quarta-feira, 26 de junho de 2013

Série Os Magos 2 – O Rei Mago – Lev Grossman

Sinopse: Faz dois anos que Quentin, Eliot, Janet e Julia assumiram os quatro tronos de Fillory. Apesar da incursão ao território filloriano ter sido trágica, eles viviam em tempos de paz, desfrutando de todo luxo que poderiam desejar. Como reclamar de tal final feliz? Quentin, no entanto, não se sentia um herói e achava que a aventura não havia acabado. Ele tinha razão.

Qualificação: Excelente!!

Resenha: Ainda mais empolgante e bem feito do que o primeiro!!! \o/

Meu ânimo estava meio resfriado em relação à série. Peguei sem saber muito bem o que esperar, com um pouquinho de receio de voltar a me envolver no clima muito depressivo de Quentin, mas tive uma grata surpresa. Nem tudo aconteceu da forma que eu gostaria, algumas coisas me deixaram francamente in-con-for-ma-da, maaaaas ainda vale muito a pena!!!

Agora que o universo fantástico já se descortinou, o livro mergulha totalmente na mitologia e entrega uma trama bem mais dinâmica. Não foi somente fácil me ambientar, foi delicioso, surpreendente e meio assustador também. Sem contar as inúmeras referências ao universo nerd que me deixavam em êxtase a todo instante!!!

O livro fala basicamente sobre busca. Aquela busca pessoal do ser humano por algo que lhe dê sentido. Entendo isso, entendo aquela sensação estranha de quando tudo está bem, mas você simplesmente não consegue aproveitar a situação porque algo parece errado, fora de contexto.  É como se você estivesse sendo um espectador de si mesmo, vendo de fora ao invés de estar vivendo e usufruindo. Parece estranho? Totalmente! Se viver algo assim é surreal, imagina para quem observa de fora? Quando alguém larga “tudo” para viver outra história, certamente não havia um tudo na sua história. E olha eu aqui viajando total!!!! O.0

Quentin ainda sente uma inquietação que não lhe permite aproveitar todas as conquistas como deveria. No entanto, ele já não é um jovem inocente e sofreu perdas irreparáveis que o dotaram de certa dose de cautela. Assim, quando uma nova aventura se apresenta ele se divide entre o fascínio que ela exerce e o medo pelas coisas que estará colocando em risco no processo. Talvez no comecinho de tudo, Quentin não tivesse nada a perder, mas isso já não acontece. Agora existe muita coisa em jogo e a morte de Alice é um lembrete constante de que certas coisas não podem ser reparadas.

Em paralelo, temos a narrativa sobre a trajetória de Júlia. Existe algo muito estranho acontecendo com ela e, enquanto Quentin deseja encontrar uma maneira de ajudá-la no presente, somos apresentados ao seu passado, numa jornada nada convencional para entender onde reside o problema da rainha.

SPOILERS!!!

Que é isso?? Que final é esse??!!! Eu sei que posso imaginar um número infinito de possibilidades para Quentin, mas isso não se faz!!! Depressivo ao infinito!!

Quentin queria ser um herói e, desde o princípio, foi avisado de que a realização deste sonho teria um preço. E a conta chegou quando já nem esperava por ela, com um gosto amargo e perverso que me fez gritar de indignação!! O engraçado é que a ficha foi caindo aos poucos, a cada revelação, até que nada restou e ele ficou sozinho, banido de Fillory, do Outro Lado, e exilado dos amigos - até mesmo daqueles que pretendiam voltar à Terra. Nem a perspectiva de explorar a Terra Nula parecia interessante, uma vez que Josh já havia feito isso.

Ao herói o sacrifício? Sim, eu poderia aceitar isso se o sacrifício fosse uma escolha dele, diretamente relacionada à sua missão. A idéia do passaporte foi meio ridícula, ainda mais levando em consideração que Bingle não precisou de um, nem Júlia. Não desmereço a necessidade de usar o tal passaporte para ir ao submundo, nem a intervenção em favor de Júlia, mas ainda assim achei meio forçado no fim. Ridículo e sem sentido como somente Fillory poderia ser.

“Nada. Só a tela azul da morte: ela tinha travado seu sistema. Pois é. Os homens são instáveis mesmo, cheios de bugs, linhas de programação autocontraditórias e um nível patético de otimização.”

E com estas linhas, Júlia explica com perfeição a reação de Pouncy!! Tem como não pirar com a trajetória dela? Foi mais depressiva e massacrante do que a de Quentin, afinal o mundo mágico underground não poderia ser diferente, ainda assim, uma jornada impressionante, marcada por referências e sacadas geniais que arrancavam sorrisos dos meus lábios nos momentos mais inusitados!!

Júlia vivia uma busca insaciável pela magia. Sua luta inicial por qualquer migalha de informação gerou uma mulher obcecada, que nunca se dava por satisfeita. Só houve um momento em que ela realmente vacilou, mas então era tarde e tudo que poderia fazê-la renunciar se perdeu para sempre.

Amei a maneira como a trama de Júlia foi convergindo para a aventura em Fillory!! No começo parecia uma coisa bem distante, um assunto paralelo com seus próprios desmembramentos e importância, não achava que estivesse no cerne do problema. Mas no decorrer não foi difícil perceber que tudo caminhava para o mesmo ponto.

Já estava sentindo muito antes que a invocação da santa ia acabar em tragédia. Já vinha me perguntando onde estava aquele povo, porque motivo Júlia não estaria com eles. Também fiquei com a pulga atrás da orelha quando eles foram ao pântano e o bicho esquisito ficou reclamando do deus Raposo. Se através dele foi feito o contato com o ermitão, seria no mínimo de se desconfiar de suas intenções. Acabou sendo bem pior do que o previsto, com cabeças rolando pra todo lado, mas Júlia acabou se transformando naquilo que sempre buscou, um ser mitológico com domínio sobre a magia.

Apesar disso, a leviandade do seu grupo quase extinguiu a magia completamente, levando Fillory no processo e merecia uma punição à altura. Quando Quentin a toma para si, obtém o alívio na consciência, mas se ferra total!! Só não esperava que Poppy acabasse ficando lá sem ele depois de jurar de pé junto que não poderia permanecer ali. Surpresas da produção!


Realmente surtei com o alto grau de nerdice presente. Num dos momentos mais emblemáticos, eis que Penny surge na Terra Nula e explica a volta dos deuses, o papel da Ordem e a solução de tudo em termos de computação!! O deus lá redesenhando o circuito para resolver a falha do sistema e eles envolvidos num esquema que visava ao final abrir uma porta dos fundos como verdadeiros hackers do universo!!!!!!! Amei a metáfora!!!!!!!!

Quando a cena underground se desenrola é estarrecedora e empolgante ao mesmo tempo. Achei muita graça em Quentin horrorizado com a displicência e precariedade com que as pessoas praticavam a magia! A falta de método e rigor apesar de gerar mais liberdade também causou mais problemas. Um bando de muleque recalcado querendo ser deus não ia prestar.

Nem culpo Quentin neste caso específico, pois também acabei me esquecendo totalmente da preguiça no porão!

PS: Ainda quero saber o que aconteceu com as dríades!

PS2: Morrendo aqui com um portal em forma de TARDIS!!!! *-* 

PS3: Muito digna a jornada de Josh pelos portais em busca da Terra Média de Tolkien. Taí um bom ponto de partida para Quentin! #Fica a dica!!! ;D

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