sábado, 13 de julho de 2013

Série Across The Universe 02 – Million Suns - Um Milhão de Sóis – Beth Revis

Sinopse: Faz três meses que Amy foi desconectada e desde então, para onde quer que olhe enxerga apenas as paredes da nave, como uma prisão. Elder assumiu a liderança e governa sem Phydus desvendando pouco a pouco os verdadeiros problemas no funcionamento de Godspeed. A verdade determinará o destino dos 2.298 passageiros, mas ela está cercada de mistério, mentiras e perigos que aumentam a cada dia, especialmente agora que todos estão autoconscientes e a sociedade volta a ficar susceptível às três causas da discórdia: diferença, falta de liderança forte e pensamento individual.

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: Surpreendente!! Mais dinâmico e complexo, o livro consegue apresentar novas informações e conexões, sendo bastante superior e até agregando valor ao primeiro volume.

Amei as voltas e reviravoltas!! Se havia algo certo é que nada parecia muito certo, então foi reconfortante saber que tudo fazia parte do propósito da trama e, pouco a pouco, as peças começariam a se encaixar.

Enquanto as mentiras deixam rastros de imperfeição em suas explicações, a verdade costuma ser muito mais direta, objetiva e bem coesa. Ao final do volume anterior estava incomodada com as respostas, achando que alguma coisa não se encaixava direito e fiquei realmente exultante quando vi que aquilo não era convincente justamente porque não era para ser. Diante disso, até a visão sobre o volume anterior melhorou bastante! Conseguiu apresentar uma situação relativamente convincente e deixar espaço para a dúvida!

Amy está vivendo um dia de cada vez. Sentindo dificuldade em viver enclausurada, sem poder se aproximar das pessoas, com medo de Luthor e num eterno dilema sobre a situação vivida por seus pais. Em meio a tudo isso, recebe um presente inesperado que inicia uma enorme caçada. As revelações são apenas parte da charada, pois o objetivo final é fazer com que Amy tome uma decisão que vai selar o destino de toda Godspeed.

Elder quer dar continuidade à missão da nave. Enquanto estuda o motor e as leis da física, percebe que nada daquilo que lhe foi dito pode ser a verdade e, sendo assim, precisa descobrir os segredos guardados a sete chaves antes de prosseguir com um plano realmente eficiente. No entanto, parece que a verdade se perdeu a centenas de anos e as leis da física revelam apenas o menor de seus problemas.

Uma vez afastadas da influência de Phydus, as pessoas tendem a revelar comportamentos e atitudes que Elder é incapaz de reconhecer e para as quais não possui qualquer preparo. Se ele não for capaz de infundir sua liderança, o caos parece prestes a invadir o lugar.

SPOILERS!!!

Quando a verdade é tão impactante que está escondida em camadas.

Elder rapidamente percebe que o problema apontado no motor não é verdadeiro, mas as respostas que ele procura estão tão enterradas que quase ninguém sabe mais onde encontrar. Os segredos vão se revelando como novas mentiras, preparadas para satisfazer a curiosidade daqueles mais preparados, aqueles que poderiam realmente questionar, de maneira a satisfazê-los antes que todas as camadas ficassem expostas. Quando eu pensava que o problema finalmente havia aparecido, novos eventos mudavam tudo e tripudiavam na minha cara!

Depois de aceitar que a nave nunca chegaria ao planeta, concluir que ela seguia rápido demais foi tão chocante e crocante que me permiti saborear. Então fiquei desolada com a informação de que ela estava parada e até cogitei que nunca tivesse saído da estação espacial na qual foi construída, se constituindo num perverso projeto de pesquisas esquecido e abandonado à própria sorte. Agora estou ansiosa para conhecer o planeta de dois sóis e as formas de vida predadoras que lá habitam.

“Porque descartar os militares agora?”

A pergunta de Órion não me parece satisfatoriamente respondida. Uma vez que a nave está prestes a se desintegrar inviabilizando aquele sistema de vida por muito mais tempo, a única opção à morte certa é a tentativa de colonização do planeta e o enfrentamento de quaisquer que sejam os perigos lá existentes. A presença dos militares parece um elemento fundamental para assegurar a sobrevivência diante de tal quadro, afinal, a tripulação não faz a menor idéia de como atuar em combate.

Entendo porque Órion optou por deixar a decisão nas mãos de Amy. Ela realmente parece ser a única com experiência concreta sobre a força e poderio da humanidade. Nós nunca fomos os mais fortes, mas a força criativa da humanidade fez valer o seu domínio sobre o planeta Terra. O novo planeta deve apresentar um enorme desafio e somente Amy pode compreender o que representa não somente o arsenal, mas a equipe de profissionais congelados, preparados para a colonização.

Todo desenvolvimento interno da nave foi no sentido de aprimorar tecnologias diversas relacionadas ao clima, relevo e demais eventos naturais. Vivendo sob a paz induzida do Phydus, a tripulação não sabe lidar com conflitos, violência ou táticas de guerrilha. Órion entendeu que a resposta das sondas apontava para um inevitável combate, mas aceitou a derrota como um fato, um massacre como certo e preferiu a morte induzida pelos medicamentos quando o momento final chegasse. Parece ser a única razão para os assassinatos que cometeu.

No lugar de Amy, meus pais já estariam descongelados faz tempo! No mais tardar, depois de saber que a nave estava parada e desintegrando! Melhor aproveitar os últimos recursos juntos, não? Além disso, papai seria muito útil no controle coercitivo do populacho rebelde!

Elder e Amy buscaram a verdade e acreditaram que ela bastaria igualmente para todos. Ignorar a diferença foi um grave erro no governo de Elder e não apenas porque aprendeu ser uma causa de discórdia. Ele pecou por não entender que as pessoas teriam reações diferentes às novidades. Depressão, preguiça, psicopatia e violência podem ser apenas palavras em livros antigos para Elder, mas Amy viveu essa realidade e poderia ter antecipado alguns desses problemas ou aconselhado melhor o jovem líder antes que o caos tomasse conta. Sempre esbarramos na inexperiência e juventude dos garotos para justificar a falta de planejamento.

Falando nisso, Órion se mostra um personagem ainda bastante atuante, capaz de antecipar fatos e elaborar estratégias de ação originais. Certamente ainda terá um papel considerável a desempenhar.

O livro trabalhou em cima do final de uma era. Elder perdeu todos os laços afetivos que possuía com a tripulação e mesmo os que não morreram acabaram ficando na nave. Seu vínculo com Amy representa sua opção pelo novo e desconhecido.

Elder não parece se dar conta de que a tripulação congelada possui seus próprios planos e patentes. Não vejo esse pessoal submisso ao seu governo e não acho que Amy também veja, mas ela não diria isso se pusesse a vida de seus pais em risco, não? Talvez no fim, ele apenas fique muito aliviado por transferir o comando da missão, mas pode ser justamente ai que ele vai aprender e se firmar como o grande líder que nasceu para ser.


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