sábado, 2 de junho de 2012

A Song of Ice and Fire - Book Two - As Crônicas de Gelo e Fogo – A Clash of Kings – A Fúria dos Reis - George R. R. Martin

Sinopse: Seis nações lutam pelo controle de uma terra dividida e pelo Trono de Ferro dos Sete Reinos, preparando-se para o embate através de magia, confusão e guerra.

Qualificação: Ótimo!!

Resenha: O livro começa e ainda temos a nítida sensação de que estamos na introdução. Não é para menos, os personagens continuam surgindo e novas situações vão sendo apresentadas de modo a compor um pouco mais do complexo quadro que viemos formando no primeiro volume.

O autor é eficiente em apresentar novos lugares, personagens, situações, bem como toda motivação e contexto em que cada uma delas está, no entanto, alguns personagens que já conhecemos e desejamos acompanhar passam para segundo plano, dando a sensação de que a narrativa está arrastada. Por essa razão, o livro não consegue ser excelente como o anterior.

Desde o primeiro volume tenho construído uma visão metafórica de toda a trama enquanto jogo, à qual remonto inexoravelmente. Quanto mais acompanhamos, mais fica evidente que a narrativa sempre acontece do porto de vista daqueles que eu chamaria de peão, peças menos importantes que interferem e fazem parte, mas têm sido manipulados na maior parte do tempo. Daí, decorrem as surpresas e reviravoltas que fazem desta saga uma delícia de acompanhar.

A passagem do cometa vermelho é vista em toda parte e muitos significados lhe são atribuídos, mas todos concordam que ele representa uma espécie de marco, um prenúncio de acontecimentos importantes. È divertido ler sobre as diversas interpretações, até ficamos intrigados querendo que haja realmente um significado e decidindo qual deles seria.

Chegou a hora de conhecer Pedra do Dragão, onde Stannis Baratheon - que até onde sabemos, é o legítimo herdeiro do trono de Westeros - está planejando qual estratégia usar para reivindicar o trono. Logo entendemos os motivos que tem levado o mesmo a manter o silêncio e reclusão.

O grande nome deste volume é Tyrion Lannister. O personagem, que já havia ganhado minha simpatia no volume anterior, continua crescendo e se envolvendo de forma surpreendente em todo o jogo de poder que está no ar.

A guerra está declarada e prossegue tomando contornos cada vez maiores e inimagináveis.

SPOILERS!!!!!

Tyrion reina absoluto sendo o “Mão” da vez. A indicação do pai dele é totalmente inesperada, mas uma boa sacada do autor que nos permite acompanhar de perto o reinado Lannister e, até certo ponto, torcer por ele. Jogando de forma mais astuta que Ned, Tyrion ataca em várias frentes buscando conhecer quem são seus aliados e traidores, sendo ainda a única pessoa a bater de frente com Joffrey, para alegria geral do leitor. Varys se mostra um aliado mais interessante do que Mindinho, com boas dicas e atitudes que contribuem para o trabalho e as aventuras de Tyrion, além disso ainda ficamos sabendo um pouco mais sobre o eununco. Só me desapontei por Tyrion não chegar a ver a mão morta-viva e dar a devida atenção aos acontecimentos da Muralha.

Fiquei chocada com a trama de Theon Greyjoy. Que alívio saber que no fim, ele não matou realmente Bran e Rickon, mas até eu saber disso, passando pela morte de quase todos e destruição de quase tudo em Winterfell, nutri uma aversão tão grande por ele e sua estupidez!!! Se meteu numa enorme enrascada e todo castigo ainda foi pouco!! Fiquei arrasada e impressionada por Martin ter ousado acabar com Winterfell, que meio simboliza tudo de bom que havia no reino. Fiquei pensando que não havia mais para onde as crianças voltarem e isso fez doer um bocado. Todos os Stark me deixaram com o coração apertado. Depois de serem dispersados, seguem destinos distintos dentro da trama. Bran até foi um rei sábio no pouco que lhe coube reinar, mas o seu destino obviamente se encontra na capacidade de assumir o controle de outras formas de vida e para isso que seu caminho o está conduzindo.

Arya se torna Arry/Doninha e continua sendo uma personagem cativante, que se adapta a cada situação e reviravolta pelo caminho e sobrevive como pode. A possibilidade de vingança através de Jaquen é a parte mais interessante em sua trajetória neste volume. No entanto, a escolha dos nomes poderia ter sido mais caprichada (sim, entendo que ela é apenas uma criança e sua sobrevivência imediata pesa nas escolhas)e a quantidade de desencontros que ela vive começou a me cansar. Cheguei num ponto em que não consigo mais acreditar que algo de bom vai acontecer com ela tão cedo.

Sansa sofre um bocado nas mãos de Joffrey e eu fico tentando me lembrar o tempo todo de que ela é fruto da educação que recebeu, uma lady que foi ensinada a ser cordial e educada em qualquer situação, o orgulho de qualquer mãe, mas é difícil aceitar tanta passividade e imaturidade. O caminho da redenção é longo e eu concordo plenamente que ela vai ter que trilhar cada pedaço dele, mas vamos concordar que isso poderia ter sido até antecipado se ela tivesse feito o favor de empurrar Joffrey daquela torre. Sua trajetória tem me lembrado muitas vezes “A Bela e a Fera”, quando alvo de interesse do bêbado/bufão ou do Cão de Caça.

Catelyn continua irritante, mas temos que reconhecer que ela avisou a Robb sobre Theon. Robb, por sinal, praticamente não aparece mais! Só ficamos sabendo seus passos através de outras narrativas, o que - quem sabe? - o qualifica agora como um dos jogadores.

Do outro lado da Muralha, Jon não tem outra alternativa a não ser se infiltrar. A morte de Quorin foi difícil, mas o mais difícil será renegar o preto e agir como traidor, vamos ver como será. Parece que Craster esconde um sombrio segredo, quem sabe até explique a origem dos Outros? Fora esses momentos, a parte de Jon viajando com a patrulha do outro lado da Muralha foi bem chatinha de acompanhar.

Stannis pra mim foi uma decepção. Entendo a amargura dele com a falta de apoio geral e, mesmo sabendo que isso se deve à sua personalidade dura e correta, achei que encontraria nele uma figura mais parecida com Ned, cuja honradez ganharia minha simpatia. Ao invés disso, ele se mostra incoerente com a imagem que o próprio Davos tem dele, cedendo ao misticismo e domínio de Melisandre.

A trama de Deanerys é outra decepção do volume. No clima de introdução, temos dragões bebês que mais representam perigo do que segurança, atraindo apenas cobiça em toda parte. Foi chato acompanhar a trajetória no deserto e a cidade de Quart foi uma promessa que não se cumpriu. A cidade surge como um oásis que preenche o imaginário com boas opções de personagens e mitologia, mas nada de realmente interessante se desenrola, nem mesmo a reveladora passagem pela Casa dos Imortais conseguiu tirar essa impressão.

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