sexta-feira, 21 de junho de 2013

Serie Partials Sequence - Partials – Dan Wells

Sinopse: Mais de uma década após o final da guerra com os Partials (seres criados em laboratório, idênticos aos humanos), nenhum bebê foi capaz de sobreviver ao vírus RM, esgotando o tempo e a esperança da quase extinta raça humana. Kira é uma médica em treinamento e acredita que a sobrevivência pode estar relacionada às ligações entre humanos e Partials, mas eles desapareceram e o possível confronto com um deles pode ser mortal.

Qualificação: Muito bom!!!

Resenha: Gostei do livro, da proposta e estou realmente curiosa para saber mais, no entanto não consegui ficar tão empolgada e envolvida.

O livro foi construído sobre algumas premissas bem intrigantes, conta com um desenvolvimento crescente e bem estruturado, mas peca no lado das relações. Minha impressão é de que a maior parte dos personagens não foi bem desenvolvida. O clima é de tensão, revolta, insatisfação, dúvidas, ou seja, as emoções estão à flor da pele e eu entendi tudo isso durante o desenrolar da trama, especialmente as motivações, mas não consegui sentir, compartilhar. De alguma maneira a parte das relações foi tratada com um certo distanciamento que diminuiu minha empatia com os personagens. Sei que soa bastante contraditório, mas a minha experiência foi bem desse jeito.

A trama tem alguns elementos conhecidos e alguns pontos previsíveis, mas nada que inviabilize uma boa leitura e envolventes descobertas. O saldo é positivo e, quanto mais descobrimos, maior fica a vontade de saber mais.

O mundo é uma imensa ruína sobre a qual vivem cerca de 40 mil pessoas, todas sobreviventes da guerra e do vírus. A tentativa de reerguer a sociedade encontra um obstáculo na morte de todos os recém nascidos gerados desde então, deixando cada vez mais difícil a possibilidade de acreditar em um futuro para a raça humana. A situação gera medidas extremas e as pessoas se dividem diante do posicionamento dos governantes, criando um estado latente de guerra civil.

Inconformada com a ineficácia das pesquisas, Kira procura inovar na busca pela cura e seus métodos podem colocar em risco não somente o futuro, mas o presente da humanidade.

Não sabia que o livro fazia parte de uma série, mas não demorei a perceber que não daria conta de todas as informações que estavam surgindo e quando cheguei ao final encontrei exatamente aquilo que esperava.

SPOILERS!!!

Viver num mundo em que a gravidez é obrigatória já é muito assustador, mas ser obrigada a engravidar apenas para assistir a morte do bebê após poucos dias de nascido é tortura! Não admira que a população estivesse insatisfeita, mesmo compreendendo a necessidade de perpetuação da espécie!

Saber, ter consciência de tamanha atrocidade, não me faz, entretanto, ter empatia com as mulheres citadas no livro. Simpatizo com a causa, mas não consegui me envolver realmente com nenhuma delas, nem mesmo Madison. Uma coisa é descrever um quadro, outra bem diferente, é apontar detalhes que causam impacto dentro do leitor, como a reação a um toque ou as nuances de um olhar.

O mesmo tipo de crítica se aplica aos relacionamentos. Ficou óbvio desde sempre que Samm era “o cara”, mas apresar de toda uma experiência marcante em comum com Kira, pouco foi desenvolvido. Por outro lado, a relação com Marcos nunca foi convincente apesar de ela afirmar isso com todas as letras. Ela se sente confortável com ele e nada mais. Achei até que rolava uma disputa com Jayden, mas isso logo se perdeu, não foi mais abordado como se o autor tivesse mudado de ideia. No fim soa frio e deixa tudo em aberto.

Ao final, ficou claro que Humanos e Partials são interdependentes. Se a cura para os bebês reside nos feromônios dos robôs, acredito que a fertilidade ou o prolongamento da existência dos Partials resida, igualmente, em alguma substância obtida no convívio com os humanos. Já até imagino aquele feromônio que não serve para nada interagindo com algum elemento humano que desencadeie um comando de sobrevida para os Partials. Apenas teorias minhas tentando antecipar as emoções do segundo volume. De certa forma estou muito mais intrigada para conhecer este outro lado, esta nova aventura de Kira.

Depois de tanta destruição e inimizade, somente a própria sobrevivência levaria as duas raças a tentar algum tipo de relacionamento pacífico. A ParaGen parece a raiz de todos os males, no entanto também surge como a fonte para as soluções. Certamente criou o problema, mas também planejou soluções inteligentes que deveriam ter garantido a convivência entre as espécies se viessem a público antes da catástrofe. Da mesma forma que o Senado, devia ter conhecimento das suas falhas e estava correndo contra o tempo para tentar saná-las (ok, mais especulações!). Mesmo assim, ainda existe um longo caminho até que alguma paz consiga se estabelecer e medidas mais drásticas e violentas certamente estão na pauta do momento.

No lado dos humanos, a solução é claramente temporária e tem chances de evocar outra crise em curto espaço de tempo. Tem uma fila enorme de mulheres grávidas desesperadas por feromônios, além de pais, maridos e irmãos igualmente ansiosos pela resolução do problema. Isso sem contar que o Senado ainda tem planos bem obscuros e alicerça-se em mentiras para se consolidar.

O lado dos Partials ainda está bastante envolto em mistérios, mas já é possível antecipar que possui tantas disputas e problemas quanto os humanos.

Sempre desconfiei que Kira fosse um Partial, ainda que portadora de algumas características distintas, de maneira que não chegou a me surpreender. Ficou evidente que a proposta ao desenvolvê-la foi diferenciada e seu propósito não era bélico. A sua origem promete ser um ponto chave para o fim do conflito. Imagino se ela não é capaz de engravidar, sendo um avanço no desenvolvimento da espécie. Não é difícil acreditar na possibilidade, uma vez que ela parece ser capaz de passar por um ciclo evolutivo que inclui o envelhecimento gradual.


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