terça-feira, 6 de agosto de 2013

Serie Divergent 02 - Insurgent – Verônica Roth

Sinopse: Uma escolha pode transformar ou destruir, mas sempre vem com consequências. À medida que uma inquietação cresce nas facções, Tris Prior continua tentando salvar aqueles a quem ama (e a si mesma), enquanto luta com as questões que lhe assombram sobre luto e perdão, identidade e lealdade, política e amor.

Qualificação: Bom.

Resenha: Simplesmente não consigo me apaixonar pela série, nem me empolgar totalmente por toda argumentação que sustenta a trama. Desejei ardentemente conseguir este feito, mas me rendo ao estado atual de insatisfação misturado com decepção.

Não é como se nada pudesse ser aproveitado. Tem momentos ótimos, muita ação, situações comoventes, que isoladamente garantem alguma diversão, mas quando o quadro se expande não gosto do que vejo. É como se pegasse um quebra-cabeças para montar e, aos poucos, percebesse que as peças não encaixam direito e que pedaços realmente intrigantes, coloridos, que prometem uma imagem fenomenal, no fim não formam um desenho tão legal assim.

O livro retoma a narrativa praticamente do ponto em que a deixou no volume anterior. Depois da fuga, eles encontram refúgio na facção da Amizade e precisam então definir que alternativas e estratégias podem garantir sua sobrevivência.

Tris precisa se confrontar com as perdas, com a culpa e passa por uma crise aceitável. No entanto, a situação se estende e começa a ficar cansativa, repetitiva, além de servir como desculpa para muitos acontecimentos incoerentes. Em determinado momento não conseguia mais solidarizar com o problema, apenas me tornei tão obsessiva quanto ela na expectativa de encontrar uma informação realmente relevante que justificasse tudo e trouxesse uma espécie de redenção. No fim, apenas a curiosidade me manteve atenta e motivada.

Depois de ler o conto, tenho a impressão de que gostaria muito mais se tudo ocorresse sob a perspectiva de Tobias, simplesmente porque ele soa muito mais centrado, analítico e coerente do que Beatrice. Imagino que seja proposital, que a mente dela seja a maior incógnita de todas, mas nem por isso fica mais fácil aceitar quem ela é nem a maneira com a qual decide fazer as coisas.

SPOILERS!!

Quando Marcus surge com a conversa de algo terrível aguardando do lado de fora, achei que a série iria dar um passo na direção da ameaça zumbi ou então tremer sob o ataque de cylons, extraterrestres, algo que o valha. Fiquei animada com a possibilidade de um fato revolucionário e surpreendente, mas logo contive minha emoção porque não combinava com a opção da Erudição, não era algo que pudesse permanecer oculto se assim o desejassem, algo que não viria em rota de colisão se decidissem ignorar.

Desde o princípio, achei inconcebível a concepção em facções da sociedade nos moldes apresentados. Este livro veio apenas reforçar este pensamento, não somente quando tudo começa a ruir, mas cada momento em que a sustentação se mostrava tão frágil e artificial que precisava ser mantida através de drogas e controles externos.

Pudemos fazer um passeio pelas facções ainda desconhecidas e sentir como as coisas funcionavam naqueles lugares. Fiquei muito desapontada quando me deparei com aquelas drogas provocando o alheamento, fabricando o desejo de paz que se esperava ser natural dentro da Amizade. Então partimos para a sede da Sinceridade e vemos um soro da verdade sendo administrado no intuito de que a verdade realmente saia sem reservas. Tudo falso, tudo fabricado, então o final nem chegou a ser surpreendente. Aquilo tudo já parecia um grande experimento científico.

Por outro lado, gostei de ver a compreensão de Tris sobre a importância do trabalho realizado pela Amizade, de como a facção era independente e auto-sustentável. Como o portão está na área deles, acredito que esse fato ainda vai ter relevância no futuro. Da mesma maneira, o soro da verdade proporcionou fortes emoções quando Tris e Tobias passam por seus interrogatórios e se desesperam na revelação de seus segredos mais íntimos, sem contar que, mais uma vez a jovem se mostra com poder incomum para vencer o controle do soro.

Tudo ainda está bastante solto e caótico. Conhecer a verdade pode não ser o suficiente para fazer dela uma opção inegociável. Imagino que, da mesma maneira que Jeanine tentou esconder a possibilidade de sair do experimento, muitas pessoas devem permanecer em dúvida sobre a melhor atitude a tomar. Não parece tão óbvio que Evelyn ou a turma da Amizade simplesmente abram os portões para quem quiser passar, nem que todos estejam ansiosos para se aventurar do outro lado.

O mundo exterior foi apresentado como o ápice da violência e degradação humana. Embora o mundo dentro da cerca esteja longe de ser perfeito, o medo do desconhecido, a dúvida sobre aquilo que se espera do lado de fora pode compelir as pessoas a permanecer dentro da área do experimento. No entanto, muitos também farão a opção por cruzar a fronteira e a saída de um indivíduo é suficiente para desfazer o isolamento e destruir aquele modo de vida para sempre.

Ser divergente deveria ser uma coisa positiva. Era esse tipo de pessoas que o experimento se propunha a desenvolver, mas aqueles que sabiam da verdade aos poucos se voltaram contra esse fato, estimulando uma espécie de caçada aos diferentes. A divergência é tratada como uma anomalia, talvez um novo estágio no desenvolvimento humano, mas ainda não consegui me convencer sobre o propósito e sucesso da empreitada.

O relacionamento entre Tris e Tobias é bastante conturbado, sobretudo pela falta de confiança. Esperava que eles fossem se apoiar mais e desenvolver um relacionamento cooperativo, mas isso esteve longe de acontecer, nos deparamos com constantes mentiras, segredos e falsas promessas. Nem culpo tanto ele, pois a garota demonstra enorme imaturidade em tantas ocasiões!

Embora acredite que sacrifícios são válidos, tudo que vi foi uma jovem tomando atitudes egoístas sob a bandeira do altruísmo. Ela se entregou porque queria morrer, espiar seus pecados, conhecer a si mesma, em nenhum momento pensou além disso, nem mesmo considerou o pedido de Tobias ou imaginou o que ele faria. Evitar mais mortes foi apenas um detalhe. Mártires defendem uma causa, não escolhem a morte, nem se deleitam nela. Desde sempre, mesmo que ela insista em pensar o contrário, parecia evidente que a melhor maneira de honrar a memória dos mortos era vivendo e fazendo a diferença e foi penoso acompanhar as lamentações até o “cair da ficha”!

Soa completamente absurdo que Tris aceite a palavra de Marcus e se jogue naquela empreitada mortal, inclusive traindo todo mundo que a apoiou no processo sem ter idéia daquilo que estava defendendo. Isso não parece algo bom, independente do que a proposta queira apresentar como sendo “flexível”. Flexível é reconhecer a necessidade de mudança no pensamento diante de uma novidade e é perfeitamente adequado que ela dê uma chance a Marcus independente de seus sentimentos pela pessoa, mas então, ele não foi convincente com o seu “você tem que ver para crer”.

Todo pânico com armamento desenvolvido por Tris foi injustificado, chato, irritante e incompatível com todo preparo e desafios que ela veio enfrentando na facção. Pareceu mesmo que se desenhou com o único intuito de tornar possível que ela vencesse a si mesma na simulação mesmo estando em franca desvantagem. Entre muitas coisas, não consigo imaginar uma simulação se limitando pelo pânico, pelo contrário me parece muito mais lógico que a simulação seja capaz de incorporar a habilidade com armamento e ignorar as dúvidas e tremores advindos do pânico, encarando como uma falha humana indigna de reconhecimento, sobre a qual tirar proveito.

Quando o momento da fuga de Tris realmente aconteceu eu já não tinha qualquer convicção de que não passasse de uma simulação e estranhei que a própria garota não ficasse em dúvida também, nem que fosse por alguns segundos.

PS: A arte da capa está show! Merece ser notada, dá muita vontade de ler.

PS2: Deixa ver se entendi: Cristina esteve sob o efeito da simulação, matou trocentos inocentes da Abnegação, despertou no meio do caos, mas precisou ver Marlene se jogando para entender que a pessoa não tinha controle de si mesma durante o transe?


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