Qualificação: Ótimo!!
Resenha: O livro começa e ainda temos a nítida sensação de que
estamos na introdução. Não é para menos, os personagens continuam surgindo e
novas situações vão sendo apresentadas de modo a compor um pouco mais do
complexo quadro que viemos formando no primeiro volume.
O autor é eficiente em apresentar
novos lugares, personagens, situações, bem como toda motivação e contexto em
que cada uma delas está, no entanto, alguns personagens que já conhecemos e desejamos
acompanhar passam para segundo plano, dando a sensação de que a narrativa está
arrastada. Por essa razão, o livro não consegue ser excelente como o anterior.
Desde o primeiro volume tenho
construído uma visão metafórica de toda a trama enquanto jogo, à qual remonto inexoravelmente.
Quanto mais acompanhamos, mais fica evidente que a narrativa sempre acontece do
porto de vista daqueles que eu chamaria de peão, peças menos importantes que
interferem e fazem parte, mas têm sido manipulados na maior parte do tempo. Daí,
decorrem as surpresas e reviravoltas que fazem desta saga uma delícia de
acompanhar.
A passagem do cometa vermelho é
vista em toda parte e muitos significados lhe são atribuídos, mas todos
concordam que ele representa uma espécie de marco, um prenúncio de acontecimentos
importantes. È divertido ler sobre as diversas interpretações, até ficamos
intrigados querendo que haja realmente um significado e decidindo qual deles
seria.
Chegou a hora de conhecer Pedra
do Dragão, onde Stannis Baratheon - que até onde sabemos, é o legítimo herdeiro
do trono de Westeros - está planejando qual estratégia usar para reivindicar o
trono. Logo entendemos os motivos que tem levado o mesmo a manter o silêncio e
reclusão.
O grande nome deste volume é
Tyrion Lannister. O personagem, que já havia ganhado minha simpatia no volume
anterior, continua crescendo e se envolvendo de forma surpreendente em todo o
jogo de poder que está no ar.
A guerra está declarada e
prossegue tomando contornos cada vez maiores e inimagináveis.
SPOILERS!!!!!
Tyrion reina absoluto sendo o
“Mão” da vez. A indicação do pai dele é totalmente inesperada, mas uma boa
sacada do autor que nos permite acompanhar de perto o reinado Lannister e, até
certo ponto, torcer por ele. Jogando de forma mais astuta que Ned, Tyrion ataca
em várias frentes buscando conhecer quem são seus aliados e traidores, sendo
ainda a única pessoa a bater de frente com Joffrey, para alegria geral do
leitor. Varys se mostra um aliado mais interessante do que Mindinho, com boas
dicas e atitudes que contribuem para o trabalho e as aventuras de Tyrion, além
disso ainda ficamos sabendo um pouco mais sobre o eununco. Só me desapontei por
Tyrion não chegar a ver a mão morta-viva e dar a devida atenção aos
acontecimentos da Muralha.
Fiquei chocada com a trama de
Theon Greyjoy. Que alívio saber que no fim, ele não matou realmente Bran e
Rickon, mas até eu saber disso, passando pela morte de quase todos e destruição
de quase tudo em Winterfell, nutri uma aversão tão grande por ele e sua
estupidez!!! Se meteu numa enorme enrascada e todo castigo ainda foi pouco!!
Fiquei arrasada e impressionada por Martin ter ousado acabar com Winterfell,
que meio simboliza tudo de bom que havia no reino. Fiquei pensando que não
havia mais para onde as crianças voltarem e isso fez doer um bocado. Todos os
Stark me deixaram com o coração apertado. Depois de serem dispersados, seguem
destinos distintos dentro da trama. Bran até foi um rei sábio no pouco que lhe
coube reinar, mas o seu destino obviamente se encontra na capacidade de assumir
o controle de outras formas de vida e para isso que seu caminho o está
conduzindo.
Arya se torna Arry/Doninha e
continua sendo uma personagem cativante, que se adapta a cada situação e
reviravolta pelo caminho e sobrevive como pode. A possibilidade de vingança
através de Jaquen é a parte mais interessante em sua trajetória neste volume.
No entanto, a escolha dos nomes poderia ter sido mais caprichada (sim, entendo
que ela é apenas uma criança e sua sobrevivência imediata pesa nas escolhas)e a
quantidade de desencontros que ela vive começou a me cansar. Cheguei num ponto
em que não consigo mais acreditar que algo de bom vai acontecer com ela tão
cedo.
Sansa sofre um bocado nas mãos de
Joffrey e eu fico tentando me lembrar o tempo todo de que ela é fruto da
educação que recebeu, uma lady que foi ensinada a ser cordial e educada em
qualquer situação, o orgulho de qualquer mãe, mas é difícil aceitar tanta
passividade e imaturidade. O caminho da redenção é longo e eu concordo
plenamente que ela vai ter que trilhar cada pedaço dele, mas vamos concordar
que isso poderia ter sido até antecipado se ela tivesse feito o favor de
empurrar Joffrey daquela torre. Sua trajetória tem me lembrado muitas vezes “A
Bela e a Fera”, quando alvo de interesse do bêbado/bufão ou do Cão de Caça.
Catelyn continua irritante, mas
temos que reconhecer que ela avisou a Robb sobre Theon. Robb, por sinal,
praticamente não aparece mais! Só ficamos sabendo seus passos através de outras
narrativas, o que - quem sabe? - o
qualifica agora como um dos jogadores.
Do outro lado da Muralha, Jon não
tem outra alternativa a não ser se infiltrar. A morte de Quorin foi difícil,
mas o mais difícil será renegar o preto e agir como traidor, vamos ver como
será. Parece que Craster esconde um sombrio segredo, quem sabe até explique a
origem dos Outros? Fora esses momentos, a parte de Jon viajando com a patrulha
do outro lado da Muralha foi bem chatinha de acompanhar.
Stannis pra mim foi uma decepção.
Entendo a amargura dele com a falta de apoio geral e, mesmo sabendo que isso se
deve à sua personalidade dura e correta, achei que encontraria nele uma figura
mais parecida com Ned, cuja honradez ganharia minha simpatia. Ao invés disso,
ele se mostra incoerente com a imagem que o próprio Davos tem dele, cedendo ao
misticismo e domínio de Melisandre.
A trama de Deanerys é outra
decepção do volume. No clima de introdução, temos dragões bebês que mais
representam perigo do que segurança, atraindo apenas cobiça em toda parte. Foi
chato acompanhar a trajetória no deserto e a cidade de Quart foi uma promessa
que não se cumpriu. A cidade surge como um oásis que preenche o imaginário com
boas opções de personagens e mitologia, mas nada de realmente interessante se
desenrola, nem mesmo a reveladora passagem pela Casa dos Imortais conseguiu
tirar essa impressão.
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