quinta-feira, 7 de junho de 2012

Uglies 2 – Perfeitos - Scott Westerfeld


Sinopse: Tally finalmente é perfeita: linda, fashion e muito popular. Festas, luxo, tecnologia e liberdade não conseguem afastar uma incômoda sensação de que algo importante está errado. Então Tally recebe uma mensagem, que a faz se lembrar qual é o problema. Agora ela precisará esquecer o que sabe ou lutar para sobreviver, pois as autoridades não pretendem deixar que alguém espalhe esse tipo de informação.

Qualificação: Ótimo!!!

Resenha: Toda idéia de perfeição traz dentro de si um quê de bizarro. Pensei em Hitler e tantos outros que perseguem esse ideal desconsiderando o preço mediante o suposto fim. É difícil não relacionar essa visão futurística como um possível destino para a humanidade em alguns aspectos, o que faz os argumentos e enganos ainda mais assustadores.

Concentre-se! Não se deixe seduzir pela curtição!” (Candace – Phineas & Ferb)


Que vida intensa!! Adolescentes de beleza excepcional extravasando toda adrenalina e rebeldia, próprios da idade, com festas, bebidas, esportes radicais e sexo. Tecnologia de ponta à disposição para suprir todas as necessidades sem nenhum custo adicional? Também fazem parte do pacote! Que mais poderiam querer?

Tally conseguiu se tornar perfeita e vive tudo aquilo que sempre sonhou. Suas maiores preocupações estão na escolha do modelito do dia, da festinha mais interessante e em ser aceita pela tribo mais VIP. As cirurgias estéticas fazem parte do visual, podendo ser feitas com a facilidade com que se troca de roupa, a criatividade dos jovens não vê limites na composição dos tipos, incluindo modificações especialmente para festas. Hoje em dia já possuímos lentes de contato bem diversificadas no mercado, não há limites para a vaidade.

Foi muito divertido imaginar todas as facilidades da “cidade dos prazeres” e fácil entender porque tudo parecia perfeito. O que foram aquelas cirurgias de pupila, tatuagens dinâmicas, ou as especiais de expressões para festa com tempo de duração?? Sem contar que a cirurgia geral dos 16 anos inclui elementos que fortalecem os músculos, o metabolismo, os ossos, a imunidade, ou seja, não se restringe ao lado estético na busca da perfeição. Claro que, embora pareça gratuito e disponível a todos, o preço é bem alto: danos cerebrais que transformam a pessoa em alguém submisso, passivo, e sem clareza de raciocínio, entre outras coisas. E agora, como faz??

Tally está bem e já não se lembra de muita coisa do período que fugiu para a Fumaça, o que vai dificultar um pouco a execução do plano original de testar a cura. Porém o grande lance deste volume atende pelo nome de Zane, com sua beleza excepcional, sua compreensão daquilo que estava acontecendo e seu plano de permanecer borbulhante.

Se no primeiro volume David guiou Tally na descoberta de si mesma e do mundo “enfumaçado”, neste é Zane o parceiro que lhe fará entender a vida na cidade e os seus efeitos atordoantes, além de lhe ajudar a conseguir clarear a mente para pensar ou mesmo desejar sair da letargia.

A relação com Zane é muito mais intensa do que foi com David. Viver uma farsa compartilhada apenas pelos dois o tempo todo faz com que se aproximem em todos os sentidos, criando uma linguagem particular, muitos momentos de um significativo silêncio, a necessidade de estarem no mesmo espaço, de quer e buscar um ao outro em todas as circunstâncias. Assim, ouso afirmar que minha preferência passa a tender pela manutenção do casal, unido pela circunstância, mas também por um laço muito profundo, de constante perigo, stress, jogos psicológicos que os faz uma dupla incrível.

Muito reveladora e interessante a conversa em que a Dra Cable convida Tally para integrar as “Circunstâncias Especiais”, mais até do que isso, a conversa é realmente bem fundamentada e a pessoa tem que ter muita convicção para não ser convencida. É nesse momento que a gente começa a desejar que aconteça o próximo passo, aquele que nos espera no volume 3, mesmo sabendo que o horror vai aumentar proporcionalmente. Perceba se algo não soa familiar:

“Nós estamos sob controle, Tally, graças à operação. Largados à própria sorte, os seres humanos são uma praga. Eles se multiplicam sem controle, consomem todos os recursos naturais, destroem tudo em que botam as mãos. Sem a operação, os seres humanos sempre se tornam Enferrujados.” – Dra Cable
Enquanto a cura não chega para todos, os jovens se envolvem em situações cada vez mais limítrofes para conseguir se manter no estado borbulhante, em que a vida adquire contornos mais vívidos, emoções mais intensas e mente mais ativa, ou seja, que eles se sentem no controle de si mesmos. Ainda lidando com os efeitos colaterais da medicação, Tally e Zane  precisam encontrar uma forma de trazer a cura para os outros antes que os outros se machuquem de forma irreversível e que as autoridades consigam descobrir a verdade e atrapalhar os planos.

Torço muito para que resolvam fazer uma adaptação da série para as telas de cinema ou tv. Pensei nisso muitas vezes, querendo ver coisas e pessoas em tela, como o reencontro entre Tally e David, quando as pequenas imperfeições saltam aos olhos, ou as corridas nas pranchas voadoras.

Por fim, sensacional as reviravoltas finais. Sim, ansiosa pelo próximo volume!

PS: A visitinha ao “Projeto de Antropologia” também foi uma sacada genial.

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