sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Serie Divergent - Divergente – Verônica Roth


Sinopse: Chicago vive uma distopia e sua sociedade funciona em paz, pautada em cinco facções: Sinceridade, Abnegação, Destemor, Amizade e Erudição. Beatrice está prestes a escolher a facção na qual deverá viver pelo resto de sua vida e faz o teste que deveria retirar todas as suas dúvidas... mas este acaba revelando um perigo de desconhecidas proporções.

Qualificação: Muito bom!!

Resenha: Gostei muito, mas a verdade é que esperava bem mais. Admito que minha expectativa já fosse alta e, uma vez que não foi devidamente atendida, ficou uma sensação de que poderia ser melhor. No entanto, teve um bom desenvolvimento e ficarei feliz quando puder ler a sequencia.

Os seres humanos, de um modo geral, não podem ser bons por muito tempo antes do mal rastejar de volta e envenenar-nos outra vez.”

Essa frase resume bem toda idéia que a gente tem quando resolve ler uma distopia, não? Aqui não poderia ser diferente, a humanidade precisa seguir adiante e parece ter encontrado uma maneira bem eficiente... só que não!

O clima é pesado e a crueldade não encontra limites. Boa parte do tempo reina o medo, o terror, a necessidade de superação, de auto-afirmação e a luta pela sobrevivência. Provar coragem implica vencer medos e desafios altamente perigosos a cada instante, às vezes significa até mesmo demonstrar fraqueza e fragilidade. Por vezes fiquei chocada, tensa, assustada ou indignada com o rumo dos acontecimentos e engoli em seco antes de prosseguir.

Momentos de adrenalina pura em aventuras radicais, fortes, intensas. Alguns tipos de diversão flertam com a morte e somente as pessoas que se identificam conseguem entender a atração irresistível que exerce, as sensações de vividez e excitação que deixa os sentidos em alerta e faz com que a experiência seja válida. Confesso que não faz meu gênero e morro de medo só de pensar nelas!

Gostei da maneira que foi trabalhada a questão da família, pois considero um ponto fundamental na sustentação do sistema. Mudar de facção era difícil por romper com os vínculos familiares, logo a tendência era permanecer e se acomodar, mas quando a mudança acontecia tornava o indivíduo mais duro consigo mesmo e mais tolerante com as demais facções, um rebelde em potencial.

Outra coisa bem interessante foi a questão sobre o fluxo de informação e o quanto o excesso de informações deturpadas e infundadas pode ser até mais destrutivo e manipulador do que a própria restrição à informação.

Tive que pensar com calma sobre porque razão não me apaixonei pelo livro. O tema me fascina, o texto é bem escrito, os personagens são interessantes, então o que há de errado comigo?

Fiquei desapontada com esse modelo de sociedade dividido em cinco facções. Toda distopia parte de uma utopia, mas aqui tudo já parece errado e estranho desde o começo. Não deu para acreditar que poderia dar certo e ser perfeito de certo modo.

Não consegui ver um passado onde a sociedade fosse estruturada naquelas cinco facções, simplesmente porque o ser humano é complexo demais para se encaixar nessa proposta. Não dá para ser perfeitamente abnegado o tempo todo, ou 100% sincero doa a quem doer. Tanto assim que ninguém está satisfeito com o sistema e todas as dúvidas e questionamentos que Tris levanta no momento da escolha são naturais demais para fazer dela alguém tão diferente.

Quando leio sobre distopias, geralmente passo por uma fase inicial de encantamento. É claro que nada pode ser tão perfeito e funcional e obviamente descobriremos as grandes falhas na coisa toda, mas esta fase é imprescindível para que todas as engrenagens funcionem, a venda caia dos olhos e tudo seja muito mais emocionante. Se não existe um bem maior bom o suficiente para querer manter, apesar das próprias limitações e desconforto, o personagem não terá dúvidas ao seguir contra o regime na primeira oportunidade. Senti falta dessa tensão.

As facções vivem realidades muito distintas e isoladas, então é difícil partir de uma não sabendo o que encontrar na seguinte. Quando Beatrice faz a sua escolha, me pareceu algo bem infantil e injustificado, movido por uma curiosidade natural, mas pouco convincente. O grande problema era sua insatisfação com pequenas coisas, uma sensação de não pertencimento, e não a perspectiva daquilo que deveria encontrar e ser seu estilo de vida.

Agora que o cenário foi relativamente estabelecido e a trama adquiriu ritmo próprio, estou animada para prosseguir na leitura tão logo quanto possível.

SPOILERS!!!

Não admira que Tris tenha sido a única pessoa da Abnegação a ser atraída pela facção do Destemor. Parece uma troca absurda, tanto assim, que apesar de tudo, no final das contas sua característica mais preciosa é justamente o altruísmo.

Totalmente assustadora aquela iniciação toda no Destemor!! Deve ter sido inspirada no exercito, afinal, a função da facção era essa mesma. Ainda assim, a punhalada covarde de Peter foi de ferver o sangue!!

Foi engraçado, mas super válido levantarem o medo do sexo. Vinda de uma facção que não pensa nunca em si mesma e não cultiva o hábito de tocar o outro nem mesmo em cumprimento, o assunto tinha que ser um tabu!!

Muitas mortes neste final, que coisa triste!! Além de perder os pais, atirar em Will deve ter sido muito doloroso, até porque o coitado não estava na posse de suas faculdades mentais! Sem falar no suicídio de Al, o cara sensível. Fiquei muito triste com os rumos da trajetória dele.

Ps: Ninguém tinha medo de baratas, que maravilha, hein??!! Você tentou fazer um levantamento dos seus medos ou é uma ideia medonha demais para considerar? hehehe


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