sábado, 18 de agosto de 2012

Serie Trylle - Switched – Amanda Hocking


Sinopse: Quando Wendy Everly tinha seis anos quase foi morta, pois sua mãe estava convencida de que ela era um monstro. Onze anos depois, Wendy descobre que ela poderia estar certa e começa a conhecer a verdade de uma maneira que nunca poderia imaginar.

Qualificação: Ótimo!

Resenha: Me sinto dividida! De um lado posso afirmar que estou me divertindo e tendo uma leitura bem agradável e interessante. Do outro lado tenho a sensação incômoda de que várias coisas estão mal desenvolvidas ou ainda não encontraram o tom certo.

De volta a um mundo cheio de seres encantados, mas desta vez abordando uma raça pouco explorada (por mim, pelo menos!), que costuma estar no “lado negro da força”. Sempre me empolgo com essas imersões em contos de fadas, onde tudo é diferente e inesperado, mas principalmente onde criaturas fantásticas estimulam minha imaginação trazendo elementos novos a cada instante. Aqui não está sendo diferente, estou envolvida e animada com a perspectiva de ler o próximo volume.

O texto é bom e trouxe elementos que eu já tinha curiosidade de conhecer melhor, no entanto teve alguns momentos extremamente déjá vu e uma moral duvidosa mal resolvida que me incomodaram, parecendo aquele insetinho chato que nem vai te fazer mal, mas fica rondando, incomodando, atrapalhando e você tenta afastar inutilmente porque ele acaba voltando e te distraindo daquilo que é realmente importante. O livro começa em uma direção muito boa, mas acaba seguindo outro rumo, que na verdade é ótimo, mas destoa do começo e eu não consegui me desligar disso.

Achei este livro por acaso, numa propaganda dentro de um joguinho mega viciante. Detesto as propagandas, mas a visão de uma capa de livro sempre me chama a atenção (eu vi inicialmente esta capa aqui do lado e ela ficou na minha cabeça), então anotei num papel para procurar depois. Pensei que fosse um livro sobre bruxas. Não tinha a menor idéia que iria me deparar com changelings, o que foi surpreendente, mas de uma maneira positiva, pois estes seres despertaram minha curiosidade desde que li sobre eles na coleção Iron Fey (em que eles não eram o foco principal).

Wendy é um troll que foi trocado por um bebê humano e não havia maneira de fazer disso uma coisa boa. A família que recebe um troll sempre passa maus bocados, com crianças inquietas, indisciplinadas, teimosas e birrentas. Essas criaturas crescem em total desajuste e é natural que sintam como se não pertencessem ao lugar. Queria entender a lógica envolvida no processo de troca e fiquei satisfeita com a maneira fria e calculista que encontrei aqui.

Wendy começa como alguém extremamente arredio, até meio marrento, e vai abrindo seus horizontes aos poucos (talvez não tão devagar). Gostei da garota pequena e impulsiva que não se deixava intimidar, acho que ela combinava com aquilo que eu esperava de um troll. Por essa razão, apesar de gostar das mudanças que ela sofreu ao longo da narrativa, fiquei um pouco desapontada também e isso é uma daquelas coisas que eu comentei anteriormente, que nem atrapalha ou prejudica a coisa toda, mas deixa uma sensação esquisita de inadequação à qual fico voltando sem nem mesmo me dar conta.

Acredito que a humanização de Wendy é o ponto chave da trilogia. Tendo sido ressaltada desde o início, faz com que suas atitudes sejam diferenciadas e, por isso mesmo, provoquem mudanças sociais importantes entre seu povo.

Teve momentos em que me sentia lendo “O Diário da Princesa”, outros em que parecia o enredo da coleção Iron Fey meio simplificado, e o final teve uma vibe totalmente “Crepúsculo” (quase vi Bella Swan se jogando do penhasco para atrair Edward e espero que as semelhanças não cheguem realmente a esse ponto)! Exageros à parte, a trama parece mesmo uma colcha de retalhos de tanta coisa que me lembrou, mas ainda assim tem sua própria identidade e características peculiares que me fizeram gostar e apostar na proposta.

Toda a parte envolvendo Kim é muito trágica. Ela não é um personagem importante no contexto geral das coisas e uma tentativa de assassinato a uma criança não pode ser desconsiderada, mas saber que ela estava certa sobre a troca me fez ter alguma espécie de respeito e admiração pelo fato de que ela não se deixou enganar, seu instinto materno falou mais alto. Saber a verdade deveria evocar uma necessidade de reparação (ok, meu senso de justiça está incomodado com essa parte da coisa toda).

Se toda explicação para uma criança realmente problemática fosse tão simples e cômoda quanto essa! Não haveria que se pensar em rejeição, inadequação, irresponsabilidade, falta de amor, depressão pós-parto, distúrbio neurológico e tantas outras coisas. Não haveria que preocupar com a formação de gerações cada vez mais estranhas, famílias disfuncionais e confusas, indivíduos depressivos ou vazios. Não haveria que se falar numa sociedade decadente e sem perspectiva.

O changeling parece apenas um mito que surgiu da necessidade de dar uma razão para sentimentos e atitudes que ainda estão, na maior parte do tempo, além da compreensão, por isso esperava que a trama não se limitassem a aceitar isso. O objetivo da obra é mergulhar na mitologia e seus desdobramentos, o que faz muito bem, mas gostaria que causasse algum impacto maior do lado de cá (dos mansklings) também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário