Sinopse: Mais de uma década após o
final da guerra com os Partials (seres criados em laboratório, idênticos aos
humanos), nenhum bebê foi capaz de sobreviver ao vírus RM, esgotando o tempo e
a esperança da quase extinta raça humana. Kira é uma médica em treinamento e
acredita que a sobrevivência pode estar relacionada às ligações entre humanos e
Partials, mas eles desapareceram e o possível confronto com um deles pode ser
mortal.
Qualificação: Muito bom!!!
Resenha: Gostei do livro, da proposta e
estou realmente curiosa para saber mais, no entanto não consegui ficar tão
empolgada e envolvida.
O livro foi
construído sobre algumas premissas bem intrigantes, conta com um
desenvolvimento crescente e bem estruturado, mas peca no lado das relações. Minha
impressão é de que a maior parte dos personagens não foi bem desenvolvida. O
clima é de tensão, revolta, insatisfação, dúvidas, ou seja, as emoções estão à
flor da pele e eu entendi tudo isso durante o desenrolar da trama, especialmente
as motivações, mas não consegui sentir, compartilhar. De alguma maneira a parte
das relações foi tratada com um certo distanciamento que diminuiu minha empatia
com os personagens. Sei que soa bastante contraditório, mas a minha experiência
foi bem desse jeito.
A trama tem
alguns elementos conhecidos e alguns pontos previsíveis, mas nada que
inviabilize uma boa leitura e envolventes descobertas. O saldo é positivo e,
quanto mais descobrimos, maior fica a vontade de saber mais.
O mundo é uma
imensa ruína sobre a qual vivem cerca de 40 mil pessoas, todas sobreviventes da
guerra e do vírus. A tentativa de reerguer a sociedade encontra um obstáculo na
morte de todos os recém nascidos gerados desde então, deixando cada vez mais
difícil a possibilidade de acreditar em um futuro para a raça humana. A
situação gera medidas extremas e as pessoas se dividem diante do posicionamento
dos governantes, criando um estado latente de guerra civil.
Inconformada
com a ineficácia das pesquisas, Kira procura inovar na busca pela cura e seus
métodos podem colocar em risco não somente o futuro, mas o presente da humanidade.
Não sabia que
o livro fazia parte de uma série, mas não demorei a perceber que não daria
conta de todas as informações que estavam surgindo e quando cheguei ao final
encontrei exatamente aquilo que esperava.
SPOILERS!!!
Viver num
mundo em que a gravidez é obrigatória já é muito assustador, mas ser obrigada a
engravidar apenas para assistir a morte do bebê após poucos dias de nascido é
tortura! Não admira que a população estivesse insatisfeita, mesmo compreendendo
a necessidade de perpetuação da espécie!
Saber, ter
consciência de tamanha atrocidade, não me faz, entretanto, ter empatia com as
mulheres citadas no livro. Simpatizo com a causa, mas não consegui me envolver
realmente com nenhuma delas, nem mesmo Madison. Uma coisa é descrever um
quadro, outra bem diferente, é apontar detalhes que causam impacto dentro do
leitor, como a reação a um toque ou as nuances de um olhar.
O mesmo tipo
de crítica se aplica aos relacionamentos. Ficou óbvio desde sempre que Samm era
“o cara”, mas apresar de toda uma experiência marcante em comum com Kira, pouco
foi desenvolvido. Por outro lado, a relação com Marcos nunca foi convincente
apesar de ela afirmar isso com todas as letras. Ela se sente confortável com
ele e nada mais. Achei até que rolava uma disputa com Jayden, mas isso logo se
perdeu, não foi mais abordado como se o autor tivesse mudado de ideia. No fim
soa frio e deixa tudo em aberto.
Ao final,
ficou claro que Humanos e Partials são interdependentes. Se a cura para os
bebês reside nos feromônios dos robôs, acredito que a fertilidade ou o prolongamento
da existência dos Partials resida, igualmente, em alguma substância obtida no
convívio com os humanos. Já até imagino aquele feromônio que não serve para
nada interagindo com algum elemento humano que desencadeie um comando de
sobrevida para os Partials. Apenas teorias minhas tentando antecipar as emoções
do segundo volume. De certa forma estou muito mais intrigada para conhecer este
outro lado, esta nova aventura de Kira.
Depois de
tanta destruição e inimizade, somente a própria sobrevivência levaria as duas
raças a tentar algum tipo de relacionamento pacífico. A ParaGen parece a raiz
de todos os males, no entanto também surge como a fonte para as soluções.
Certamente criou o problema, mas também planejou soluções inteligentes que
deveriam ter garantido a convivência entre as espécies se viessem a público
antes da catástrofe. Da mesma forma que o Senado, devia ter conhecimento das
suas falhas e estava correndo contra o tempo para tentar saná-las (ok, mais
especulações!). Mesmo assim, ainda existe um longo caminho até que alguma paz
consiga se estabelecer e medidas mais drásticas e violentas certamente estão na
pauta do momento.
No lado dos
humanos, a solução é claramente temporária e tem chances de evocar outra crise
em curto espaço de tempo. Tem uma fila enorme de mulheres grávidas desesperadas
por feromônios, além de pais, maridos e irmãos igualmente ansiosos pela
resolução do problema. Isso sem contar que o Senado ainda tem planos bem
obscuros e alicerça-se em mentiras para se consolidar.
O lado dos
Partials ainda está bastante envolto em mistérios, mas já é possível antecipar
que possui tantas disputas e problemas quanto os humanos.
Sempre
desconfiei que Kira fosse um Partial, ainda que portadora de algumas
características distintas, de maneira que não chegou a me surpreender. Ficou
evidente que a proposta ao desenvolvê-la foi diferenciada e seu propósito não
era bélico. A sua origem promete ser um ponto chave para o fim do conflito.
Imagino se ela não é capaz de engravidar, sendo um avanço no desenvolvimento da
espécie. Não é difícil acreditar na possibilidade, uma vez que ela parece ser
capaz de passar por um ciclo evolutivo que inclui o envelhecimento gradual.
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