sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Matched Trilogy 02 – Crossed – Travessia – Ally Condie

Sinopse: Cássia escolheu Ky, mas ele foi mandado para longe. Ela está disposta a agarrar qualquer oportunidade de chegar até ele, enquanto ele sobrevive ao inferno imaginando uma maneira de voltar para ela. Xander ainda está por perto, desejando apenas uma chance de ser notado. Cada um deles esconde segredos e anseios surpreendentes enquanto a guerra faz estragos cada vez maiores.

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: Gostei muito. Existe uma aridez tão intensa mesclada com uma sensibilidade tão tocante que me atinge. Fui devorando as páginas, sofrendo junto por tanta dor, querendo desvendar todos os mistérios e entender aquela loucura toda.
O clima é tenso, pesado e potencialmente explosivo. A Sociedade está em guerra contra o Inimigo inominado e em diversas ocasiões me questiono se existe realmente um oponente ou tudo não passa de uma grande farsa servindo ao propósito exclusivo da própria Sociedade.

Extermínio. Todos aqueles que não possuem o status de cidadão, que não se encaixam no perfeito perfil traçado pela Sociedade estão sendo sumariamente eliminados. A Sociedade quer o controle, obviamente, no entanto, tenho pensado se não existem mais coisas escondidas sob esta concepção.

Ciente de sua condição, Ky não tem ilusões sobre o papel que desempenha. Sua meta é Cássia, mas para isso precisa assegurar sua própria sobrevivência e sanidade. Não há espaço para lamentações, arrependimentos, nem mesmo culpa. Entretanto, onde existe esperança e amor sempre há espaço para atitudes imprevisíveis e gentilezas inesperadas.

Trabalhar nas regiões mais ermas da sociedade não aproxima Cássia de seu objetivo: encontrar Ky. Ela sabe que se houver qualquer oportunidade não hesitará, mesmo isso significando deixar para trás sua família, seu par, seus amigos e até mesmo o status de cidadã. O que ela não sabe é o que irá encontrar do outro lado. O que ela nem imagina é que aquilo que procura pode estar bem perto, na direção diametralmente oposta.

A narrativa alterna os pontos de vista de Ky e Cássia. Os personagens são tão ricos, tão intensos e determinados à sua própria maneira que é impossível não se envolver. A jornada é de conhecimento, tanto sobre a realidade nas áreas limítrofes do território da Sociedade quanto das outras possibilidades e formas de vida fora dela. Além disso, funciona como uma peregrinação de autoconhecimento, testando os personagens, evocando memórias, reflexões e associações.

Não poderia deixar de citar como foram bem trabalhadas as abordagens sobre a efemeridade da vida, o amor, a liberdade de expressão, entre outros. Uma crueza e sensibilidade incríveis.

Depois de algumas reviravoltas surpreendentes, o terreno ficou bem preparadinho para o próximo volume e tudo que eu sei é que já não tenho certeza de quase nada!

SPOILERS!!!

Gente, o que foi esse livro? Virou tudo do avesso e deixou a gravidade fazer o resto, porque meu queixo foi caindo consideravelmente com as revelações que trouxe!

“Por que eles nos odeiam tanto?”



Cheguei a cogitar umas teorias loucas com a descoberta dos tubos de material genético dos mais jovens. Por qual motivo estaria tudo tão escondido? Há quanto tempo? E se todos os cidadãos fossem clones? Num ciclo de repetição que já durava gerações inteiras? Com pares perfeitamente programados? Poderiam os reclassificados seguir para descarte quando mudavam o curso repetido de suas vidas? Nada disso justificaria a matança ou o sistema, mas explicaria um tanto!

“Quantos machucados invisíveis são possíveis?”

Estava me perguntando a mesma coisa! Sem desmerecer Cássia ou Xander, existe uma distância enorme entre eles e Ky, Indie, Eli, Vick e tantos outros! A vida é uma tragédia constante e insuportável para eles e existem diversas formas de lidar com esta dor, mas a principal delas é o fervor pela sobrevivência. Para continuar eles se agarram ao que podem e bloqueiam aquilo com que não podem lidar, sempre seguindo em frente. Iguais e diferentes, cada um escolhe um caminho. Acompanhar os POVs de Ky foi impactante e desesperador, pois sempre ficava pior!

Quando Cássia descobre a verdade sobre os anseios de Ky em relação à Insurreição é normal o choque, o confronto, mas o que se seguiu foi lindo! Nunca esperei que ela enxergasse ao final que ele permitiu que ela fizesse as próprias escolhas, ao invés de envolvê-la de imediato com os rebeldes. Lógico que ela não sabe que Xander lhe deu as mesmas opções, mas foi bom não ter que lidar com uma garotinha adolescente de TPM, mas uma garota que fez uma escolha e ponderou as razões do outro antes de crucificá-lo totalmente.

Fiquei muito chocada quando Ky revela que foi o responsável pela alteração no cartão de Cássia. Ele a via, a amava e sabia que ela sequer o enxergaria então decide investir num plano super arriscado. Não foi um erro no programa, não foi um plano da Sociedade, nem de uma Funcionária pesquisadora. Existe uma espécie de beleza e lógica inenarráveis no ato do garoto, mas o fato é que eu nunca levantei essa possibilidade! Confesso também que a palavra “trapaça” andou se insinuando para me deixar dividida sobre a atitude.

Foi genial a forma como Xander se fez presente no livro sem estar efetivamente participando das ações. Mais até do que isso, o personagem segue em destaque, com potencial para balançar o relacionamento de Cássia e Ky! Quero muito saber o que ele tem feito, pensado e descoberto. Com todas as reviravoltas, ainda imagino que Cássia fique com Ky e não seria nada demais prever que Xander com Indie.

Nem tudo foi maravilhoso. Foi meio surreal e exagerado ver aquelas idas e vindas todas pelos rochedos sem que fossem abordados, descobertos ou seguidos. Poderia ficar citando falhas, mas só me atenho a elas quando realmente incomodam e este livro consegue ser tão bom em tantas coisas que pude relevá-las sem stress.


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