sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Julieta Imortal – Stacey Jay


Sinopse: Julieta retorna mais uma vez em defesa do amor, dessa vez no corpo de Ariel. Sua luta contra Romeu já dura séculos, mas ela sente que desta vez alguma coisa está diferente.

Qualificação: Regular

Resenha: É tão grande a ousadia de questionar o amor entre Romeu e Julieta que seria necessária uma história fantástica para fazer valer a pena, o que passou longe de acontecer.
“A maior história de amor de todos os tempos é uma farsa.”

A história poderia ter sido construída sem a referência a Sheakspeare, mas a sensação que tenho é de uma grande revolta pessoal da autora pelo trágico desfecho do famoso romance ou uma visão extremamente prática da vida (ou ambos). Seria uma tentativa de final feliz expondo toda fragilidade do romance adolescente e deturpando todo sentimento outrora puro? Essa tônica não me agradou.

Estamos diante de uma luta entre Embaixadores da Luz e Mercenários do Apocalipse. Tudo gira em torno do amor, e enquanto um lado deseja proteger as pessoas identificadas como almas gêmeas, o outro quer se aproveitar deste conhecimento pra causar dor e tragédias passionais. Romeu e Julieta seguem pelos séculos em lados opostos se enfrentando constantemente, embora ela conheça muito pouco sobre tudo que está fazendo.

Julieta luta em favor dos amantes, mas seu coração está carregado de mágoa e amargura. Foi impossível estabelecer a conexão com a doce e inocente Capuletto, uma vez que esta Julieta não consegue enxergar a verdade em Romeu ou em si mesma e nega até a existência do amor entre eles com todas as suas forças a ponto de se interessar por outro.

Convenhamos, minimizar o amor entre Romeu e Julieta já é um ultraje, que dizer então de Julieta se apaixonar por outro? Um verdadeiro sacrilégio!! A beleza no romance do casal está justamente no enfrentamento das muitas barreiras de uma época que ficou perdida no tempo e não merece ser tratado com descaso.

No começo quase larguei o livro algumas vezes. Senti como se houvesse uma violação nessa história, não acho que alguém possa simplesmente se apropriar da obra alheia e usar a seu bel prazer sem qualquer respeito às intenções do autor que criou e deu vida aos personagens. O livro não se limita a continuar, mas desconstrói o que já havia sido escrito e reescreve o final. Para fazer algo assim, ela precisava ser uma história de amor muito mais convincente.

O melhor personagem na história é justamente o cruel Romeu. Ele é mais coerente e consistente em suas motivações, tristezas e atitudes. Ele parece ter vivido um grande amor com Julieta, pelo qual tudo fez, tudo sofreu e continuou sofrendo, mesmo quando equivocado.

Lembrei tanto do final de “Lost”!! Almas atormentadas se preparando antes de poder seguir em frente, para o que quer que isso signifique, e fiquei tão frustrada com uma, quanto com a outra.

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