Sinopse: Uma escolha pode transformar ou
destruir, mas sempre vem com consequências. À medida que uma inquietação cresce
nas facções, Tris Prior continua tentando salvar aqueles a quem ama (e a si
mesma), enquanto luta com as questões que lhe assombram sobre luto e perdão,
identidade e lealdade, política e amor.
Qualificação: Bom.
Resenha: Simplesmente não consigo me
apaixonar pela série, nem me empolgar totalmente por toda argumentação que
sustenta a trama. Desejei ardentemente conseguir este feito, mas me rendo ao
estado atual de insatisfação misturado com decepção.
Não é como se
nada pudesse ser aproveitado. Tem momentos ótimos, muita ação, situações
comoventes, que isoladamente garantem alguma diversão, mas quando o quadro se
expande não gosto do que vejo. É como se pegasse um quebra-cabeças para montar
e, aos poucos, percebesse que as peças não encaixam direito e que pedaços
realmente intrigantes, coloridos, que prometem uma imagem fenomenal, no fim não
formam um desenho tão legal assim.
O livro retoma
a narrativa praticamente do ponto em que a deixou no volume anterior. Depois da
fuga, eles encontram refúgio na facção da Amizade e precisam então definir que
alternativas e estratégias podem garantir sua sobrevivência.
Tris precisa
se confrontar com as perdas, com a culpa e passa por uma crise aceitável. No
entanto, a situação se estende e começa a ficar cansativa, repetitiva, além de
servir como desculpa para muitos acontecimentos incoerentes. Em determinado
momento não conseguia mais solidarizar com o problema, apenas me tornei tão obsessiva
quanto ela na expectativa de encontrar uma informação realmente relevante que
justificasse tudo e trouxesse uma espécie de redenção. No fim, apenas a
curiosidade me manteve atenta e motivada.
Depois de ler
o conto, tenho a impressão de que gostaria muito mais se tudo ocorresse sob a
perspectiva de Tobias, simplesmente porque ele soa muito mais centrado,
analítico e coerente do que Beatrice. Imagino que seja proposital, que a mente
dela seja a maior incógnita de todas, mas nem por isso fica mais fácil aceitar
quem ela é nem a maneira com a qual decide fazer as coisas.
SPOILERS!!
Quando Marcus
surge com a conversa de algo terrível aguardando do lado de fora, achei que a
série iria dar um passo na direção da ameaça zumbi ou então tremer sob o ataque
de cylons, extraterrestres, algo que
o valha. Fiquei animada com a possibilidade de um fato revolucionário e surpreendente,
mas logo contive minha emoção porque não combinava com a opção da Erudição, não
era algo que pudesse permanecer oculto se assim o desejassem, algo que não
viria em rota de colisão se decidissem ignorar.
Desde o
princípio, achei inconcebível a concepção em facções da sociedade nos moldes
apresentados. Este livro veio apenas reforçar este pensamento, não somente
quando tudo começa a ruir, mas cada momento em que a sustentação se mostrava
tão frágil e artificial que precisava ser mantida através de drogas e controles
externos.
Pudemos fazer
um passeio pelas facções ainda desconhecidas e sentir como as coisas
funcionavam naqueles lugares. Fiquei muito desapontada quando me deparei com
aquelas drogas provocando o alheamento, fabricando o desejo de paz que se
esperava ser natural dentro da Amizade. Então partimos para a sede da
Sinceridade e vemos um soro da verdade sendo administrado no intuito de que a
verdade realmente saia sem reservas. Tudo falso, tudo fabricado, então o final
nem chegou a ser surpreendente. Aquilo tudo já parecia um grande experimento
científico.
Por outro
lado, gostei de ver a compreensão de Tris sobre a importância do trabalho
realizado pela Amizade, de como a facção era independente e auto-sustentável. Como
o portão está na área deles, acredito que esse fato ainda vai ter relevância no
futuro. Da mesma maneira, o soro da verdade proporcionou fortes emoções quando
Tris e Tobias passam por seus interrogatórios e se desesperam na revelação de
seus segredos mais íntimos, sem contar que, mais uma vez a jovem se mostra com
poder incomum para vencer o controle do soro.
Tudo ainda
está bastante solto e caótico. Conhecer a verdade pode não ser o suficiente
para fazer dela uma opção inegociável. Imagino que, da mesma maneira que
Jeanine tentou esconder a possibilidade de sair do experimento, muitas pessoas
devem permanecer em dúvida sobre a melhor atitude a tomar. Não parece tão óbvio
que Evelyn ou a turma da Amizade simplesmente abram os portões para quem quiser
passar, nem que todos estejam ansiosos para se aventurar do outro lado.
O mundo
exterior foi apresentado como o ápice da violência e degradação humana. Embora
o mundo dentro da cerca esteja longe de ser perfeito, o medo do desconhecido, a
dúvida sobre aquilo que se espera do lado de fora pode compelir as pessoas a
permanecer dentro da área do experimento. No entanto, muitos também farão a
opção por cruzar a fronteira e a saída de um indivíduo é suficiente para
desfazer o isolamento e destruir aquele modo de vida para sempre.
Ser divergente
deveria ser uma coisa positiva. Era esse tipo de pessoas que o experimento se
propunha a desenvolver, mas aqueles que sabiam da verdade aos poucos se
voltaram contra esse fato, estimulando uma espécie de caçada aos diferentes. A
divergência é tratada como uma anomalia, talvez um novo estágio no
desenvolvimento humano, mas ainda não consegui me convencer sobre o propósito e
sucesso da empreitada.
O
relacionamento entre Tris e Tobias é bastante conturbado, sobretudo pela falta
de confiança. Esperava que eles fossem se apoiar mais e desenvolver um
relacionamento cooperativo, mas isso esteve longe de acontecer, nos deparamos
com constantes mentiras, segredos e falsas promessas. Nem culpo tanto ele, pois
a garota demonstra enorme imaturidade em tantas ocasiões!
Embora acredite que sacrifícios são válidos, tudo que vi foi uma jovem tomando atitudes egoístas sob a bandeira do altruísmo. Ela se entregou porque queria morrer, espiar seus pecados, conhecer a si mesma, em nenhum momento pensou além disso, nem mesmo considerou o pedido de Tobias ou imaginou o que ele faria. Evitar mais mortes foi apenas um detalhe. Mártires defendem uma causa, não escolhem a morte, nem se deleitam nela. Desde sempre, mesmo que ela insista em pensar o contrário, parecia evidente que a melhor maneira de honrar a memória dos mortos era vivendo e fazendo a diferença e foi penoso acompanhar as lamentações até o “cair da ficha”!
Embora acredite que sacrifícios são válidos, tudo que vi foi uma jovem tomando atitudes egoístas sob a bandeira do altruísmo. Ela se entregou porque queria morrer, espiar seus pecados, conhecer a si mesma, em nenhum momento pensou além disso, nem mesmo considerou o pedido de Tobias ou imaginou o que ele faria. Evitar mais mortes foi apenas um detalhe. Mártires defendem uma causa, não escolhem a morte, nem se deleitam nela. Desde sempre, mesmo que ela insista em pensar o contrário, parecia evidente que a melhor maneira de honrar a memória dos mortos era vivendo e fazendo a diferença e foi penoso acompanhar as lamentações até o “cair da ficha”!
Soa
completamente absurdo que Tris aceite a palavra de Marcus e se jogue naquela
empreitada mortal, inclusive traindo todo mundo que a apoiou no processo sem
ter idéia daquilo que estava defendendo. Isso não parece algo bom, independente
do que a proposta queira apresentar como sendo “flexível”. Flexível é
reconhecer a necessidade de mudança no pensamento diante de uma novidade e é
perfeitamente adequado que ela dê uma chance a Marcus independente de seus
sentimentos pela pessoa, mas então, ele não foi convincente com o seu “você tem
que ver para crer”.
Todo pânico com
armamento desenvolvido por Tris foi injustificado, chato, irritante e incompatível com
todo preparo e desafios que ela veio enfrentando na facção. Pareceu mesmo que
se desenhou com o único intuito de tornar possível que ela vencesse a si mesma
na simulação mesmo estando em franca desvantagem. Entre muitas coisas, não
consigo imaginar uma simulação se limitando pelo pânico, pelo contrário me
parece muito mais lógico que a simulação seja capaz de incorporar a habilidade
com armamento e ignorar as dúvidas e tremores advindos do pânico, encarando
como uma falha humana indigna de reconhecimento, sobre a qual tirar proveito.
Quando o
momento da fuga de Tris realmente aconteceu eu já não tinha qualquer convicção
de que não passasse de uma simulação e estranhei que a própria garota não ficasse
em dúvida também, nem que fosse por alguns segundos.
PS: A arte da capa está show! Merece ser notada, dá muita vontade de ler.
PS2: Deixa ver se entendi: Cristina esteve sob o efeito da simulação, matou trocentos inocentes da Abnegação,
despertou no meio do caos, mas precisou ver Marlene se jogando para entender que
a pessoa não tinha controle de si mesma durante o transe?
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