Sinopse: Faz dois anos que Quentin,
Eliot, Janet e Julia assumiram os quatro tronos de Fillory. Apesar da incursão
ao território filloriano ter sido trágica, eles viviam em tempos de paz,
desfrutando de todo luxo que poderiam desejar. Como reclamar de tal final
feliz? Quentin, no entanto, não se sentia um herói e achava que a aventura não
havia acabado. Ele tinha razão.
Qualificação: Excelente!!
Meu ânimo estava meio resfriado em relação à série. Peguei sem saber muito
bem o que esperar, com um pouquinho de receio de voltar a me envolver no clima
muito depressivo de Quentin, mas tive uma grata surpresa. Nem tudo aconteceu da
forma que eu gostaria, algumas coisas me deixaram francamente in-con-for-ma-da,
maaaaas ainda vale muito a pena!!!
Agora que o
universo fantástico já se descortinou, o livro mergulha totalmente na mitologia
e entrega uma trama bem mais dinâmica. Não foi somente fácil me ambientar, foi delicioso,
surpreendente e meio assustador também. Sem contar as inúmeras referências ao
universo nerd que me deixavam em êxtase a todo instante!!!
O livro fala
basicamente sobre busca. Aquela busca pessoal do ser humano por algo que lhe dê
sentido. Entendo isso, entendo aquela sensação estranha de quando tudo está bem,
mas você simplesmente não consegue aproveitar a situação porque algo parece
errado, fora de contexto. É como se você
estivesse sendo um espectador de si mesmo, vendo de fora ao invés de estar
vivendo e usufruindo. Parece estranho? Totalmente! Se viver algo assim é
surreal, imagina para quem observa de fora? Quando alguém larga “tudo” para
viver outra história, certamente não havia um tudo na sua história. E olha eu aqui
viajando total!!!! O.0
Quentin ainda
sente uma inquietação que não lhe permite aproveitar todas as conquistas como
deveria. No entanto, ele já não é um jovem inocente e sofreu perdas
irreparáveis que o dotaram de certa dose de cautela. Assim, quando uma nova aventura se apresenta
ele se divide entre o fascínio que ela exerce e o medo pelas coisas que estará
colocando em risco no processo. Talvez no comecinho de tudo, Quentin não
tivesse nada a perder, mas isso já não acontece. Agora existe muita coisa em
jogo e a morte de Alice é um lembrete constante de que certas coisas não podem
ser reparadas.
Em paralelo,
temos a narrativa sobre a trajetória de Júlia. Existe algo muito estranho acontecendo
com ela e, enquanto Quentin deseja encontrar uma maneira de ajudá-la no
presente, somos apresentados ao seu passado, numa jornada nada convencional
para entender onde reside o problema da rainha.
SPOILERS!!!
Que é isso??
Que final é esse??!!! Eu sei que posso imaginar um número infinito de possibilidades
para Quentin, mas isso não se faz!!! Depressivo ao infinito!!
Quentin queria
ser um herói e, desde o princípio, foi avisado de que a realização deste sonho
teria um preço. E a conta chegou quando já nem esperava por ela, com um gosto
amargo e perverso que me fez gritar de indignação!! O engraçado é que a ficha
foi caindo aos poucos, a cada revelação, até que nada restou e ele ficou
sozinho, banido de Fillory, do Outro Lado, e exilado dos amigos - até mesmo
daqueles que pretendiam voltar à Terra. Nem a perspectiva de explorar a Terra
Nula parecia interessante, uma vez que Josh já havia feito isso.
Ao herói o
sacrifício? Sim, eu poderia aceitar isso se o sacrifício fosse uma escolha
dele, diretamente relacionada à sua missão. A idéia do passaporte foi meio
ridícula, ainda mais levando em consideração que Bingle não precisou de um, nem
Júlia. Não desmereço a necessidade de usar o tal passaporte para ir ao
submundo, nem a intervenção em favor de Júlia, mas ainda assim achei meio
forçado no fim. Ridículo e sem sentido como somente Fillory poderia ser.
“Nada. Só a tela azul da morte:
ela tinha travado seu sistema. Pois é. Os homens são instáveis mesmo, cheios de
bugs, linhas de programação autocontraditórias e um nível patético de
otimização.”
E com estas
linhas, Júlia explica com perfeição a reação de Pouncy!! Tem como não pirar com
a trajetória dela? Foi mais depressiva e massacrante do que a de Quentin,
afinal o mundo mágico underground não
poderia ser diferente, ainda assim, uma jornada impressionante, marcada por
referências e sacadas geniais que arrancavam sorrisos dos meus lábios nos
momentos mais inusitados!!
Júlia vivia
uma busca insaciável pela magia. Sua luta inicial por qualquer migalha de
informação gerou uma mulher obcecada, que nunca se dava por satisfeita. Só
houve um momento em que ela realmente vacilou, mas então era tarde e tudo que
poderia fazê-la renunciar se perdeu para sempre.
Amei a maneira
como a trama de Júlia foi convergindo para a aventura em Fillory!! No começo
parecia uma coisa bem distante, um assunto paralelo com seus próprios
desmembramentos e importância, não achava que estivesse no cerne do problema.
Mas no decorrer não foi difícil perceber que tudo caminhava para o mesmo ponto.
Já estava
sentindo muito antes que a invocação da santa ia acabar em tragédia. Já vinha
me perguntando onde estava aquele povo, porque motivo Júlia não estaria com
eles. Também fiquei com a pulga atrás da orelha quando eles foram ao pântano e
o bicho esquisito ficou reclamando do deus Raposo. Se através dele foi feito o
contato com o ermitão, seria no mínimo de se desconfiar de suas intenções. Acabou
sendo bem pior do que o previsto, com cabeças rolando pra todo lado, mas Júlia
acabou se transformando naquilo que sempre buscou, um ser mitológico com
domínio sobre a magia.
Apesar disso,
a leviandade do seu grupo quase extinguiu a magia completamente, levando
Fillory no processo e merecia uma punição à altura. Quando Quentin a toma para
si, obtém o alívio na consciência, mas se ferra total!! Só não esperava que
Poppy acabasse ficando lá sem ele depois de jurar de pé junto que não poderia
permanecer ali. Surpresas da produção!
Realmente surtei
com o alto grau de nerdice presente.
Num dos momentos mais emblemáticos, eis que Penny surge na Terra Nula e explica
a volta dos deuses, o papel da Ordem e a solução de tudo em termos de
computação!! O deus lá redesenhando o circuito para resolver a falha do sistema
e eles envolvidos num esquema que visava ao final abrir uma porta dos fundos
como verdadeiros hackers do universo!!!!!!! Amei a metáfora!!!!!!!!
Quando a cena
underground se desenrola é estarrecedora e empolgante ao mesmo tempo. Achei muita
graça em Quentin horrorizado com a displicência e precariedade com que as
pessoas praticavam a magia! A falta de método e rigor apesar de gerar mais
liberdade também causou mais problemas. Um bando de muleque recalcado
querendo ser deus não ia prestar.
Nem culpo
Quentin neste caso específico, pois também acabei me esquecendo totalmente da
preguiça no porão!
PS2: Morrendo
aqui com um portal em forma de TARDIS!!!! *-*
PS3:
Muito digna a jornada de Josh pelos portais em busca da Terra
Média de Tolkien. Taí um bom ponto de partida para Quentin! #Fica a dica!!! ;D
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