Sinopse: Três
meses se passaram e as coisas só pioram. A comida está acabando, aumentando
discórdias e criando ressentimento entre pessoas sem poderes contra aquelas com
habilidades, que surgem a cada dia. No entanto, existe algo escondido que
também tem fome e pode ser muito mais perigoso que qualquer humano.
Qualificação: Excelente!!
Resenha: Nesse
exato instante estou com os dedos coçando para pegar o volume 03 e continuar a
saga!! Mal posso me permitir esta pausa para absorver o livro diante de tanta impaciência,
mas vou tentar!
Existem histórias que simplesmente ignoram
as causas, as origens e se contentam em contar uma trama sobrenatural sem
maiores explicações. Felizmente não é este o caso. Saímos do “nada explica”
para uma cadeia de eventos lógica e coerente, que aproveita todos os elementos estrategicamente
plantados ao longo dos volumes para dar sentido àquilo que se propôs a apresentar.
A série continua intensa, cheia de
acontecimentos paralelos que vão interagindo e se entrecruzando de forma cada
vez mais avassaladora, arrasando nossos sentidos no processo. A fome está
apertando em todas as frentes e a situação é desesperadora! Vamos sentindo como
isso vai influenciando todas as decisões e permeia todos os conflitos
vivenciados no livro.
Sam nunca desejou ser um líder. Ele
ainda é um jovem de 15 anos, mas o fato de ser uma das pessoas mais velhas do
LGAR, além do talento natural para agir durante as crises e um poder acima da
média, fez com que assumisse uma tremenda responsabilidade. Agora ele tenta dar
conta do recado com o apoio de seus amigos, mas o que era difícil vai assumindo
contornos cada vez mais desafiadores e impossíveis.
Os garotos de Praia Perdida ainda são
aqueles em melhor situação, mas o fato de serem crianças não os desperta para a
necessidade de trabalhar, cultivar ou contribuir. Enquanto Sam apela para a boa
vontade dos pequeninos, Albert começa a planejar meios subjetivos de
racionalizar o que já existe e sistematizar novas possibilidades. No entanto,
existe um micro universo fervilhando na cidade e é exasperante acompanhar esta
parte em paralelo com os enormes problemas vivenciados pela liderança. A falta
de noção de alguns, bem como os caminhos da fome, começam a criar desafetos,
desconfianças, inimizades, confrontos e mortes numa crescente desenfreada.
A Coates está um caos sem comida, nem
a liderança de um Caine cada vez mais distante da realidade. Seu despertar trás
alguma esperança de que as coisas possam mudar, mas ele já não é o mesmo e
precisa lidar com uma força maior até mesmo que da sua fome ou da sua vontade.
Existe algo está com fome no escuro e
fará de tudo para se alimentar, fazendo girar uma engrenagem frenética, surreal
e fantástica. Sobreviver vai requerer a habilidade de se apropriar do
desconhecido.
SPOILERS!!!
Que final foi esse??!! Será que ainda
poderemos visualizar algum tipo de saída do LGAR? Acabei dois volumes e ainda
fico aqui imaginando uma forma de consertar as coisas, então me dou conta de
que talvez isso não aconteça mesmo, nem agora, nem nunca. Também, como isso
poderia acontecer a essa altura dos acontecimentos?
Sou da opinião de que a criatura
ainda existe e, pior do que isso, está se alimentando muito bem nas profundezes
da terra. Assim, não descarto a possibilidade de seu retorno em pleno vigor e
um grande embate futuro. De qualquer maneira, foi um alívio vê-la escoar libertando
Lana e Caine. Admito que ainda espero a união dos irmãos por uma causa maior e
este talvez tenha sido o primeiro passo.
Simplesmente saboreei cada descoberta
sobre o mistério que ronda o LGAR. O que parecia impossível de explicar,
especialmente com o desaparecimento de todos aqueles que poderiam estar
conscientes e envolvidos, ganha forma e, o melhor de tudo, é possível aceitar e
concordar com ela! Não foi difícil perceber que aquele primeiro acidente na
usina não era um fato isolado, mas o provável início da confusão toda, afinal,
os poderes começam a surgir antes da criação do LGAR. O que não antecipei, mas
faz todo sentido, foi o fato da criatura ter manipulado as pessoas para que o
segundo acidente acontecesse. Assim, Pete não apenas refreou o desastre
iminente, mas uma tentativa deliberada de liberação da radiação, fato que ainda
justifica o “puf” dos adultos.
O caso de Brittney é muito bizarro! Terminar
enterrada sem nem mesmo saber direito se viva ou morta me deixou aqui em
cólicas de tanta curiosidade. Em que ela se transformou? Qual o propósito da sua
sobrevivência? Quando Caine e sua gang invadem a usina, sua atitude guerreira é
empolgante, emocionante e faz desejar que sua bravura seja recompensada de
alguma maneira. Naquele momento era quase impossível acreditar que ela
conseguiria matar o Caine, mas agora já não me surpreenderia se ela viesse a
conseguir. E, quer saber? De certa forma estou na torcida para que ela saia
dessa cova e realize um grande feito.
A presença de Lana tem um efeito meio
tranquilizador para o leitor, tanto quanto para os personagens. Ver a
desconstrução dessa certeza e trazer de volta a aflição pela vida dos nossos
heróis foi genial. Por mais que a esperança existisse enquanto a personagem continuasse
lá, houve um momento em que comecei a ficar realmente preocupada, imaginando
quais seriam os novos rumos e reviravoltas que os seguiriam se certas mortes se
confirmassem.
O coitado do Duck surgiu apenas para
ser o coringa capaz de levar a criatura para as profundezas. Quando afundou
piscina adentro, nunca imaginei o desfecho que teria, mas me perguntei se ele
não seria capaz de atravessar a barreira intransponível. Não é uma pena que
essa pequena experiência agora pareça impraticável?
Fiquei com muita pena do Hunter. Foi
tudo muito cruel com ele. Matou um amigo involuntariamente, depois sofreu
aquela fome, perseguição, pancadaria, derrame, quase enforcamento e, por fim,
exílio. Ainda me pergunto se a carne era pretexto do Zil ou se não foi
justamente o Harry quem a roubou, motivo pelo qual se meteu na briga e acabou
morrendo.
Tinha como não sentir o sangue
borbulhar de raiva quando Zil aparecia? Ô
muleque besta! O interessante é notar
que ele normalmente não teria chance de chegar tão longe e tinha consciência do
fato, portanto agiu oportunamente. A necessidade da liderança, de lidar com
problemas mais urgentes em outros lugares, permitiu que ele se espalhasse e
colocasse em prática sua campanha purista. Um confronto mal executado, mas me
pergunto: será que ainda não vamos vivenciar esse embate mais adiante, como
fruto de alguma ação legítima, medo e auto-defesa bem fundamentados?
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