terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Perdida – Carina Rissi

Sinopse: Sofia vive numa metrópole, habituada às facilidades do mundo moderno e avessa ao casamento. Ao comprar um novo celular, algo acontece e ela se vê perdida no século XIX. Acolhida pela família Clarke, busca desesperadamente uma maneira de voltar, sem saber que seu coração tinha outros planos...

Qualificação: Muito bom!!

Resenha: Um romance puro, simples, fofo e com um “quê” de fantástico.

A autora não nega a fonte em que bebe, antes o oposto, aproveita sua obra para expressar o amor que tem pelo trabalho de Jane Austen. Assim, constrói um romance de época que praticamente nos transporta ao clima inglês, embora trace contornos diferenciados, mais genéricos e imprecisos que fazem com que o leitor se identifique praticamente em qualquer lugar que esteja. A metrópole, a vila, a praça, todos os elementos geográficos são indeterminados, embora tenhamos pistas ao menos da nacionalidade.

O jeito de Sofia me conquistou desde o início. É fácil se identificar com uma garota assim, que está totalmente sem tempo para nada, absorvida pela loucura tecnológica, pelo trabalho, pelas facilidades do cotidiano contemporâneo, desiludida com os homens e, além disso, gosta de ler. No entanto, mais que identidade, ver como isso é retratado, tão fiel e banal, nos faz refletir sobre o que estamos fazendo com nossa vida e repensar nossas prioridades e formas de interação com o mundo em que vivemos.

Viver num carrossel diário nem sempre nos permite perceber que a vida está passando e seguindo um rumo diferente daquele que gostaríamos. Até dormir se tornou algo obsoleto para muitas pessoas, na tentativa de abarcar o mundo com coisas sem qualquer significado. Parar um momento faz a mente se voltar para questões importantes sobre as quais nem sempre estamos dispostos a pensar, então fica mais fácil fugir da tristeza e depressão ocupando a mente e o tempo como se algo mágico fosse acontecer para colocar tudo nos eixos, sem que tenhamos de fazer nenhum movimento, apenas esperar.

Transportada para o passado, Sofia fica desesperada com a falta de recursos e de vínculos. Ela se sente “perdida” e tem reações hilárias, que me fizeram rir ainda mais porque se aproximam daquelas que eu mesma provavelmente teria diante de algumas situações. Outras passagens soam meio bobas ou exageradas, mas não prejudicam a leitura. Sua jornada de autoconhecimento e descoberta do amor segue divertida e deliciosa de acompanhar.

O livro aborda tudo isso e faz a mágica acontecer, mas deixa explícito seu recado: a magia na nossa vida depende de nossa atitude sobre ela.

SPOILERS!!!
“Everything You Need in Just One Click!”

Palavrinhas sedutoras, que enchem nossos olhos e despertam o consumismo tão arraigado ao nosso tempo. Adorei o slogan, tanto por seu óbvio significado publicitário quanto pelo subjetivo, mostrando que Sofia não sabia do que precisava.

O romance foi lindo. Ian é muito cativante, muito apaixonante e fica muito fácil entender como a resistência de Sofia vai sendo minada. A relação cresce gradualmente e nem toda pose consegue manter Sofia indiferente à época, seus costumes ou mesmo o rubor a cobrir a face em singelos momentos. No entanto, eu gostaria de salientar que a descoberta deste amor fez Sofia enxergar a relação entre Nina e Rafa com outros olhos e perceber detalhes que seu ceticismo e medo de se abrir não permitiam antes.

Estava justamente pensando como temos uma visão romanceada do passado quando Sofia entra em pânico com a falta do banheiro! Me divertiu muito, sobretudo por pontuar pequenos prazeres da vida moderna, tão cotidianos que mal apreciamos, mas certamente sentiríamos falta.

Ás vezes Sofia soa um pouco exagerada em seu apego aos coloquialismos e falta de tato social, afinal, como profissional de nível superior e leitora voraz de Jane Austin, acredito que ela possuía conhecimento suficiente para ter um desempenho menos estabanado. Uma vez ciente de estar realmente no passado, parece meio no sense discutir a inadequação das roupas que ela estava usando ou o tratamento formal local, especialmente se ela não desejava atrair atenção sobre si mesma.

Ps: O All Star vermelho também dá um toque muito especial e eu estaria mentindo se não dissesse que me lembrei do meu Doctor favorito!! ;)

Ps2: Quando Sofia volta devido ao sucesso da missão, é de partir o coração!! Aquela fada parecia uma bruxa má por fazer tamanha maldade!

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