Sinopse: “Se você já encontrou a pessoa
perfeita, por que se arriscar conhecê-la?” Em uma relação construída através da
troca de e-mails, até onde ir para não estragar tudo?
Qualificação: Excelente!!
Resenha: Juro que duas páginas foram
suficientes pra me viciar!! Livro muito inteligente sobre todas as nuances de
um relacionamento virtual, desde a casualidade dos encontros ao impacto na vida
de uma pessoa.
Confesso que me identifiquei com diversos trechinhos dessa aventura virtual e achei fantástica a abordagem de tantas questões e situações que envolvem essa modalidade relativamente nova de se relacionar. Todo escrito no formato de e-mails trocados, com o detalhe do espaçamento de tempo entre as mensagens e o seu significado no estágio da conversa.
Engraçado como
podemos ser muito mais espontâneos e íntimos de pessoas que nunca conhecemos e
muitas vezes não temos a menor intenção de conhecer. Este mundo sem fronteiras,
finalmente globalizado, vem aproximando pessoas por afinidade e relações
fisicamente improváveis crescem e se fortalecem afastadas dos olhares
indiscretos de amigos, vizinhos e familiares, afastadas também dos próprios
pudores individuais.
O começo é
muito inocente e eu dei altas gargalhadas sozinha, inclusive tendo que reler
algumas passagens para rir novamente. Textos curtinhos foram fazendo as páginas
passarem rapidamente e conforme eu avançava me perguntava onde aquilo tudo ia
parar.
Como um palco
que se descortina, o autor nos oferece um panorama rico e questionamentos
válidos sobre este novo mundo contemporâneo e virtual, onde palavras não saem
de bocas e conquistas não são frutos de olhares, mas de personalidades expressas
pela comunicação escrita.
Relações
virtuais funcionam no “vácuo”. Não respeitam horários, não se limitam a lugares
ou convenções, a grande barreira é transpor a ficção delicadamente tecida para
a realidade concreta com todo potencial limitador e frustrante que carrega.
Pela internet
é fácil se isolar, pedir perdão, mentir, pensar, desabafar e até mesmo sumir
sem qualquer impacto na vida cotidiana, sem ninguém batendo na porta, nem desconfiando
do seu tom de voz. É possível ter uma discussão acalorada sem que ninguém ao
redor tome qualquer conhecimento.
Emma e Leo são
perfeitos desconhecidos e vivem momentos diversos. Enquanto ele acabou de sair
de um relacionamento frustrante, Emma é uma mulher bem casada com dois
enteados.
Emma é feliz
no seu casamento e nunca se interessou por outro homem durante seus oito anos
de vida conjugal. Acontece que Leo não era um pretendente a ser colocado no
devido lugar, ele entra em sua vida com uma troca afiada de palavras, uma
brincadeira divertida e despretensiosa que lentamente começa a ganhar outros
contornos.
SPOILERS!!!
Que choque
aquele e-mail automático de servidor no final!!! Que sensação de impotência!! Imagino
Emmi caindo numa depressão profunda (BOOOMM!). Perfeito é pouco para o fim do
livro, embora eu tenha ficado um tiquinho frustrada com o não-encontro.
Entre meus
trechos favoritos está o quase encontro no café. Ela bem se esforçou em vê-lo e
ele fez o esforço contrário, não vê-la, alimentando a imagem de perfeição em
três candidatas descritas por olhos que não eram os seus. Quem não desconfiou
que ele era justamente o cara interessante? Mas ele não olhou para ela, não
procurou por ela e conseguiu me despistar do mesmo jeito que fez com Emma.
Da mesma
maneira que o Leo levanta a questão sobre a necessidade de Emma, é difícil crer
na sua perfeita e feliz vida conjugal. Parece que falta alguma coisa, mas nada
estava errado, então seria absurdo pensar que falta o amor que faz palpitar e desequilibra os sentimentos? Ou ainda que isso faz parte da ilusão sobre um amor perfeito?
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