Sinopse: Los Angeles, 2130 D.C., República da América. A história de um rapaz – o
criminoso mais procurado do país – e uma jovem – a pupila mais promissora da
República –, cujos caminhos se cruzam quando o irmão desta é assassinado e a
ela cabe a tarefa de capturar o responsável. A verdade se tornará uma lenda.
Qualificação: Ótimo!!
Resenha: Valeu à pena conferir! Pode
soar um tanto estranho isso, mas apesar de achar meio previsível fui cativada
pelos personagens e pela consistência da trama. Tudo tem função, todas as
coisas desempenham um papel concreto, então me senti alerta o tempo inteiro,
juntando as peças e fazendo conjecturas.
Os elementos
que compõem o quadro geral são comuns a distopias. Fã do gênero, talvez
comece a me sentir familiarizada com algumas situações e tenha ficado com essa
sensação de previsibilidade, mas isso não me impediu de realmente apreciar a
leitura, me emocionar com o rumo dos acontecimentos e terminar desejosa da
continuação.
Seguindo uma
tendência contemporânea, temos um sistema brutal, alicerçado por desigualdades,
violência e muitas mentiras. A narrativa ocorre sob o ponto de vista alternado
entre Day e June. Cada passagem deixa mais evidente as desigualdades sociais e
os problemas enfrentados nas diversas camadas da sociedade. Existe uma guerra
em andamento, a peste é uma preocupação constante, a República está devastada
por tragédias naturais, mas os segredos que ela esconde são ainda mais
assustadores.
Day e June
vivem mundos opostos dentro da mesma cidade. O menino que caminha sob a luz é
um criminoso procurado, de motivações desconhecidas. Suas ações contra a
República são ousadas, planejadas, no entanto geralmente inofensivas. A menina
que estilhaça é uma garota prodígio, treinada para combater, que vive entre a
elite desafiando os superiores apenas para provar seu valor.
É muito fácil
gostar de Day. Um criminoso por falta de opção, ele age contra o governo porque
sentiu na pele a injustiça e os horrores cometidos contra o povo. Vivendo um
dia após o outro, ele faz o que pode para ajudar seus familiares, ainda que à
distância. Sabe que está se arriscando demais, mas é incapaz de ir embora, especialmente
quando a peste ameaça a família.
June se
orgulha por servir a República. Tudo que deseja é seguir os passos do irmão,
fazer carreira no exército e lutar contra as Colônias. A morte do irmão abala
seu mundo e pegar o assassino se torna uma obsessão.
Quando os dois
mundos se encontram, existe uma troca de conhecimentos, o encaixe de peças que
pareciam soltas dentro do contexto e uma afinidade que lhes faz perceber serem
mais semelhantes do que jamais poderiam imaginar. A verdade é tão cruel que os
une, mudando o rumo de suas vidas.
SPOILERS!!!
Não dá para
evitar o choque quando June entrega Day. Imaginei que as coisas dariam errado
para ele, mas não que ela fosse adiante com o plano depois de começar a se
envolver. Achei que ela ficaria tentada a entender melhor o que estava
acontecendo e ficasse um pouco dividida sobre a melhor decisão a tomar.
A conspiração
sobre o vírus, as experiências com os pobres, a manipulação no resultado das
provas, todos esses elementos seguiram caminhos previsíveis, porém bem
construídos. Quando Jonh é descrito como alguém muito semelhante ao irmão,
também entendi que a informação teria um significado importante adiante,
inclusive cogitei a troca, como efetivamente acontece no fim. O pequeno Éden
ainda é um mistério, e me intrigou desde o início. Ele parece alguém que ainda
vai desempenhar um papel muito importante na sequência, talvez como um elemento
transformador, muito mais do que servir de pretexto para futuras ações de resgate
de Day.
Parecia
realmente absurdo colocar June à frente de uma investigação daquele porte, sem
muito apoio, então fiquei realmente feliz quando ficou claro que não se
esperava realmente que ela pudesse ter êxito. Tudo não passou de uma distração
para que ela não concentrasse sua atenção naquilo que realmente interessava, ou
seja, a morte de seu irmão e os segredos que ele tinha descoberto.
A falta de
impressões digitais de Day no banco de dados da República é a parte mais
incompreensível. Aceitaria melhor se a pesquisa apontasse para o garoto morto e
a suspeita existisse em torno do nome dele, inclusive suas motivações ficariam
claras, após sobreviver as experiências. Logicamente, o assunto seria tratado
com sigilo e sua capacidade para disfarces atrapalharia as investigações, mas a
identidade real seria conhecida.
A participação
dos Patriotas na fuga de Day parece indicar um caminho sem volta, em que o
garoto independente começa a se levantar como o símbolo de algo maior do que
ele mesmo. Posso estar errada, mas imagino que este caminho tome um rumo
parecido com o de Katniss em Jogos Vorazes.
Thomas
personifica o ideal do estado ditatorial, alguém que cumpre ordens sem
questionar, que acredita piamente no serviço que desempenha e nas oportunidades
oferecidas pelo sistema. Vindo de uma classe inferior, personifica o
preconceito, o desprezo por aqueles que compartilham suas origens, muito mais
do que os próprios membros da elite com os quais se orgulha de estar. Por esta
razão, é inconcebível para ele praticar qualquer ato desleal, que possa
empurrá-lo de volta à classe mais humilde que ele tanto despreza. Não é um
personagem a ser admirado enquanto indivíduo, mas sua complexidade e desempenho
merecem um reconhecimento e respeito ao trabalho realizado pela autora.
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