Sinopse: A garota perfeita dos
comerciais acaba de perder a melhor amiga e começa o ano letivo ignorada por
todos. A verdade sobre aquela noite é um segredo que Annabel não conta a ninguém,
especialmente à frágil família, na qual cada membro vive seu inferno
particular. Nesse contexto surge Owen, alguém surpreendente que tem uma
importante lição a ensinar: “Não pense, nem julgue. Apenas ouça.”
Qualificação: Excelente!
Resenha: Fascinante!!! O que acontece
quando você consegue ouvir a todos menos a si mesmo? Ou se você fala tanto que já
nem prestam a devida atenção? É possível viver plenamente evitando conflitos?
Um livro sobre
o verdadeiro impacto da comunicação na vida das pessoas. Minha mente ficou em
polvorosa, tentado absorver cada pequena mensagem para poder digerir e
transformar em atitudes construtivas. Me identifiquei bastante com algumas
situações e já estou maquinando meu próprio guia de gerenciamento para atitudes
que preciso “reformular e reconsiderar”.
A vida de
Annabel está uma bagunça, ela está absurdamente infeliz e tudo que faz é se resignar
porque não consegue enfrentar conflitos. Costumo dizer que todo excesso é
prejudicial e até hoje ainda não encontrei nenhuma exceção a essa pequena
regra. Por mais que uma coisa seja perseguida e desejada, seu excesso
inevitavelmente causará efeitos negativos e indesejados.
Os conflitos
não precisam ser provocados por nós, mas invariavelmente estamos no meio de uma
situação em que precisamos nos posicionar, porque não fazê-lo pode causar
transtornos ainda maiores. Entendo todo o desejo de fuga, a dificuldade em
confrontar e, principalmente, a necessidade de florear a verdade para apaziguar
os ânimos. Acredito, no entanto, que o maior problema que ela enfrenta é a
negação dos problemas, que faz a si mesma diante de tudo que não deseja
enfrentar.
Eis que no
alto da casa de vidro é possível ver a imagem de uma família perfeita. Tão impressionante
que as pessoas diminuem o ritmo ao passar por ela apenas para admirar aquela
cena e desejar em seus corações fazer parte de algo tão especial.
Naquela casa
de vidro vive Annabel, a filha mais nova entre 3 lindas jovens. O que parece um
sonho, visto de perto demonstra ser um verdadeiro pesadelo. Vejo Annabel naquela
casa, vendo todos os problemas ao seu redor como uma expectadora paralisada de
medo, se recusando a admitir para si mesma que faz parte daquele caos, negando
a verdade de sua própria imperfeição. Assim, ela se mantém calada, como se o
fato de não falar pudesse fazer com que as coisas ruins não estivessem acontecendo.
Comovente, bem
escrito, contado de maneira simples e eficiente. Nos leva a refletir sobre tudo
que dizemos, que ouvimos, bem como quanto, como e o que devemos fazer com estes
sentidos preciosos.
“Eu poderia fingir deixar o passado para trás,
mas o passado não iria me deixar”.
mas o passado não iria me deixar”.
Quando
estudamos o passado temos dois grandes objetivos: aprender com os erros e evoluir
com os acertos. Por essa razão, é inerente ao ser humano a necessidade de
avaliar criticamente suas experiências antes de poder seguir em frente.
Com uma
família cheia de extremos, Annabel procura ser um ponto equilíbrio. Não fala
demais a ponto de atrapalhar, nem fica calada diante das coisas, mas mente sempre
que acredita que a verdade vai ferir ou magoar.
Tudo que ela deseja é evitar conflitos e nesse caminho vai ignorando
qualquer poder que possua para solucionar seus próprios problemas e acaba voltando
a cometer os mesmos erros.
Owen é um
personagem singular. Tudo a respeito dele é intrigante e ele contribui bastante
com suas discussões sobre música, sinceridade e (claro!) gerenciamento da
raiva. Não estava familiarizada com esse tipo de tratamento, mas achei bastante
educativo. Não sei se conseguirei ver um “interessante”
ou “coisa” da mesma maneira que antes.
No entanto,
somente quando Emily assume uma postura oposta à sua é que Annabel se dá conta
de uma porção de coisas: não era tarde para falar a verdade, o apoio das
pessoas dependia da sua postura diante dos fatos, não havia motivos para se
envergonhar e ela poderia ter evitado que outras garotas vivessem o mesmo
problema.
Sensacional a
mudança de perspectiva entre Kristen e Whitney sobre o dia que Whitney quebra o
braço. Quando Annabel assiste o vídeo, já conseguimos entender o significado
daquilo na relação entre as irmãs e depois com o discurso de Whitney um belo
quadro se completa e elas finalmente conseguem entender aquilo que se passava
entre ambas e acabou por afastá-las. Enquanto a mais velha ficava sufocada por
ter a outra sempre por perto e a via como estraga-prazer, a menor a seguia por
falta de opção, desejando ter um caminho próprio a seguir.
Kristen falava
demais. Tanto que seu discurso se perdia, ou parecia exagerado e as pessoas já
não paravam para escutar o que ela tinha a dizer. Vivendo assim, reduziu as
oportunidades de diálogo com sua irmã, e não foi levada suficientemente a sério
quando apontou a gravidade para o problema que Whitney estava passando. Ela
preenchia todo silêncio na família com seus comentários, desviando os demais da
perspectiva de falar ou pensar em seus próprios problemas. Quando se afasta do
convívio familiar, ela percebe e procura corrigir essa compulsão, passando a
falar o necessário e aprendendo a ouvir os outros. Sua família também sente a
diferença e os espaços vazios começam a ser preenchidos pelos demais.
Whitney
guardava tudo trancado dentro de si mesma e a anorexia foi a maneira que seu
corpo encontrou de dar vazão a todo stress e insatisfação mal contidos dentro dela.
Muita gente acaba apresentando sintomas físicos quando a torrente de
sentimentos aprisionados começa a ser insuportável.
Ter uma pessoa
depressiva em casa é muito desestabilizador, especialmente quando essa pessoa é
muito amada e dava suporte aos outros membros. É natural que todos façam tudo
que está ao seu alcance para protegê-la e evitem trazer aborrecimentos. É difícil
decidir o que compartilhar com ela, mesmo sabendo que nem tudo pode ser
escondido, omitido, separado. Às vezes elas se mostram mais fortes do que
acreditamos, mas nunca deixamos de sentir pavor diante da possibilidade de
derrubá-la de vez.
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