Sinopse: Chicago vive uma distopia e
sua sociedade funciona em paz, pautada em cinco facções: Sinceridade,
Abnegação, Destemor, Amizade e Erudição. Beatrice está prestes a escolher a
facção na qual deverá viver pelo resto de sua vida e faz o teste que deveria retirar
todas as suas dúvidas... mas este acaba revelando um perigo de desconhecidas
proporções.
Qualificação: Muito bom!!
Resenha: Gostei muito, mas a verdade é
que esperava bem mais. Admito que minha expectativa já fosse alta e, uma vez
que não foi devidamente atendida, ficou uma sensação de que poderia ser melhor.
No entanto, teve um bom desenvolvimento e ficarei feliz quando puder ler a
sequencia.
“Os seres humanos, de um modo geral, não podem ser bons por muito tempo antes do mal rastejar de volta e envenenar-nos outra vez.”
Essa frase
resume bem toda idéia que a gente tem quando resolve ler uma distopia, não? Aqui
não poderia ser diferente, a humanidade precisa seguir adiante e parece ter
encontrado uma maneira bem eficiente... só que não!
O clima é
pesado e a crueldade não encontra limites. Boa parte do tempo reina o medo, o
terror, a necessidade de superação, de auto-afirmação e a luta pela sobrevivência.
Provar coragem implica vencer medos e desafios altamente perigosos a cada
instante, às vezes significa até mesmo demonstrar fraqueza e fragilidade. Por
vezes fiquei chocada, tensa, assustada ou indignada com o rumo dos
acontecimentos e engoli em seco antes de prosseguir.
Gostei da
maneira que foi trabalhada a questão da família, pois considero um ponto
fundamental na sustentação do sistema. Mudar de facção era difícil por romper
com os vínculos familiares, logo a tendência era permanecer e se acomodar, mas
quando a mudança acontecia tornava o indivíduo mais duro consigo mesmo e mais
tolerante com as demais facções, um rebelde em potencial.
Outra coisa
bem interessante foi a questão sobre o fluxo de informação e o quanto o excesso
de informações deturpadas e infundadas pode ser até mais destrutivo e
manipulador do que a própria restrição à informação.
Tive que
pensar com calma sobre porque razão não me apaixonei pelo livro. O tema me
fascina, o texto é bem escrito, os personagens são interessantes, então o que
há de errado comigo?
Fiquei desapontada
com esse modelo de sociedade dividido em cinco facções. Toda distopia parte de
uma utopia, mas aqui tudo já parece errado e estranho desde o começo. Não deu
para acreditar que poderia dar certo e ser perfeito de certo modo.
Não consegui
ver um passado onde a sociedade fosse estruturada naquelas cinco facções,
simplesmente porque o ser humano é complexo demais para se encaixar nessa
proposta. Não dá para ser perfeitamente abnegado o tempo todo, ou 100% sincero doa a quem doer. Tanto assim que ninguém está satisfeito com o sistema e todas as
dúvidas e questionamentos que Tris levanta no momento da escolha são naturais
demais para fazer dela alguém tão diferente.
Quando leio
sobre distopias, geralmente passo por uma fase inicial de encantamento. É claro
que nada pode ser tão perfeito e funcional e obviamente descobriremos as
grandes falhas na coisa toda, mas esta fase é imprescindível para que todas as
engrenagens funcionem, a venda caia dos olhos e tudo seja muito mais
emocionante. Se não existe um bem maior bom o suficiente para querer manter,
apesar das próprias limitações e desconforto, o personagem não terá dúvidas ao
seguir contra o regime na primeira oportunidade. Senti falta dessa tensão.
As facções
vivem realidades muito distintas e isoladas, então é difícil partir de uma não sabendo
o que encontrar na seguinte. Quando Beatrice faz a sua escolha, me pareceu algo
bem infantil e injustificado, movido por uma curiosidade natural, mas pouco convincente.
O grande problema era sua insatisfação com pequenas coisas, uma sensação de não
pertencimento, e não a perspectiva daquilo que deveria encontrar e ser seu
estilo de vida.
Agora que o
cenário foi relativamente estabelecido e a trama adquiriu ritmo próprio, estou
animada para prosseguir na leitura tão logo quanto possível.
SPOILERS!!!
Não admira que Tris tenha sido a única pessoa da Abnegação a ser atraída pela facção do Destemor. Parece uma troca absurda, tanto assim, que apesar de tudo, no final das contas sua característica mais preciosa é justamente o altruísmo.
Totalmente assustadora aquela iniciação toda no Destemor!! Deve ter sido inspirada no exercito, afinal, a função da facção era essa mesma. Ainda assim, a punhalada covarde de Peter foi de ferver o sangue!!
Foi engraçado, mas super válido
levantarem o medo do sexo. Vinda de uma facção que não pensa nunca em si mesma
e não cultiva o hábito de tocar o outro nem mesmo em cumprimento, o assunto
tinha que ser um tabu!!
Muitas mortes neste final, que
coisa triste!! Além de perder os pais, atirar em Will deve ter sido muito
doloroso, até porque o coitado não estava na posse de suas faculdades mentais!
Sem falar no suicídio de Al, o cara sensível. Fiquei muito triste com os rumos
da trajetória dele.
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