Quando leitores empolgados se deparam com
absurdos além da compreensão...
Você já tomou um susto ao ler um livro e se
deparar com uma informação que contradiz tudo que você pensava até aquele
instante simplesmente porque a capa deu uma falsa impressão?
Isso aconteceu comigo algumas vezes e, ao
comentar com um amigo, percebi que é mais comum do que seria de se esperar. No
entanto, o mais revoltante é não poder reclamar, esbravejar e colocar o dedo na
face do responsável que parece nem ter se dado ao trabalho de ler a obra antes
de aprovar tais bizarrices e jogar na impressora.
Bem... ERA! Pois este espaço foi criado
justamente para extravasar o sentimento de revolta e dizer que “sim, eu percebi a besteira que você fez”!
Para iniciar, trouxe o exemplo da capa de
dois volumes da série Feios em sua versão brasileira. Vamos comparar com as
capas originais e você vai entender do que estamos falando aqui:
Comecei a ler a saga certa de que Tally era
uma garota loira para descobrir a certa altura que isso não era verdade. Só que
o estrago já estava feito e eu não conseguia mais imaginar de outro jeito.
Assim, mesmo depois de ler os quatro volumes, até hoje imagino Tally loira, por
mais que tenham tentado corrigir a capa nos volumes posteriores.
No caso do volume “Extras” foi ainda mais sem
sentido, eu simplesmente ignorei, pois nenhuma personagem se encaixou no tipo
físico sugerido pela capa. Será que alguém leu antes de conceber essa capa? Como
é que uma história ambientada no Japão nos entrega uma loira de traços tão
ocidentais? Nem tem a desculpa de ser a Tally, pois já sabemos que a mesma não
é loira... e ai, comofaz?
Vamos falar agora do terceiro livro da série
Jogos Vorazes. Se você não leu, mas pretende, vou logo avisando que pode
considerar spoiler os comentários dos dois parágrafos abaixo.
O título original do livro é Mocingjay, numa
clara referência ao símbolo da revolta popular que explode irreversivelmente
neste volume. A versão brasileira ganhou o nome “A Esperança” e, confesso,
estou tentando entender o porque.
Senti muitas coisas durante a leitura, mas
esperança certamente não foi uma delas. Antes o contrário, o livro é muito
depressivo, pessimista e tece uma trama de desesperança, na qual acabamos
conformados, massacrados, sem saída e não diante de algo promissor. Me senti enganada com esse título e
despreparada para o rumo dos acontecimentos, olho para ele e ainda me parece
uma pegadinha de mal gosto.
Quem acompanha a Série Beautiful Creatures
está curioso sobre o título do terceiro volume na versão tupiniquim (olha eu
aqui o/). Os livros originais possuem uma ordem própria idealizada pelos
autores que refletem o fluxo dos acontecimentos da saga, além de serem muito
criativos e interessantes. Dessa forma, temos a seguinte concepção: Beautiful
Creatures (Lindas Criaturas); Beautiful Darkness (Linda Escuridão); Beautiful
Chaos (Lindo Caos) e; Beautiful Redemption (Linda Redenção).
O primeiro volume ficou com o título adaptado Dezesseis Luas
e, embora tenha fugido totalmente da proposta, inclusive a minimizando, é
coerente com o livro em si. O segundo foi chamado de Dezessete Luas e ainda consegue
manter alguma coerência. No entanto, o rumo dos acontecimentos na saga foi
surpreendente e original (o que me fez gostar ainda mais por não cair numa
repetição/enrolação sem sentido), assim, chegamos num momento em que Caos
reflete a coisa toda de forma excepcional, enquanto Dezoito Luas pode até vir a
ser inviável. Nesse caso, o principal problema não foi o nome do primeiro
volume, mas a sugestão de continuidade que se estabeleceu com o nome do segundo
volume e que não precisava ter acontecido, pois a leitura deste já deixa claro o que poderia vir a acontecer.
Ainda lembro de estar totalmente mergulhada
nas obras de Stephen King e me deparar com o livro “A Coisa”. Para quem não
conhece, era uma edição antiga, cor de rosa, com dois volumes enormes que me
deixaram tremendo de ansiedade. E se você não conhece, mas tenciona conhecer,
terríveis spoilers no parágrafo abaixo.
Comecei a ler certa de que era sobre um
ataque de aranhas. Quanto mais eu lia, menos eu queria acreditar em qual a
proposta daquela capa até que, enfim, meu queixo caiu e, SIM!, a capa era o
maior spoiler do mundo, aquele que te conta o fim do fim de um livro de
suspense sem deixar mais nada para a imaginação. Pior que a capa é horrorosa,
mas o livro tinha tanta coisa interessante para usar sem estragar a surpresa
(como nosso querido Penny, que ainda me impõe muito mais terror)! Nunca consegui digerir muito bem o fato da "coisa" no final ter o aspecto de uma aranha e só vim a entender isso muitos anos depois quando li que SK tem pavor de aranhas. Que tipo de
psicopata coloca um spoiler desses na capa? Interna faz o favor?
Trocando uma idéia com meu querido amigo Leo Gravena,
rapidamente obtive um relato também indignante e tenho que compartilhar aqui.
Com certeza só não me ocorreu porque não conferi a saga da Sookie Stakhouse (ainda?).
Ele conta que:
“Os livros
da coleção “Sookie Stakhouse Novels” ou “Southern Vampire Mysteries” que deram
origem ao hit True Blood são outro caso de doer os olhos. Primeiro que o titulo
das adaptações são terríveis, nos originais a autora sempre opta por ter a
palavra “Dead” (Morto) no título para fazer uma referencia aos vampiros, coisa
que é totalmente abandonada pelos tradutores e títulos como “Dead as a Doornail”
(Algo parecido com: Morto Como uma Porta), acabam virando “Olhos de Pantera”,
ou então “Definitely Dead” (Definitivamente Morto) virou “Vampiros Para
Sempre”.
Outro fator terrível
são as capas. Enquanto as originais passam um ar de desenhos infantis obscuros,
totalmente condizentes com o ar pesado, sinistro, mas, ainda assim, bobinho dos
livros, as versões brasileiras poderiam facilmente se passar pela capa de filmes
pornô. A de “Club Dead” (Clube Morto), no Brasil, “Clube dos Vampiros”, recebeu
como capa uma imagem promocional da terceira temporada da série. Até ai tudo
bem, afinal é normal tentar lucrar mais com a venda dos livros usando imagens
da série. O único problema é que no pôster um dos personagens ainda vivo na
série, morre no começo do segundo livro; um outro mal é mencionado além ter
suas características físicas totalmente diferentes nas duas versões e, por fim;
uma das personagens da série sequer existe no livro! Sem duvidas o único que
possui tanto título quando a arte da capa mais compatível seria o “Living Dead
in Dallas”, ou “Vampiros em Dallas”, mas parece que o
responsável foi demitido por ter feito algo correto...”
Acabei de ler matéria e concordo plenamente com sua indignação. É realmente um absurdo, algo como fazer uma resenha sem ter lido o livro.
ResponderExcluirParabéns pela matéria e pelo blog!
Bel
Não é??! Sempre viajo muito nas capas e acho triste o descaso com algumas. Obrigada por compartilhar o sentimento! :D
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