Sinopse: Manual que reúne máximas do
renomado filósofo e sugere aplicações práticas para o dia a dia.
Qualificação: Ruim!
Resenha: Como todo livro que pretende “ensinar”
como vivermos melhor nossas vidas, tem sugestões aproveitáveis, que direcionam
o olhar para um aspecto diferente do nosso pensamento e induz à reflexão, no
entanto, infelizmente essas foram a minoria e se perderam num emaranhado
confuso e pouco confiável.
Não posso
afirmar que sou estressada, em geral prezo pela minha paz de espírito. A
leitura veio por sugestão de um colega, muito mais pela veia pseudo filosófica, do que pela proposta
anti-stress. No entanto, o reflexo indignado deste texto pode vir a passar a
impressão oposta, de que sou uma bomba prestes a explodir... mérito do livro??
Foi uma
experiência tumultuada, cercada de momentos inusitados. Pelo próprio formato de
manual e proposta de reflexão, não é uma história contínua, que consumimos
enquanto os olhos permanecem abertos, mas uma leitura quebrada, cheia de pausas
e mudanças repentinas de raciocínio. Assim, houve dias em que li com bom humor e dei
boas risadas, outros que o fiz com paciência e dedicação, e ainda outros em que
o livro conseguiu o que parecia impossível: me estressou!
Não sou
estudiosa da filosofia, nem conhecedora exímia dos pensadores, mas pensando bem
(com trocadilhos!), o livro não se destina a essas pessoas, certo? Então, como
não achar que estão forçando a barra ao ler como uma das máximas de Nietzsche
que “A razão começa na cozinha”? Oi? O
texto também não contribui em nada para consolidar a relação e explicar como o
filósofo chegou a esta conclusão, nem sequer o que exatamente ele queria dizer
com a afirmação. Isso me fez duvidar da base de referência primordial da obra. Então,
busquei as referências bibliográficas para saber mais sobre a raiz de algumas
pérolas e fiquei realmente chocada por não encontrar nenhuma de Nietzsche!
Sim,
exatamente assim, entre as referências e outras sugestões nada é atribuído ao
filósofo, o máximo que encontrei foi um estudo sobre ele. Me desculpe, Senhor
Percy, mas seu livro perdeu toda credibilidade após esta constatação, mesmo com
citações aleatórias a algumas obras em outros trechos. Concordo que o livro não
deveria conter um pesado arcabouço teórico, mas nada impedia uma notinha de
rodapé ou um banco de referências ao final, apenas para quem tivesse o
interesse de verificar ou conhecer mais a fundo algum dos temas, especialmente
os mais estranhos ou curiosos.
Além disso, pegar
frases soltas sem trabalhar o contexto pode dar margem a muita distorção. Existem
diversas passagens em que o texto não complementa a frase a que se refere,
passando a impressão de inadequação ainda maior, como se a frase fosse apenas
uma desculpa para o autor expressar suas reais ideias. Sou capaz de aceitar a
frase “Precisamos amar a nós mesmos para
sermos capazes de nos tolerar e não levar uma vida errante”, mas não
consigo engolir a dica relacionada ao tema que me manda PARAR de analisar meus
erros. Como perdoar ou aperfeiçoar minhas qualidades sem nem querer entender
onde reside o erro? Em que isso vai contribuir para minha auto estima? Se deixar de ter senso crítico deve ser valorizado para combater o stress, prefiro morrer estressada. A falta de limites e equilíbrio é preocupante. Uma vez
que o contexto da frase de Nietzsche é desconhecido, a quem atribuir tal constatação
e desagrado?
Seria muito
mais aceitável um manual honesto, em que o autor se valesse de diversas
referências e experiências pessoais para orientar outras pessoas, sem a
pretensão de usar a fama do falecido para chamar atenção sobre si. Certamente o
teria tomado pelo que efetivamente é, não ficaria com tantas dúvidas sobre a
idoneidade do pretenso conselheiro e teria boa fé sobre suas intenções em
contribuir para meu crescimento pessoal.
Ficou difícil
levar a sério a leitura e aproveitar as poucas passagens dignas de nota. Talvez
o leitor menos exigente e/ou mais estressado consiga extrair melhor
conhecimento e proveito, mas tudo que pude sentir foi o desejo de terminar de
uma vez e aproveitar melhor meu tempo.
Ps: Detonar plástico bolha pode ser mais eficiente. Fica a dica! ;)
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