sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Culpa é das Estrelas – John Green

Sinopse: Hazel é uma jovem de dezesseis anos, que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões. Augustus Waters, de dezessete, é ex-jogador de basquete e perdeu a perna para o osteossarcoma. Inteligentes e bem humorados, eles brincam com os clichês do mundo do câncer, que vem determinando o rumo de suas vidas. Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: Um drama honesto, emocionante e apaixonante. Tive que segurar as lágrimas algumas vezes, especialmente quando seguia lendo pela rua afora! Saber que é um drama, com toda carga emocional envolvida não diminui o nó na garganta durante os momentos mais críticos. Mas nem tudo é choro, há espaço para risos, romance e reflexões!

Como viver contra todas as probabilidades?

Se temos algum tipo de certeza nessa vida, é de que ela acaba um dia. Mesmo crendo numa continuidade, a vida como conhecemos está fadada a encontrar seu fim. Impossível precisar a hora, o tempo que nos resta, embora existam estimativas quando alguma doença mais grave nos acomete. E é nesses casos que a vida muda e a quase tangibilidade da morte suscita a necessidade de viver com “V” maiúsculo, embora ninguém saiba exatamente o que isso poderia significar.

O livro trabalha essas questões e, como se não fosse suficiente, tem como personagens principais adolescentes que tem vivido sob a sombra do câncer desde crianças. Eles estão tão familiarizados com a morte e os efeitos da doença que conseguem até mesmo prever atitudes das pessoas, entender o desconforto que causam e ironizar sobre vicissitudes cotidianas.

Nesse contexto, Hazel e Augustus nos presenteiam com personalidades singulares e um relacionamento cheio de sensibilidade. A leitura figura como elemento de ligação, capaz de dizer muito sobre eles e estabelecer alguns laços profundos.

Cada jovem tem uma maneira de lidar com a enfermidade, o preconceito e baixa estimativa de tempo de vida. Será que é pouco tempo para deixar sua marca no mundo? Ou é melhor seguir invisível e causar o mínimo de dor às pessoas?

SPOILERS!!!

E no fim, o garoto que parecia mais saudável é o primeiro dos três a morrer. Esse fator nos convida a refletir justamente sobre a imprevisibilidade da coisa toda. Foi muito triste ver o garoto tão cheio de vida definhando e vindo a óbito contra as probabilidades. Tendo uma das maiores chances de recuperação, ele se enquadra na pequena parcela que não resiste, enquanto Hazel vive a situação oposta, estando tão pronta a aceitar sua morte que repentinamente se percebe tendo uma perspectiva mais animadora do que a de seus amigos.

Vivendo sempre no limite, na base do milagre, Hazel continuava vencendo o tempo, mas havia desistido de viver, de investir nas pessoas ou realizar atividades produtivas. O choque com a perda de Gus lhe abriu os horizontes, lhe fez ver que ainda havia muita coisa pela qual cada dia ganho valia a pena ser vivido.

Como leitora voraz, me agradou bastante a troca de figurinhas no quesito literatura. Me encantei com a maneira que os livros influenciaram no relacionamento entre Gus e Hazel, servindo de pretexto para uma conversa filosófica, um passeio ou um flerte. Também curti bastante a maneira como os livros revelavam um pouco das personalidades dos jovens e ajudaram a estabelecer uma intimidade, um compartilhar dos gostos e prazeres de cada um.

Amei toda metáfora do “Uma Aflição Imperial”, mas quando eles começam a discutir a descontinuidade, com Hazel dizendo que já escreveu diversas vezes para o Van Houten, juro que só me veio à mente Stephen King! Ainda me choco quando lembro que SK levou 20 anos para escrever a continuação da série “A Torre Negra”!! O próprio autor comenta no prefácio da obra finalizada que recebeu cartas de doentes terminais que queriam saber um final que nem mesmo ele tinha idéia de qual fosse! Pelo menos, no caso do Van Houten o problema era a filha que ele perdeu para a doença, cuja vida interrompida tão bem se desenhou no seu livro.


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