Sinopse: Faz três meses que Amy foi
desconectada e desde então, para onde quer que olhe enxerga apenas as paredes
da nave, como uma prisão. Elder assumiu a liderança e governa sem Phydus
desvendando pouco a pouco os verdadeiros problemas no funcionamento de Godspeed. A verdade determinará o
destino dos 2.298 passageiros, mas ela está cercada de mistério, mentiras e
perigos que aumentam a cada dia, especialmente agora que todos estão autoconscientes
e a sociedade volta a ficar susceptível às três causas da discórdia: diferença,
falta de liderança forte e pensamento individual.
Qualificação: Ótimo!!
Resenha: Surpreendente!! Mais dinâmico
e complexo, o livro consegue apresentar novas informações e conexões, sendo
bastante superior e até agregando valor ao primeiro volume.
Amei as voltas
e reviravoltas!! Se havia algo certo é que nada parecia muito certo, então foi
reconfortante saber que tudo fazia parte do propósito da trama e, pouco a pouco,
as peças começariam a se encaixar.
Enquanto as
mentiras deixam rastros de imperfeição em suas explicações, a verdade costuma
ser muito mais direta, objetiva e bem coesa. Ao final do volume anterior estava
incomodada com as respostas, achando que alguma coisa não se encaixava direito
e fiquei realmente exultante quando vi que aquilo não era convincente
justamente porque não era para ser. Diante disso, até a visão sobre o volume
anterior melhorou bastante! Conseguiu apresentar uma situação relativamente
convincente e deixar espaço para a dúvida!
Elder quer dar
continuidade à missão da nave. Enquanto estuda o motor e as leis da física,
percebe que nada daquilo que lhe foi dito pode ser a verdade e, sendo assim,
precisa descobrir os segredos guardados a sete chaves antes de prosseguir com
um plano realmente eficiente. No entanto, parece que a verdade se perdeu a
centenas de anos e as leis da física revelam apenas o menor de seus problemas.
Uma vez
afastadas da influência de Phydus, as pessoas tendem a revelar comportamentos e
atitudes que Elder é incapaz de reconhecer e para as quais não possui qualquer preparo.
Se ele não for capaz de infundir sua liderança, o caos parece prestes a invadir
o lugar.
SPOILERS!!!
Quando
a verdade é tão impactante que está escondida em camadas.
Elder
rapidamente percebe que o problema apontado no motor não é verdadeiro, mas as
respostas que ele procura estão tão enterradas que quase ninguém sabe mais onde
encontrar. Os segredos vão se revelando como novas mentiras, preparadas para
satisfazer a curiosidade daqueles mais preparados, aqueles que poderiam realmente
questionar, de maneira a satisfazê-los antes que todas as camadas ficassem
expostas. Quando eu pensava que o problema finalmente havia aparecido, novos
eventos mudavam tudo e tripudiavam na minha cara!
Depois de
aceitar que a nave nunca chegaria ao planeta, concluir que ela seguia rápido
demais foi tão chocante e crocante que me permiti saborear. Então fiquei
desolada com a informação de que ela estava parada e até cogitei que nunca
tivesse saído da estação espacial na qual foi construída, se constituindo num
perverso projeto de pesquisas esquecido e abandonado à própria sorte. Agora
estou ansiosa para conhecer o planeta de dois sóis e as formas de vida
predadoras que lá habitam.
“Porque descartar os militares agora?”
A pergunta de
Órion não me parece satisfatoriamente respondida. Uma vez que a nave está
prestes a se desintegrar inviabilizando aquele sistema de vida por muito mais
tempo, a única opção à morte certa é a tentativa de colonização do planeta e o
enfrentamento de quaisquer que sejam os perigos lá existentes. A presença dos
militares parece um elemento fundamental para assegurar a sobrevivência diante
de tal quadro, afinal, a tripulação não faz a menor idéia de como atuar em
combate.
Entendo porque
Órion optou por deixar a decisão nas mãos de Amy. Ela realmente parece ser a
única com experiência concreta sobre a força e poderio da humanidade. Nós nunca
fomos os mais fortes, mas a força criativa da humanidade fez valer o seu
domínio sobre o planeta Terra. O novo planeta deve apresentar um enorme desafio
e somente Amy pode compreender o que representa não somente o arsenal, mas a
equipe de profissionais congelados, preparados para a colonização.
Todo
desenvolvimento interno da nave foi no sentido de aprimorar tecnologias
diversas relacionadas ao clima, relevo e demais eventos naturais. Vivendo sob a
paz induzida do Phydus, a tripulação não sabe lidar com conflitos, violência ou
táticas de guerrilha. Órion entendeu que a resposta das sondas apontava para um
inevitável combate, mas aceitou a derrota como um fato, um massacre como certo
e preferiu a morte induzida pelos medicamentos quando o momento final chegasse.
Parece ser a única razão para os assassinatos que cometeu.
No lugar de
Amy, meus pais já estariam descongelados faz tempo! No mais tardar, depois de
saber que a nave estava parada e desintegrando! Melhor aproveitar os últimos
recursos juntos, não? Além disso, papai seria muito útil no controle coercitivo
do populacho rebelde!
Elder e Amy
buscaram a verdade e acreditaram que ela bastaria igualmente para todos.
Ignorar a diferença foi um grave erro no governo de Elder e não apenas porque
aprendeu ser uma causa de discórdia. Ele pecou por não entender que as pessoas
teriam reações diferentes às novidades. Depressão, preguiça, psicopatia e
violência podem ser apenas palavras em livros antigos para Elder, mas Amy viveu
essa realidade e poderia ter antecipado alguns desses problemas ou aconselhado
melhor o jovem líder antes que o caos tomasse conta. Sempre esbarramos na
inexperiência e juventude dos garotos para justificar a falta de planejamento.
Falando nisso,
Órion se mostra um personagem ainda bastante atuante, capaz de antecipar fatos
e elaborar estratégias de ação originais. Certamente ainda terá um papel
considerável a desempenhar.
O livro
trabalhou em cima do final de uma era. Elder perdeu todos os laços afetivos que
possuía com a tripulação e mesmo os que não morreram acabaram ficando na nave.
Seu vínculo com Amy representa sua opção pelo novo e desconhecido.
Elder não
parece se dar conta de que a tripulação congelada possui seus próprios planos e
patentes. Não vejo esse pessoal submisso ao seu governo e não acho que Amy
também veja, mas ela não diria isso se pusesse a vida de seus pais em risco,
não? Talvez no fim, ele apenas fique muito aliviado por transferir o comando da
missão, mas pode ser justamente ai que ele vai aprender e se firmar como o
grande líder que nasceu para ser.
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