quarta-feira, 5 de setembro de 2012

The Mortal Instruments 3 – Os Instrumentos Mortais– City of Glass – Cidade de Vidro - Cassandra Clare


Sinopse: Todos os Caçadores de Sombras estão em Idris para decidir como impedir os planos de Valentine. A guerra é iminente e todas as possibilidades devem ser consideradas.

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: A saga segue divertida e emocionante. Sem perder a qualidade, desacelerou um pouco, tomou fôlego e partiu para o abraço. Senti que as coisas estavam se definindo e a conclusão era inevitável, mas fico feliz porque nos foram dadas muitas respostas satisfatórias e desprovidas de “embromation”.

O clima é de guerra, disputas e discussões. Ideologia, política, intriga e vidas estão em jogo, mas são nos defeitos mais mesquinhos que repousam algumas das descobertas mais fascinantes.

Finalmente conhecemos Ídris e desfilamos por suas ruas e praças. Em meio a infindáveis reuniões, os Caçadores decidem quais atitudes tomar diante das novas investidas de Valentine. E, pra variar, muita controvérsia e interesses escusos estão envolvidos nisso.

“Fraqueza e corrupção não estão no mundo, estão nas pessoas”.

Democracia é um conceito difícil de ser vivido!! Quem já não se deparou com pessoas que não aceitam ouvir as outras? Assembléias em que as pessoas voltam a levantar as mesmas questões que já haviam sido discutidas? Exaustivas repetições sobre o ponto de vista dos mais intransigentes? É chato, sufocante e entendo perfeitamente o desconforto e desânimo de Luke ao lidar com a Clave e os demais grupos de downworlders. Dá vontade de mandar todo mundo... subir na mesa e “rodar a baiana” (ou não!).

Pior ainda é saber que no meio sempre tem pessoas desonestas e mal intencionadas que usam artifícios para atrasar os avanços, causar discórdia e favorecer a si mesmas. Muitas vezes o bom senso é um dos últimos recursos a ser empregado, quando deveria ser um dos primeiros.

A autora demonstra algum conhecimento sobre religião, conseguindo fazer conexões que não soam esdrúxulas, como algumas que tenho visto por ai. Outro fator que destaco foi o de colocar seus personagens sobrenaturais sob uma perspectiva positiva, em suporte ao mundo e não em contraposição. Além disso, sob uma visão crescente de humanidade que, embora a princípio tenha sido mostrada como fraca e risível, pouco a pouco se revela como o oposto, uma raça fortalecida em sua fragilidade pelo poder de amar, criar, cuidar e se importar com o outro.

Todos os personagens passam por um significativo amadurecimento, como se chegasse o momento de viver uma nova etapa, uma nova história. Foi bom acompanhar esse processo e ver a maneira que as coisas começaram a parecer para eles mesmos.

Se não soubesse que havia mais, poderia jurar que a saga terminava aqui.

SPOILERS!!

Senti uma vibe total de final ao terminar este volume. Tanto que estou com medo de pegar o próximo e acabar estragando tudo. No entanto, devo dizer que foi correta a opção pela conclusão de várias pontas que estavam se fechando e não havia mais espaço para ficar enrolando.

Fulminado pelo anjo que invocou, Valentine encontra seu fim sendo despojado de qualquer auto-ilusão sobre a legitimidade de suas ações. Toda sua motivação estava na glorificação de si mesmo tal qual Satanás, que na ânsia de ser glorificado deixou de entender que a glória só a Deus pertence. E se isso não foi prova de que existe um Deus em contraposição à horda de demônios, não sei o que mais seria. Pena que Jace não viu, ele precisava, assim como Tomé, “ver para crer”.

Clary, garota esperta! Uma simples mudança de nome e ela tomou a benção pra si! Peniel total!! Pegou o favor do anjo e só largou depois de receber aquilo que todo mundo sabia que ela iria pedir: Jace. Também foi engenhoso se apoiar na concepção do ciúme para encontrar uma forma concreta de aliar Caçadores e downworlders. O céu é o limite para ela, hein!

Em meio a algumas surpresas, nem sempre fico feliz de dizer: “eu bem que cantei esta pedra!” Mas sim, não foi difícil imaginar que Jace era filho de Stephan, ou que Jace apareceria com um envolvimento amoroso com uma quenga avulsa quase matando Clary do coração. Pelo menos, Jocelyn tinha informações realmente esclarecedoras, obviamente o motivo de ela ficar inconsciente por tanto tempo.

Creio que a capa deste volume nos apresenta o verdadeiro Jonathan, o terceiro experimento de Valentine, embora na verdade tenha sido o primeiro. Aquele que assustou e foi rejeitado por Jocelyn, aquele com sangue de demônio. Foi tão criativa a maneira que Valentine encontrou para contornar o problema paradoxo sobre a derrubada das barreiras!!! Isso nem me passou pela cabeça! Ao contrário do fato do espelho ser o lago, que ficou muito óbvio desde o início.

Clary teve atitudes tão infantis - como abrir um portal na raiva e passar por ele ignorando os riscos e avisos - que já estava me chateando. Então prossegui na leitura e cheguei num momento em que a personalidade dela passa por uma devassa, o que foi sensacional, não só porque explicou essas atitudes, mas porque trouxe um novo olhar sobre elas. Jace acaba concluindo que o amor é capaz de tornar as pessoas mais fortes e foi esse sentimento que fez Clary invadir o “covil” das Crianças da Noite lá no primeiro volume e Jace acompanhar seus passos se aventurando em situações arriscadas e quebra de paradigmas que ele não estaria disposto sequer a considerar anteriormente. Isso também explica porque Alec e Isabelle permaneceram à parte, de início. Pode parecer óbvio, mas achei realmente importante aquele diálogo, porque algumas atitudes pareceram sim gratuitas e irritantes.

Falando em Isabelle, soltei altas risadas quando Alec descreveu os relacionamentos da irmã como sendo com “garotos completamente inapropriados, que nossos pais vão odiar”. Confirmou e resumiu tudo que eu estava pensando antes!!

Simon continua passando maus bocados, coitado! Depois de virar rato, vampiro, morto-vivo-quase-morto, daylight (isso foi bom, mas até ele descobrir o susto foi grande!), agora sofreu uma torturinha light, virou objeto de desejo da vampirada e terminou com a marca de Caim na testa. Ninguém ouse lhe destruir pela eternidade, em compensação, você será um pária para todo sempre. Poderia ter terminado, uma vez que não acabou imagino que alguma coisa ainda vai acontecer relacionada a isso.

Assustador foi Ithuriel sendo objeto dos loucos experimentos científicos de Valentine. Muito triste a morte do pequeno Max, mas acho que ele era um dos poucos personagens “dispensáveis” no circuito principal. A aparição da rainha de Seliee não deve ter sido por acaso. Alguém duvida que Jonathan possa voltar a aparecer?

Enfim, Jace e Clary podem ficar juntos, embora tenhamos sido devidamente lembrados de que existe uma profecia indicando outra possibilidade. Luke e Jocelyn se acertaram. Alec e Magnus idem. As coisas finalmente parecem caminhar para a paz e o sossego, então tenho medo do que vem por ai...

Nenhum comentário:

Postar um comentário