segunda-feira, 9 de julho de 2012

Desabafo - Quando outra saga se inicia


Tem horas em que tudo que desejo é poder ler um livro com final. Não me leve a mal, já aderi à proposta dos seriados, pois encontrei muitas obras que tem valido a pena, mas a essa altura já perdi a conta de quantas sequencias estou aguardando. Acaba virando uma imensa confusão manter tudo inacabado na mente – até preciso organizar todas que estão em aberto para não deixar passar alguma!

Prefiro ler séries já encerradas. Pegar tudo de imediato, concluir a história e seguir adiante, mesmo que isso exija uma maratona. Embora o engraçado seja a sensação de perda que vem junto com a satisfação da conclusão, afinal são horas e horas dedicadas àquele universo tão especial, que já conhecemos, nos identificamos e não estamos dispostos a largar (mas precisamos, que fique claro!).

Quando paro para aguardar uma sequencia, vivo uma montanha russa de emoções - quase como aquelas fases do luto, sabe? Começo por me negar a aceitar o óbvio: vou ter que esperar. Fico enlouquecida atrás de notícias, na esperança de encontrar o livro pronto em algum lugar perdido, só esperando por mim. Achei muita graça quando assisti “O Diabo Veste Prada” e a pobre assistente teve que conseguir o manuscrito da continuação de Harry Potter para as filhinhas da chefona. Eu NE-CES-SI-TO de alguém assim!! Essa espera lancinante não respeita classes sociais, cor, credo, sexo, antes nos nivela ao limbo da expectativa. Bem, e quanto mais procuro sem achar, mais começo a resmungar e ficar revoltada.

Se o livro ainda não foi escrito, a coisa fica feia. Alguns escritores conseguiram angariar uma multidão de fieis que chegam a orar para que o dito cujo não morra antes de completar a obra. Li muitos comentários desse tipo a respeito do George R R Martin e até entendo o desespero, pois também desejo muito poder conferir as crônicas completas, mas procuro abstrair e acreditar que o que existe já fez valer à pena.

Que tal um hiato entre volumes de uns 20 anos? Chocado? Eu fiquei absolutamente passada quando, por uma total questão de sorte, peguei a coleção “A Torre Negra” no oportuno momento que Stephen King acabou de escrever toda a saga e me deparei com um texto extremamente perturbador. Além do tempo absurdo de expectativa, pessoas escreveram pedindo pra saber o fim porque estavam prestes a morrer e ele não podia fazer nada porque não sabia como ia acabar!! O confronto com a possibilidade da própria morte foi o que finalmente o levou a prosseguir. Depois de saber isso passei a ter medo de me perguntar: quanto tempo terei que esperar?

A raiva logo cansa e começo a pensar nas alternativas, no que ler a seguir, só que não dá vontade e acabo tãããõ deprimida que preciso parar tudo e respirar fundo até que aceito o fato, entendo a minha limitação e (BUM!) encaro outra aventura, porém nunca me desligo da sensação de falta.

Minha primeira experiência do tipo foi com J K Howlling. Tive que aguardar, ano após ano, o lançamento de algum volume novo, acompanhando as notícias, as fofocas sobre a autora, o drama dos atrasos. Teve livro que comprei antes de sair, mas o desgaste foi muito grande e a animação diminuiu muito com o passar dos anos, ao ponto de não estar verdadeiramente feliz quando peguei o último exemplar da coleção. Me senti meio Gollum segurando um objeto tão desejado que minha vontade já nem contava mais.

Contar uma história complexa e totalmente diversa do mundo tal como conhecemos pode exigir a divisão em partes. Aceitei de bom grado me deleitar com os volumes do universo de Tolkien e me maravilho com a construção fantástica de GRRM que segue surpreendendo e acrescentando a cada volume, mas existem momentos em que enxergo apenas alguém que não tem algo novo a oferecer e insiste em prolongar seus 15 segundos a fama ou desapegar daquilo que criou.


O fato é que um bom autor pode, mas não precisa, manter o interesse do público com series. Quando o leitor se identifica com a narrativa é natural que procure outros materiais do mesmo escritor e siga feliz com cada novidade. Fiz isso com Agatha Christie, Sidney Sheldon, Stephen King, entre outros, e me sentia mais livre para fazer outras descobertas e aguardar novos lançamentos sem precisar entrar na vida íntima de ninguém.

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