Sinopse: Quando Wendy Everly tinha seis
anos quase foi morta, pois sua mãe estava convencida de que ela era um monstro.
Onze anos depois, Wendy descobre que ela poderia estar certa e começa a conhecer
a verdade de uma maneira que nunca poderia imaginar.
Qualificação: Ótimo!
Resenha: Me sinto dividida! De um lado
posso afirmar que estou me divertindo e tendo uma leitura bem agradável e
interessante. Do outro lado tenho a sensação incômoda de que várias coisas
estão mal desenvolvidas ou ainda não encontraram o tom certo.
De volta a um
mundo cheio de seres encantados, mas desta vez abordando uma raça pouco
explorada (por mim, pelo menos!), que costuma estar no “lado
negro da força”. Sempre me empolgo com essas imersões em contos de fadas,
onde tudo é diferente e inesperado, mas principalmente onde criaturas
fantásticas estimulam minha imaginação trazendo elementos novos a cada instante.
Aqui não está sendo diferente, estou envolvida e animada com a perspectiva de
ler o próximo volume.
O texto é bom e
trouxe elementos que eu já tinha curiosidade de conhecer melhor, no entanto teve
alguns momentos extremamente déjá vu e
uma moral duvidosa mal resolvida que me incomodaram, parecendo aquele insetinho
chato que nem vai te fazer mal, mas fica rondando, incomodando, atrapalhando e
você tenta afastar inutilmente porque ele acaba voltando e te distraindo
daquilo que é realmente importante. O livro começa em uma direção muito boa,
mas acaba seguindo outro rumo, que na verdade é ótimo, mas destoa do começo e
eu não consegui me desligar disso.
Achei este
livro por acaso, numa propaganda dentro de um joguinho mega viciante. Detesto
as propagandas, mas a visão de uma capa de livro sempre me chama a atenção (eu vi inicialmente esta capa aqui do lado e ela ficou na minha cabeça),
então anotei num papel para procurar depois. Pensei que fosse um livro sobre
bruxas. Não tinha a menor idéia que iria me deparar com changelings, o que foi surpreendente, mas de uma maneira positiva,
pois estes seres despertaram minha curiosidade desde que li sobre eles na coleção
Iron Fey (em que eles não eram o foco principal).
Wendy é um
troll que foi trocado por um bebê humano e não havia maneira de fazer disso uma
coisa boa. A família que recebe um troll sempre passa maus bocados, com
crianças inquietas, indisciplinadas, teimosas e birrentas. Essas criaturas
crescem em total desajuste e é natural que sintam como se não pertencessem ao
lugar. Queria entender a lógica envolvida no processo de troca e fiquei
satisfeita com a maneira fria e calculista que encontrei aqui.
Wendy começa como
alguém extremamente arredio, até meio marrento, e vai abrindo seus horizontes
aos poucos (talvez não tão devagar). Gostei da garota pequena e impulsiva que não se
deixava intimidar, acho que ela combinava com aquilo que eu esperava de um
troll. Por essa razão, apesar de gostar das mudanças que ela sofreu ao longo da
narrativa, fiquei um pouco desapontada também e isso é uma daquelas coisas que
eu comentei anteriormente, que nem atrapalha ou prejudica a coisa toda, mas
deixa uma sensação esquisita de inadequação à qual fico voltando sem nem mesmo
me dar conta.
Acredito que a
humanização de Wendy é o ponto chave da trilogia. Tendo sido ressaltada desde o
início, faz com que suas atitudes sejam diferenciadas e, por isso mesmo,
provoquem mudanças sociais importantes entre seu povo.
Teve momentos
em que me sentia lendo “O Diário da
Princesa”, outros em que parecia o enredo da coleção Iron Fey meio simplificado, e o final teve uma vibe totalmente “Crepúsculo”
(quase vi Bella Swan se jogando do penhasco para atrair Edward e espero que as
semelhanças não cheguem realmente a esse ponto)! Exageros à parte, a trama
parece mesmo uma colcha de retalhos de tanta coisa que me lembrou, mas ainda
assim tem sua própria identidade e características peculiares que me fizeram
gostar e apostar na proposta.
Toda a parte
envolvendo Kim é muito trágica. Ela não é um personagem importante no contexto
geral das coisas e uma tentativa de assassinato a uma criança não pode ser
desconsiderada, mas saber que ela estava certa sobre a troca me fez ter alguma
espécie de respeito e admiração pelo fato de que ela não se deixou enganar, seu
instinto materno falou mais alto. Saber a verdade deveria evocar uma
necessidade de reparação (ok, meu senso de justiça está incomodado com essa
parte da coisa toda).
Se toda
explicação para uma criança realmente problemática fosse tão simples e cômoda
quanto essa! Não haveria que se pensar em rejeição, inadequação,
irresponsabilidade, falta de amor, depressão pós-parto, distúrbio neurológico e
tantas outras coisas. Não haveria que preocupar com a formação de gerações cada
vez mais estranhas, famílias disfuncionais e confusas, indivíduos depressivos ou
vazios. Não haveria que se falar numa sociedade decadente e sem perspectiva.
O changeling parece apenas um mito que surgiu da necessidade de dar uma razão para sentimentos e atitudes que ainda estão, na maior parte do tempo, além da compreensão, por isso esperava que a trama não se limitassem a aceitar isso. O objetivo da obra é mergulhar na mitologia e seus desdobramentos, o que faz muito bem, mas gostaria que causasse algum impacto maior do lado de cá (dos mansklings) também.
O changeling parece apenas um mito que surgiu da necessidade de dar uma razão para sentimentos e atitudes que ainda estão, na maior parte do tempo, além da compreensão, por isso esperava que a trama não se limitassem a aceitar isso. O objetivo da obra é mergulhar na mitologia e seus desdobramentos, o que faz muito bem, mas gostaria que causasse algum impacto maior do lado de cá (dos mansklings) também.
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