor coisa
do livro foi acompanhar suas transformações. A moça insegura decide tentar de
verdade e ganha confiança. Cresce ao ponto em que consegue se desvincular do
ideal quando algo que considera real está em jogo. Por isso mesmo, é muito decepcionante
quando sua escolha também revela uma grotesca mentira. E a perda dessa
conquista enquanto indivíduo torna um tanto amargo o doce final com Henry.
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