Sinopse: Segundo dia de narrativa e as
coisas parecem começar a melhorar na Universidade para Kvothe. No entanto, a
rivalidade com Ambrose chega a extremos difíceis de contornar e ele se vê forçado
a embarcar numa inusitada aventura, a muitos quilômetros de distância,
ganhando e perdendo muito mais do que poderia imaginar.
Qualificação: Excelente!!
Resenha: “Amamos aquilo que amamos, a
razão não entra nisso”.
Ao entrar no
segundo volume desta incrível saga, é fácil se sentir totalmente familiarizado
com tudo. Tanto assim, que não há muito daquela cautela do iniciar, mas uma
ansiedade de seguir em frente a toda velocidade. Quem chegou neste ponto
certamente vai prosseguir na leitura e mergulhar neste universo sem hesitação e
não precisa ser convencido de que valha a pena. Assim, esta resenha segue
direto ao ponto, sem se preocupar em separar spoilers.
De volta ao
Marco do Percurso!! Um novo dia nasce, trazendo as preocupações do presente e
memórias do passado. Dentre os fatos mais interessantes ocorridos ali, destaco
o presente encantado que Bast ofereceu ao Cronista. Quem está familiarizado com
mitologia, sabe o quanto esses seres são ardilosos, astutos e famintos por
favores e barganhas, então não foi um feito comum, típico deles, e me
surpreendeu. Quem não está, já deve ter percebido algumas coisas inquietantes
no personagem. Ele está fazendo de tudo para despertar o homem poderoso e
impetuoso por trás do hospedeiro, mas já não tenho convicção sobre a pureza de
suas intensões. Por precaução, anote aí a receita para barrar o domínio dos
encantados e esteja preparado: ferro, fogo, vidro, olmeiro, freixo, faca de
cobre.
Existe uma
guerra em andamento e está muito claro que Kvothe teve um papel importante no
caos em que o mundo está entranhado. Não acredito em acasos, toda construção do
livro tem sido muito cuidadosa, portanto vejo esta guerra como o ápice da
tragédia vivida por nosso ruivinho. Estou muito curiosa sobre esse ponto!
Kvote segue
seus estudos fazendo conquistas interessantes. Aulas de Nomeação com Elodin e acesso
ao Arquivo são parte disso e é claro que nada seria tão simples mesmo após
essas conquistas. O Arquivo tem um charme próprio, com mistérios e tramas
intrincadas, mas revela muito pouco sobre os assuntos que queremos conhecer.
Ainda tenho a impressão de que Lorren esteja mais envolvido do que aparenta,
talvez com os Amyr.
Falando em
Amyr, os progressos em direção ao reconhecimento deles ainda é muito lento e
frustrante. Primeiro temos em Auri uma fonte de informações que prefere
permanecer longe do assunto, mais adiante, chegamos ao quase através do maer,
mas vemos uma das chances mais promissoras escapar sem soltar uma frase!
A primeira
etapa na Universidade foi mais extensa do que eu esperava. Imaginei que já
havíamos avançado para um ponto em que a expulsão aconteceria e os grandes
feitos pelo mundo a fora começariam a acontecer, por isso fiquei um pouco impaciente
ao ver que tudo seguia num ritmo muito igual durante muito tempo. Também não
aguentava mais aquela pobreza premente de Kvothe e fiquei muito aliviada por
esse problema ter praticamente sido solucionado ao final.
De qualquer
maneira, vejo um propósito claro em cada momento da narrativa. Todo aquele
drama com as malfeitorias de Ambrose, por exemplo, serviram para Kvote aprender
a fortalecer seu Alar e criar uma resistência mental tão potente que lhe
permitiram sobreviver aos encantos de Feluriana e do próprio Cthaeh. Além de
lhe motivar a construir o amuleto de proteção.
Outro exemplo
da minúcia na construção são as inúmeras situações embaraçosas vividas pelo
garoto virginal e que destoavam gritantemente da fama adquirida posteriormente.
Descobrir o sexo através de Feluriana lhe transforma naquele amante lendário de
forma incontestável.
No entanto
algumas coisas começaram a se tornar exaustivas e frustrantes. A tensão pela
expulsão da Universidade que nunca se concretiza já se tornou cansativa e
desinteressante. A realidade por trás de alguns fatos é frustrante, por essa razão
uma das minhas partes favoritas do volume foi justamente o encontro com
Feluriana. Esta parte da história é aquela que mais aproxima a verdade do mito
e conseguiu transmitir a sensação de um evento realmente único, fantástico e
especial, digno de se tornar uma lenda.
O Chandriano
tem sido alvo de avanços significativos. Quando a garotinha do amuleto aparece
na Universidade, minha mente não demorou a fazer conexão com aquela que viríamos
a lembrar chamar Nina. Fiquei curiosa sobre a presença dela, mas o encontro se
revelou bem mais proveitoso do que eu ousaria esperar! Ela lembrou detalhes
esclarecedores e teve o cuidado de representar num pergaminho valioso!! Senti
uma excitação enorme com as novidades!!
Obrigado a dar
uma pausa nos estudos, Kvothe bota o pé na estrada e o livro ganha um salto
ainda maior de qualidade. No primeiro instante, depois de se ver em apuros, ele
consegue se superar em interpretações e artimanhas jogando o jogo de sutilezas
e falsidade da nobreza. Se instala no circulo de confiança do maer, mas vê seus
esforços quase irem abaixo e finalmente compreende a dimensão do poder de um
monarca, especialmente no que concerne à facilidade ao dispor sobre uma vida.
Esse trecho é carregado de tensão, fiquei nervosa, me senti em crise. Sem
contar que era de ficar apreensivo com todas reviravoltas, guardas,
envenenamentos, desconfianças, acusações e fofocas!!
Adiante temos
outro dos melhores momentos do livro: os admrianos. A presença de Tempi me
deixou logo alerta para um caminho especial partindo daí e não deu outra!! O
melhor de tudo foi perceber que todo o aprendizado vindo de Tempi representava
muito pouco e todo desafio de justificar o aprendizado e ser aceito pelo povo,
entendendo seus costumes até se tornar parte deles foi muito bom! Essa
aventura, além de ser excelente por si só, foi responsável por uma base importante
dos conhecimentos de Kvothe, lhe dando domínio na luta, facilitando o trabalho
com a mente adormecida através da técnica da folha em rodopio e acrescentando
ricos detalhes à história do Chandriano. Ele ganhou um nome também!
Invocar um
raio, matar mais de vinte bandidos, escapar de Feluriana, possuir uma capa
encantada, convocar o vento, salvar mocinhas em perigo, pode não ser tudo
conforme se ouve por aí, mas a lenda já ultrapassa a estatura do homem e se
torna um elemento perigoso e indomável.
Acredito que
Ambrose (ou seu pai) seja o rei que acabará sendo morto por Kvothe, afinal, tem
sido evidenciado o fato dele estar convenientemente na linha de sucessão, cada
vez mais próximo, e o acontecimento justificaria a proporção crescente da
rivalidade de ambos. O que começou como uma antipatia na entrada do Arquivo tem
crescido exponencialmente, juntamente com o poder crescente de cada um deles.
Um grande confronto final à vista.
Evidentemente,
Denna tem grande relevância no contexto geral e parece ter alguma influência no
estado atual de Kvothe. Arriscaria dizer que ele foi capaz de fazer um pacto por
ela, ou que a feriu de tal maneira que se viu incapaz de continuar a usar seus
poderes, algo parecido com o período em que perdeu os pais e a mente se fechou
para protegê-lo da dor.
Os momentos de
interlúdio me fizeram questionar: onde andarão Simmon, Feila, Will e tantos
outros? Tenho um palpite de que Will possa ter sido atraído pelo lado dos
encantados, foi estranho ver que ele acredita e se interessa no assunto.
Por fim, qual
o temor do sábio? Muitas foram as respostas: o mar na tormenta, a noite sem
luar, a ira do homem gentil. Todas elas tiveram seu momento e foram superadas
com dificuldades ao longo do volume. O mar na tormenta privou Kvothe de quase
todos seus pertences, por pouco não lhe tirou a vida e ainda dificultou sua
jornada de acesso ao maer. Segundo Feluriana, a noite sem luar deve ser temida
pelos homens porque eles se sentirão atraídos pelo mundo dos encantados, o que
provavelmente será seu fim. A ira do homem gentil pode significar um castigo
muito mais severo e inegociável, o maer e o Lorren foram exemplos bem
contundentes. Será que o personagem conseguiu atingir algum grau de sabedoria
com a superação ou decaiu para uma arrogância vaidosa?
PS: Alguma
dúvida de que a Lady Lockless deve ser tia do Kvothe?
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