terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Serie Legend 01 - Legend – Marie Lu

Sinopse: Los Angeles, 2130 D.C., República da América. A história de um rapaz – o criminoso mais procurado do país – e uma jovem – a pupila mais promissora da República –, cujos caminhos se cruzam quando o irmão desta é assassinado e a ela cabe a tarefa de capturar o responsável. A verdade se tornará uma lenda.

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: Valeu à pena conferir! Pode soar um tanto estranho isso, mas apesar de achar meio previsível fui cativada pelos personagens e pela consistência da trama. Tudo tem função, todas as coisas desempenham um papel concreto, então me senti alerta o tempo inteiro, juntando as peças e fazendo conjecturas.

Os elementos que compõem o quadro geral são comuns a distopias. Fã do gênero, talvez comece a me sentir familiarizada com algumas situações e tenha ficado com essa sensação de previsibilidade, mas isso não me impediu de realmente apreciar a leitura, me emocionar com o rumo dos acontecimentos e terminar desejosa da continuação.

Seguindo uma tendência contemporânea, temos um sistema brutal, alicerçado por desigualdades, violência e muitas mentiras. A narrativa ocorre sob o ponto de vista alternado entre Day e June. Cada passagem deixa mais evidente as desigualdades sociais e os problemas enfrentados nas diversas camadas da sociedade. Existe uma guerra em andamento, a peste é uma preocupação constante, a República está devastada por tragédias naturais, mas os segredos que ela esconde são ainda mais assustadores.

Day e June vivem mundos opostos dentro da mesma cidade. O menino que caminha sob a luz é um criminoso procurado, de motivações desconhecidas. Suas ações contra a República são ousadas, planejadas, no entanto geralmente inofensivas. A menina que estilhaça é uma garota prodígio, treinada para combater, que vive entre a elite desafiando os superiores apenas para provar seu valor.

É muito fácil gostar de Day. Um criminoso por falta de opção, ele age contra o governo porque sentiu na pele a injustiça e os horrores cometidos contra o povo. Vivendo um dia após o outro, ele faz o que pode para ajudar seus familiares, ainda que à distância. Sabe que está se arriscando demais, mas é incapaz de ir embora, especialmente quando a peste ameaça a família.

June se orgulha por servir a República. Tudo que deseja é seguir os passos do irmão, fazer carreira no exército e lutar contra as Colônias. A morte do irmão abala seu mundo e pegar o assassino se torna uma obsessão.

Quando os dois mundos se encontram, existe uma troca de conhecimentos, o encaixe de peças que pareciam soltas dentro do contexto e uma afinidade que lhes faz perceber serem mais semelhantes do que jamais poderiam imaginar. A verdade é tão cruel que os une, mudando o rumo de suas vidas.

SPOILERS!!!

Não dá para evitar o choque quando June entrega Day. Imaginei que as coisas dariam errado para ele, mas não que ela fosse adiante com o plano depois de começar a se envolver. Achei que ela ficaria tentada a entender melhor o que estava acontecendo e ficasse um pouco dividida sobre a melhor decisão a tomar.

A conspiração sobre o vírus, as experiências com os pobres, a manipulação no resultado das provas, todos esses elementos seguiram caminhos previsíveis, porém bem construídos. Quando Jonh é descrito como alguém muito semelhante ao irmão, também entendi que a informação teria um significado importante adiante, inclusive cogitei a troca, como efetivamente acontece no fim. O pequeno Éden ainda é um mistério, e me intrigou desde o início. Ele parece alguém que ainda vai desempenhar um papel muito importante na sequência, talvez como um elemento transformador, muito mais do que servir de pretexto para futuras ações de resgate de Day.

Parecia realmente absurdo colocar June à frente de uma investigação daquele porte, sem muito apoio, então fiquei realmente feliz quando ficou claro que não se esperava realmente que ela pudesse ter êxito. Tudo não passou de uma distração para que ela não concentrasse sua atenção naquilo que realmente interessava, ou seja, a morte de seu irmão e os segredos que ele tinha descoberto.

A falta de impressões digitais de Day no banco de dados da República é a parte mais incompreensível. Aceitaria melhor se a pesquisa apontasse para o garoto morto e a suspeita existisse em torno do nome dele, inclusive suas motivações ficariam claras, após sobreviver as experiências. Logicamente, o assunto seria tratado com sigilo e sua capacidade para disfarces atrapalharia as investigações, mas a identidade real seria conhecida.

A participação dos Patriotas na fuga de Day parece indicar um caminho sem volta, em que o garoto independente começa a se levantar como o símbolo de algo maior do que ele mesmo. Posso estar errada, mas imagino que este caminho tome um rumo parecido com o de Katniss em Jogos Vorazes.

Thomas personifica o ideal do estado ditatorial, alguém que cumpre ordens sem questionar, que acredita piamente no serviço que desempenha e nas oportunidades oferecidas pelo sistema. Vindo de uma classe inferior, personifica o preconceito, o desprezo por aqueles que compartilham suas origens, muito mais do que os próprios membros da elite com os quais se orgulha de estar. Por esta razão, é inconcebível para ele praticar qualquer ato desleal, que possa empurrá-lo de volta à classe mais humilde que ele tanto despreza. Não é um personagem a ser admirado enquanto indivíduo, mas sua complexidade e desempenho merecem um reconhecimento e respeito ao trabalho realizado pela autora.

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