sábado, 16 de março de 2013

Série Gone 02 – Fome – Michael Grant

Sinopse: Três meses se passaram e as coisas só pioram. A comida está acabando, aumentando discórdias e criando ressentimento entre pessoas sem poderes contra aquelas com habilidades, que surgem a cada dia. No entanto, existe algo escondido que também tem fome e pode ser muito mais perigoso que qualquer humano.

Qualificação: Excelente!!

Resenha: Nesse exato instante estou com os dedos coçando para pegar o volume 03 e continuar a saga!! Mal posso me permitir esta pausa para absorver o livro diante de tanta impaciência, mas vou tentar!

Existem histórias que simplesmente ignoram as causas, as origens e se contentam em contar uma trama sobrenatural sem maiores explicações. Felizmente não é este o caso. Saímos do “nada explica” para uma cadeia de eventos lógica e coerente, que aproveita todos os elementos estrategicamente plantados ao longo dos volumes para dar sentido àquilo que se propôs a apresentar.  

A série continua intensa, cheia de acontecimentos paralelos que vão interagindo e se entrecruzando de forma cada vez mais avassaladora, arrasando nossos sentidos no processo. A fome está apertando em todas as frentes e a situação é desesperadora! Vamos sentindo como isso vai influenciando todas as decisões e permeia todos os conflitos vivenciados no livro.

Sam nunca desejou ser um líder. Ele ainda é um jovem de 15 anos, mas o fato de ser uma das pessoas mais velhas do LGAR, além do talento natural para agir durante as crises e um poder acima da média, fez com que assumisse uma tremenda responsabilidade. Agora ele tenta dar conta do recado com o apoio de seus amigos, mas o que era difícil vai assumindo contornos cada vez mais desafiadores e impossíveis.

Os garotos de Praia Perdida ainda são aqueles em melhor situação, mas o fato de serem crianças não os desperta para a necessidade de trabalhar, cultivar ou contribuir. Enquanto Sam apela para a boa vontade dos pequeninos, Albert começa a planejar meios subjetivos de racionalizar o que já existe e sistematizar novas possibilidades. No entanto, existe um micro universo fervilhando na cidade e é exasperante acompanhar esta parte em paralelo com os enormes problemas vivenciados pela liderança. A falta de noção de alguns, bem como os caminhos da fome, começam a criar desafetos, desconfianças, inimizades, confrontos e mortes numa crescente desenfreada.

A Coates está um caos sem comida, nem a liderança de um Caine cada vez mais distante da realidade. Seu despertar trás alguma esperança de que as coisas possam mudar, mas ele já não é o mesmo e precisa lidar com uma força maior até mesmo que da sua fome ou da sua vontade.

Existe algo está com fome no escuro e fará de tudo para se alimentar, fazendo girar uma engrenagem frenética, surreal e fantástica. Sobreviver vai requerer a habilidade de se apropriar do desconhecido.

SPOILERS!!!

Que final foi esse??!! Será que ainda poderemos visualizar algum tipo de saída do LGAR? Acabei dois volumes e ainda fico aqui imaginando uma forma de consertar as coisas, então me dou conta de que talvez isso não aconteça mesmo, nem agora, nem nunca. Também, como isso poderia acontecer a essa altura dos acontecimentos?

Sou da opinião de que a criatura ainda existe e, pior do que isso, está se alimentando muito bem nas profundezes da terra. Assim, não descarto a possibilidade de seu retorno em pleno vigor e um grande embate futuro. De qualquer maneira, foi um alívio vê-la escoar libertando Lana e Caine. Admito que ainda espero a união dos irmãos por uma causa maior e este talvez tenha sido o primeiro passo.

Simplesmente saboreei cada descoberta sobre o mistério que ronda o LGAR. O que parecia impossível de explicar, especialmente com o desaparecimento de todos aqueles que poderiam estar conscientes e envolvidos, ganha forma e, o melhor de tudo, é possível aceitar e concordar com ela! Não foi difícil perceber que aquele primeiro acidente na usina não era um fato isolado, mas o provável início da confusão toda, afinal, os poderes começam a surgir antes da criação do LGAR. O que não antecipei, mas faz todo sentido, foi o fato da criatura ter manipulado as pessoas para que o segundo acidente acontecesse. Assim, Pete não apenas refreou o desastre iminente, mas uma tentativa deliberada de liberação da radiação, fato que ainda justifica o “puf” dos adultos.

O caso de Brittney é muito bizarro! Terminar enterrada sem nem mesmo saber direito se viva ou morta me deixou aqui em cólicas de tanta curiosidade. Em que ela se transformou? Qual o propósito da sua sobrevivência? Quando Caine e sua gang invadem a usina, sua atitude guerreira é empolgante, emocionante e faz desejar que sua bravura seja recompensada de alguma maneira. Naquele momento era quase impossível acreditar que ela conseguiria matar o Caine, mas agora já não me surpreenderia se ela viesse a conseguir. E, quer saber? De certa forma estou na torcida para que ela saia dessa cova e realize um grande feito.

A presença de Lana tem um efeito meio tranquilizador para o leitor, tanto quanto para os personagens. Ver a desconstrução dessa certeza e trazer de volta a aflição pela vida dos nossos heróis foi genial. Por mais que a esperança existisse enquanto a personagem continuasse lá, houve um momento em que comecei a ficar realmente preocupada, imaginando quais seriam os novos rumos e reviravoltas que os seguiriam se certas mortes se confirmassem.

O coitado do Duck surgiu apenas para ser o coringa capaz de levar a criatura para as profundezas. Quando afundou piscina adentro, nunca imaginei o desfecho que teria, mas me perguntei se ele não seria capaz de atravessar a barreira intransponível. Não é uma pena que essa pequena experiência agora pareça impraticável?

Fiquei com muita pena do Hunter. Foi tudo muito cruel com ele. Matou um amigo involuntariamente, depois sofreu aquela fome, perseguição, pancadaria, derrame, quase enforcamento e, por fim, exílio. Ainda me pergunto se a carne era pretexto do Zil ou se não foi justamente o Harry quem a roubou, motivo pelo qual se meteu na briga e acabou morrendo.

Tinha como não sentir o sangue borbulhar de raiva quando Zil aparecia? Ô muleque besta! O interessante é notar que ele normalmente não teria chance de chegar tão longe e tinha consciência do fato, portanto agiu oportunamente. A necessidade da liderança, de lidar com problemas mais urgentes em outros lugares, permitiu que ele se espalhasse e colocasse em prática sua campanha purista. Um confronto mal executado, mas me pergunto: será que ainda não vamos vivenciar esse embate mais adiante, como fruto de alguma ação legítima, medo e auto-defesa bem fundamentados?

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