sábado, 9 de junho de 2012

Uglies 4 – Extras - Scott Westerfeld


Sinopse: A Era da Perfeição ficou no passado. Todos são livres para ser como desejam e, nesse contexto, a fama agora é mais importante do que a beleza. Aya Fuse é uma feia de 15 anos, que também sofre por ser um Extra, pois ocupar a posição 451.611 na escala de popularidade da cidade mal lhe permite sobreviver. Mas ela está empenhada em uma matéria tão boa que irá despertar o interesse de todo mundo, incluindo alguém há muito desaparecido.

Qualificação: Ótimo!

Resenha: Vale quanto aparece! A fama é a maneira mais rápida e fácil de conseguir vantagens, pois, supostamente, quanto mais falam de você, mais importante você é para a sociedade, certo?

Uma continuação no mesmo nível dos volumes anteriores, com muitas inovações, aventuras radicais e personagens fora do comum. Chegamos ao 4° livro e temos um contexto totalmente novo e muitas descobertas a fazer.

Com a libertação é evidente que o maior problema agora é a expansão, o avanço sobre a natureza. O sistema rapidamente entra em colapso, pois a criatividade e a ambição não têm limites, exigindo cada vez mais. É por essa razão que a sociedade de Aya estabelece um novo critério para justificar a diferença no direcionamento de recursos.

O novo sistema é automatizado e calcula continuamente o valor social da pessoa baseado na repercussão entre os demais e, vale dizer que a fama é apenas um deles, pois o estudo, o trabalho, as ações de cidadania também geram recursos. Algo lhe soa familiar? As pessoas vêem e comentam mais: uma boa ação social ou a roupa de alguma celebridade que desfila pelo tapete vermelho?? Existem mais pessoas se expondo ao ridículo na internet ou participando de ações voluntárias em proteção à natureza?

Imagine um grupo de turistas japoneses. É exagero pensar num futuro em que cada um tem a sua própria câmera flutuante, seguindo seus passos e gravando tudo que ele faz? Pode até ser, mas consegui aceitar essa versão com muita facilidade.

Num mundo de cirurgias ao gosto do freguês, surgem diversas tribos, e variadas motivações, sendo a principal delas se destacar na multidão. Vale mudar de cor, chocar, brilhar, criar empatia e é interessante notar que uma parcela prefere até permanecer “avoado”. Hoje em dia já podemos nos encantar com a perfeição de alguns cosplay, imagine se a transformação pudesse ser real?! Não duvido que as pessoas fariam disso sua escolha de vida, se transformariam em personagens que admiram. Tem muita gente que iria delirar com a possibilidade de se transformar em algum personagem de mangá/anime, é só pesquisar o que essa turma já tem feito por ai para entender do que estamos falando.

Nova Perfeição é outra carga de elementos visuais para preencher o nosso imaginário. A série toda trouxe uma construção fantástica de futuro e sempre me senti meio maravilhada ao imaginar cada proposta inserida pelo autor, mesmo as mais absurdas ou bizarras. Desde as pranchas voadoras até a mansão flutuante, minha mente exultava tentando acompanhar tudo. A imagem ao lado é  um projeto do designer belga Vincent Callebaut, de uma cidade futurista destinada a abrigar “refugiados ecológicos". Lilipad, teria capacidade para 50 mil habitantes e seria um refúgio contra as vítimas de desastres ambientais, como o efeito estufa, e outras mazelas. Ficaria na órbita da terra. Se você gostou, vai se interessar em pesquisar sobre Dubai e algumas novidades tecnológicas que já são realidade. Percebi que já temos muitos desses elementos no mundo contemporâneo.

As traições são recorrentes nessa coleção e aqui continuam acontecendo. A maneira peculiar de Aya ver o mundo cria situações em que ela não consegue enxergar o óbvio, nem dimensionar os seus sentimentos ou as conseqüências daquilo que faz. Sua noção de valor foi deturpada pela realidade social e ainda acho estranha essa manutenção na separação dos pais e seus filhos adolescentes depois da libertação.

Na contramão dessa maré existem pessoas que procuram permanecer anônimas, ainda que suas ações possam alçá-las à fama. Uma forma diferente de ver e pensar o mundo talvez seja o que Aya precisa para entender melhor quem ela é e quais as coisas que realmente importam.

A nova “Circunstâncias Especiais” está de olho nos acontecimentos e situações extremas podem exigir intervenções surpreendentes.

Por fim, foi muito inteligente a maneira como o autor trabalha a questão da mídia, abordando suas diversas facetas e a forma negligente como tem sido usada atualmente. Me chamou a atenção a visão futurista de paparazzi e seu cardume de câmeras inteligentes, também a forma como uma notícia pode gerar uma porção de discussões inúteis ou causar uma comoção infundada.

PS: Decidi postar com a capa original, pois a capa da versão tupiniquim não tem nada a ver e eu não quis repetir o erro cometido com o volume 01. Até hoje não consigo deixar de achar que Tally é loira!!

Spoilers!!!

É hora de dar nome aos bois... e falar abertamente de alguns detalhes também.

Vou fugir totalmente da questão Aya para dizer que gostei de como as coisas se definiram entre Tally e David. Não é novidade que eu torcia por Zane e fiquei revoltada com sua morte, mas foi bom ver que aquela relação realmente foi intensa e Tally precisou de tempo superá-la e poder dar uma nova chance ao David. O garoto que esperou finalmente conseguiu! - o que era de se esperar desde o volume anterior, mas não foi uma coisa imediata, que invalidaria praticamente toda a história do volume 3.

Não gostei do final. Tive a sensação de que no fim, vale a pena ser famoso a qualquer custo, apesar dos paparazzi e afins, mesmo para Aya, Tally e até para as Ardilosas!! Fiquei muito desapontada com a presença da Kai/Lai na festa da Nana Love, sem falar que todas as outras estavam aproveitando a popularidade também. Além disso, o reconhecimento por Aya foi imediato, o que significa que a afirmação de que ela mudaria de rosto não passou de um blefe? Nem a pegadinha com o bolo diminuiu a sensação.

Frizz foi um personagem interessante de acompanhar. A Honestidade Radical proporcionou bons momentos, mas também levantou uma intrigante reflexão a respeito da mentira e da escolha pela verdade. Para ser famoso ele interpretou tanto e se reinventou de tantas formas que já não sabia quem era ou o que queria de verdade. No entanto, como quase tudo na vida, a verdade não é boa por si só, ela precisa de contexto para funcionar e a escolha pela sinceridade não é fácil em muitas situações.

Bom, vi uns cosplay muuuuito legais por ai! Vou só deixar mais alguns para a gente pensar na diversidade de possibilidades...

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